Vem
Faculdade,
Com a grade,
Mas tem nota ruim
Numa universidade
Não ingressa assim...
Tem?
Tem mestre dado zero pra você?
Tem boletim falhado? Vamos ver
Tem tema de regência para revisar,
Decorar!
Então, vem!
Vem colocar uma preposição
Vem botar com o verbo; regra não
Vem para todos eles! Pode variar
Ao usar
E
Como "ajudar"
Virá o "assistir", mas
Preposição seguirá dispensando
E
Se simbolizar
"Olhar" ou "acompanhar",
Preposição "a" segue colocando
PENSAMENTOS SEM O MENOR SENTIDO- SEJAM ELES WEB NOVELAS, PARÓDIAS, ROTEIROS, ENCARTES FAN MADE OU QUALQUER COISA QUE EU INVENTE DE FAZER.
28/11/2015
31/10/2015
INTEGRIDADE/ CAPÍTULO 17
-Lavínia, por favor. Tudo tem uma explicação.
-Claro que tem! Você é engenheiro, certamente
estava estudando a planta do corpo dela a olho nu!- que frase tosca foi essa?-
Agora, eu não consigo acreditar que eu tenha sido traída também por você! Você também,
Amparo!
-Qual é o problema, Lavínia? Pelo que eu
saiba, Caíque te prometeu fidelidade, e não exclusividade.
-E eu prometo meter a mão na tua cara,
vagabunda!- Lavínia agride a diretora com duas bofetadas, e Caíque tenta
contê-la- Me solta!
-Para com isso, você tá descontrolada!
-Você não viu foi nada, meu amor! Nada! Eu
poderia quebrar essa joça toda aqui, mas me contento só em destruir você e essa
piranha diplomada! A filha da mãe disse pra Maribel que foi comprar pipoca! Eu
sei bem o que essa vaca foi procurar!
-Olha aqui, não adiantar me chamar de todos
os animais do zoológico. Seu marido está aqui comigo, e não veio obrigado, não!
-Eu não sei qual dos dois é o mais hipócrita.
Se você, que se fez de minha amiga esse tempo todo, ou ele!
-Lavínia, por favor... Nunca foi minha
intenção de te magoar. Você é minha amiga, minha confidente... E tem mais uma
coisa: eu nunca pedi pro Caíque se separar de você. Nunca tive a intenção de pedir
que ele te deixasse pra ficar comigo, apesar de amá-lo como nunca amei homem
nenhum.
-Até onde o seu cinismo te permite ir, Maria
do Amparo Costa Veloso?
-Opa, Maria, não!
-Agora eu entendo por que fui afastada da
escola. Seu problema comigo não tinha nada a ver com Felipe, nem com essa
gestão absurda que a gente é obrigada a aceitar: uma vingança pessoal.
-Por que eu faria isso? Não misturo as esferas,
ao contrário do que você pensa.
-Claro que faz! Porque mesmo com um casamento
em crise, Caíque não se separava de mim. Ele precisa de uma esposa, alguém que
perante a sociedade pareça aprazível, amável. E por mais que ele goste de você,
ele não me abandonaria... Ao contrário do que você tanto quer e deseja. E se você
ainda não percebeu, ele é o Caíque Porto de Machado, o maior engenheiro do
estado, e o que quer destruir o maior monumento dessa cidade: o Cais Tomé
Israelita!
-Alguém aí falou em Cais Tomé Israelita?- uma
gama de jornalistas, chefiados pela repórter da imprensa marrom Ludmila, entram
no Hotel Pineapple.
-Quem é você?- Caíque se cobre com o lençol.
-Prazer, meu nome é Ludmila, mas pode me
chamar de Ludmilla, porque é hoje, meu bem! É hoje que estamos diante do maior
escândalo de foro íntimo do estado! Imagina se eu vendo essa notícia pro blog
da Fabíola Reipert!
-Fabíola Reipert? Mas eu nem sou celebridade!
-Mas teu amante é subcelebridade, e pra mim é
isso que importa. Quer dizer que o engenheiro que quer tanto expulsar os
cracudos do cais tem um caso com a diretora da Escola de Referência em Ensino
Médio Antonio Nipo? Arebabado fortíssimo!
-Como é que você sabe que eu sou diretora da
Escola de Referência em Ensino Médio Antonio Nipo?
-Wikipédia, meu bem. E eu tinha que decorar
esse nome grande, porque senão o último capítulo não teria graça nenhuma.
Agora, vamos partir para uma pergunta mais indiscreta: o que você achou dos
surtos do Théo Becker na "Fazenda"?
-É demais pra mim! Chega de tanta
perversidade, de tanta baixaria. Já aguentei demais por hoje!- declara Lavínia,
seguida de Caíque enrolado no lençol.
-Lavínia, me espera! Por favor, meu amor, me
dá mais uma chance!
-Tá certo, Caíque. Eu vou te dar mais trinta
minutos e você vai arrumar a sua mala e não deixar um vestígio sequer no meu
apartamento. Depois disso, faça o favor de desaparecer da minha vida!- Lavínia
se retira do recinto EM meio aos flashes.
Felipe finalmente chega ao hospital e consegue
ver a tia, que já está consciente. O médico avisa:
-Não demore muito, nós temos que transferi-la
o mais rápido possível.
-Valeu, Doutor. Como é que a senhora tá?
-Eu vou melhorar, Felipe. Mas e você?
-O que é que tem eu, Tia?
-Quando é que você vai melhorar?
-A senhora não tá falando coisa com coisa,
deve ser por causa da medicação...
-Não, Felipe. Eu sei o que eu estou dizendo.
Sei porque eu quase morri hoje de manhã.
-Tia, não diz uma coisa dessa de novo...
-Você me ama, Felipe?
-Que pergunta é essa, Tia? Se não fosse a
senhora, eu acho que não ia aguentar sozinho.
-E o que você quer, então? Ficar sozinho?
Você não vai conseguir o respeito de ninguém colocando medo nos outros,
mandando na vida dos outros. Tente se recuperar, se ver livre do mal que você
fez aos outros. Não faça por mim, por Rayane... Faça por você.
-E se ninguém me desculpar pelo que eu fiz?
-Pense em você agora, como sempre fez. Você é
feliz sendo do jeito que é?
A campainha do apartamento de Lavínia toca. Irritada,
ela atende: é o marido.
-Por que eu não estou conseguindo abrir com a
minha chave?
-Porque já chamei o chaveiro e ele trocou a
fechadura. Eficiente ele, não?
-Você não pode fazer isso comigo, Lavínia.
Não tem esse direito...
-E o seu? Hein? Qual é o seu direito, hein, Caíque?
De rir da minha cara, por todas as vezes que eu tentei recomeçar essa droga de
casamento, refestelado numa cama com aquela vagabunda?
-Não fala assim da Amparo!
Após o choque com a defesa do marido, Lavínia
volta ao comportamento agressivo e bate no rosto de Caíque.
-Nunca mais pronuncie o nome daquela vadia
dentro da minha casa. E não se preocupe, porque eu já fiz o seu trabalho. Eu
mesma arrumei as malas pra não sobrar nada seu aqui dentro da minha casa!
-Sua casa? Ou melhor dizendo: o apartamento
que eu mesmo comprei, com o meu dinheiro? Aquela merreca que você ganha deu pra
comprar o quê até hoje? Uma caixa de sapato? Se engana se acha que eu vou
arredar o pé daqui, Lavínia. Isso daqui é tanto meu quanto seu, e se você se
sente extremamente incomodada com a minha presença, suma você daqui!
-Não acredito que você tá falando sério!
-Se você tivesse um pouco de juízo nessa sua
cabeça oca, ia saber que seu showzinho acabou com a minha vida profissional!
-E você desgastou a minha vida pessoal!
-Dane-se ela! Eu já amei muito você, fui
louco de uma forma que pensava que não podia viver sem você, mas agora acabou!
Não me peça pra mentir, porque eu não sinto mais nada! A não ser ódio do que
você fez comigo hoje. Eu juro que você vai me pagar por tudo o que aconteceu
comigo!
-Obrigada. Muito obrigada!- diz, com lágrimas
nos olhos- Tudo o que eu queria, Caíque, era que você fosse sincero comigo,
acabasse com esse sofrimento. Agora eu não tenho mais dúvidas sobre o que você
sente por mim. Nada. Tudo bem. Eu vou tomar um banho e, quando eu sair, eu vou
arrumar minhas coisas. Se tem uma coisa que você não vai mais ter que fazer é
ouvir falar de mim.
Lavínia entra no banheiro, tira a roupa e
liga o chuveiro.
-Ela acabou com a minha vida. Mas isso não
vai ficar assim.
Descontrolado, o engenheiro corre até a
cozinha e pega uma faca. Anda lentamente até o banheiro, com cuidado para que
os seus passos não sejam escutados. Ouve-se apenas o chuveiro ligado. Abre a
cortina com cuidado, para que a esposa não possa ouvi-lo. Encontra-a com as
mãos na cabeça, ao chão, chorando bastante, debaixo do chuveiro, e revelando o
texto da tatuagem que ele jamais notou:
-Minha
Blusa
Que
Você
Adora
E
É
Um
Pano
Sem
Nenhum
Valor
O
Jornal
Que
Você
Guarda
Ao
Ler
Se
Tanta
Coisa
Lembra
O
Nosso
Amor...
Afasta-se de Lavínia, que não o nota, e volta
para a cozinha, largando a faca e caindo em prantos ao finalmente entender o
que quanto sua esposa precisava de sua companhia e como ele encerrou aquele
casamento.
Sábado, 17 de outubro de 2015...
Lavínia, Fred e Xande e Gabriel estão
acenando para Rayane, que está embarcando com os outros nove alunos da escola
que vocês sabem o nome para a Suíça. Dizem os novelistas que há vários bancos
lá... Mas quem se importa?
Os personagens que conhecemos estão
emocionados com a partida da garota. Mas não mais do que Felipe, que chega
correndo pra se desculpar com a jovem pelo que disse e fez.
-Cadê Rayane? Cadê a Ray?
-Ela já embarcou, Felipe- Gabriel esclarece a
situação.
-Eu não acredito... Eu não acredito que perdi
ela de vez... – o jovem pranteia até demais para uma gênese como a sua.
-Felipe.
-O que é, Xande?
-Rayane deixou uma carta pra nós dois. Eu
queria ler, mas ela disse que só era pra abrir com você, e depois que ela
tivesse ido embora. Toma.
Felipe segura a carta, com medo do que ela
possa ter escrito. Os outros observam com aflição.
-Meus dois amores... Eu sabia que seria
difícil de encarar vocês na hora da despedida e resolvi contar uma coisa que
ninguém sabe sobre mim. Decidi dar um rumo novo pra minha vida, e essa viagem
eu sei que vai me ajudar, porque eu não vou voltar sozinha.
-Sozinha? Mas ela vem com quem, então? Só se
for com os outros do intercâmbio...
-Fica quieto, Gabriel, não tá vendo que tem
uma narração em off da carta em pleno aeroporto?- Fred volta a dar humor a essa
trama.
-Depois de tudo que aconteceu, eu descobri
que a prioridade da minha vida não pode ser eu sozinha, e foi pro isso que eu
menti pra todos. A verdade é que o médico me disse que a minha gravidez, por
estar bem no começo, é de risco. Com medo do que podia descobrir, resolvi
mentir pra todos e aceitar a oportunidade do intercâmbio. Não quero que se preocupem,
que sintam pena de mim, que tentem me ajudar. Essa criança é minha
responsabilidade, e desde que eu fiquei sabendo que ela existia, comecei a amar
ela mais do que amo a vocês. Quero me desculpar por ter escondido a verdade,
mas quero também que pensem que eu vou voltar mais feliz, com um novo motivo
pra sorrir. Obrigado a você, Xande, por me proteger e me amar tanto. E obrigado
a você, Felipe, pois sem você, esse meu presente não ia existir. Um beijo pra
todos. Rayane.
Gabriel se aproxima de Felipe e, sem dizer
uma palavra sequer, toma a iniciativa de consolá-lo diante da revelação da
carta. Lavínia e Fred abraçam Xande.
Segunda-feira, 19 de outubro de 2015...
Tomando um suco de goiaba no Gigabyte (não,
não é nesse lugar), Felipe e Gabriel estão refletindo sobre a partida de Rayane.
-Ela tirou meu chão. Ainda não tô acreditando
que ela foi embora sem se despedir, e ainda mais escondendo que tá grávida.
-Você ia fazer o quê se ela tivesse aqui?
-Eu? Não faço a menor ideia.
-Pois é. Mas alguém tinha que pensar nesse
filho. Sobrou pra Rayane.
-O pior é que eu escutei o que minha tia
disse. Resolvi consertar meus erros com os outros.
-Olha, Felipe, além da Rayane, tem outra
pessoa com que você vacilou muito, e vai ter que arrumar.
É. Eu sei bem de quem tu "tá" falando.
Mas como é que eu faço?
-Olha, eu tive uma ideia. Só que pra isso, eu
vou ter que usar todo seu poder de persuasão.
-Lascou!
Júlia, a professora linha-dura de Fred,
recebe Felipe e Gabriel em sua sala.
-Eu vim aqui pra pedir que a senhora deixe
Fred voltar pra minha turma. A culpa foi minha.
-Eu admiro a sua integridade, a sua
hombridade de assumir o seu erro. Aliás, eu admirei muito isso no próprio
Frederico quando ele veio me contar isso, mas...
-Por favor, tia...
-Não sou sua tia!
-Fred é o melhor professor que a gente já teve,
melhor até do que a Lavínia na menopausa.
-Não exagera, Felipe. Não carrega as tintas
desse personagem.
-Se a senhora quiser, eu peço pra galera até um
abaixo-assinado da turma pedindo a volta do professor.
-Tudo bem. Tendo em vista o bom comportamento
e o empenho em me tentar entregar um plano de aula decente, vou liberar Fred,
mas por um único motivo.
-Qual?
-Eu quero sentar no meu sofá e acompanhar as emoções
desse último capítulo, que está bombando no Twitter.
-Valeu, "fessora"!- Felipe abraça
Júlia, e esta logo exclama:
-Detesto vilões redimidos!
Terça-feira, 20 de outubro de 2015...
Lavínia volta à escola e atrai a atenção dos
demais alunos. Bernardo e Vivi comentam.
-Quem diria, hein? Felipe tanto fez, mas ela
voltou pra sala de aula.
-Ih, maninho. Nem se iluda. A Secretaria de
Educação chamou Lavínia pra ela assumir o cargo de diretora.
-Como assim, Bial?
-Como assim? Depois que vazou aquele escândalo
da Amparo com o marido dela, a Secretaria de Educação pensou que ela tinha
afastado Lavínia por misturar pessoal com profissional. Resumindo: se ferrou!
-E o marido dela? O tal engenheiro?
-Tá passando direto na televisão! Ele tentou
impedir na justiça o tal tombamento do cais, e os manifestantes destruíram a
casa dele. Tá no olho do furacão!
-Bem-feito pra ele. A coitada da Lavínia tá
tendo que se virar. Adivinha onde ela tá morando?
-Onde?
-Na casa de Felipe.
-Mentira, né? Que babado é esse?
-Lembra a tia de Felipe, que enfartou? Pois
é: ficou com pena da Lavínia e levou ela pra casa. Agora, Felipe, que tanto fez
pra se livrar dela, tá morando na mesma casa que ela.
-Que final corrido. Eu tô me sentindo na Manchete!
-É porque vem mais coisa por aí- Bernardo
ouve o sinal tocar- Vamos pra sala.
Felipe chega bem na hora, e é parado pela
nova diretora.
-Bem-vindo à nova era da Erem Antonio Nipo,
Felipe.
-Valeu, professora.
-Ah, antes de você entrar, eu queria só te
avisar de uma coisa.
-Pode falar.
-Se antes eu estava de olho em você, agora
estou pior ainda.
-Glup!
-Pode ir pra sala. Seu irmão está lá dentro.
-Gabriel? Mas o que ele tá fazendo aqui?
-O professor de português o convidou para uma
aula prática.
Fred entra na sala de aula e é recepcionado
calorosamente pelos alunos.
-Depois de quase quatro anos de faculdade,
você não sabem como é bom ouvir isso. E só pra constar: agora eu recebo salário
sem ser concursado! Pense numa coisa boa!
-Seja bem-vindo, Professor.
-Obrigado, Xande. Mas eu quero agradecer a
três pessoas pela minha volta. A primeira é a Lavínia, pelo convite pra assumir
o 3º Ano "A"; a Felipe, por ter intercedido por mim lá na faculdade;
e ao meu mais novo amigo, Gabriel, que cresceu bastante com jornalista e como irmão
nesse período de poucas semanas. Mas eu quero fazer uma homenagem a uma pessoa.
Ou melhor: essa pessoa vai receber um convite.
-Curiosidade já tá coçando, Fred. Quem é que
vai receber esse convite?
-Gabriel, você conhece alguém chamado
Henrique?
-Conheço. Melhor do que eu mesmo.
-Pois é. Esse Henrique deixou uma pessoa e
uma decisão pra trás. Mas hoje ele vai ter que responder. Lavínia e Xande, venham pra cá, pra frente. Vivi,
vem também pra cá- os três ficam em frente à lousa, e o jornalista é surpreendido
com a entrada da noiva na sala, acompanhada por um juiz de paz, e uns poucos convidados
que saem da sala dos professores.
-Eu disse que te daria todo o tempo do mundo.
Mas eu não consigo. Tenho que te perguntar se você, Henrique Soares Nunes,
ainda quer dividir sua vida ao meu lado.
-Se eu disser que aceito, a gente se casa
agora mesmo?
-Trouxe o juiz já pra isso!
-Mas aqui?
-Você tem outra, por acaso?
-Claro que não, que pergunta!
-Então, cala a boca e me beija!
-Ainda não!- o juiz toma a palavra- Vamos
resolver essa questão aqui mesmo. Ariela Ramos de Oliveira, aceita Henrique
Soares Nunes, cujo nome de guerra é Gabriel Arenas, como esposo para amá-lo e
respeitá-lo todos os dias de sua vida?
-Aceito.
-Henrique Soares Nunes, aceita Ariela Ramos
de Oliveira, aquela que você deixou plantada no primeiro capítulo, para ser sua
legítima esposa, e promete amá-la e respeitá-la todos os dias da sua vida?
-Sim. E eu me só me aceito se tiver do lado
dela.
-Então, pelos poderes a mim investidos e todo
aquele blá blá blá da Anitta, eu vos declaro marido e mulher. Já podem se
beijar e ligar o ventilador, que essa sala está um mormaço.
-Beija! Beija! Beija! Beija!- se os noivos
não aceitassem o clamor popular, eu poderia jurar que os alunos cantariam
aquela popular canção de 1995 chamada "Salada Mixta".
-Adoro finais felizes- Fred seca o rolo do
papel higiênico, porque chorou muito em 2015.
-Calma aí: casamento sem foto não é
casamento!
-Tem razão, Lavínia. Vamos pra fachada do
colégio fazer a foto oficial da cerimônia.
-E isso pode ir pro Instagram à vontade!- declara
a nova diretora.
-Vamos lá pra fora, povo!- todos acatam a
ideia do professor e saem junto com os noivos. Fred pega o celular com câmera
frontal e sobe numa cadeira quebrada abandonada na calçada. Os presentes ficam
atrás do jovem em posição de selfie (com um bico e agachados feitos sapos)-
Todo mundo gritando "paçoca"!
-PAÇOCA!
EM
TEMPO:
Antonio
Nipo, que batiza a escola onde se passa a estória, é um físico e filósofo nascido
em 1897, responsável por fomentar a cultura da idade média e por publicar
livros sobre a belicosidade em formato de papiros. Por sua contribuição ao
contar quantas vezes a Gretchen casou, recebeu o Prêmio Nobel de Divagação. Atualmente
reside em Tóquio, sua terra natal, e sobrevive de causas naturais esperando o
resultado do Enem 2015.
FIM
30/10/2015
INTEGRIDADE/ CAPÍTULO 16
-Gabriel, chama uma ambulância pra Zilda! Por
favor!
-Eu vou ligar pro 192! Alguém precisa ir com
ela!
-Eu! Eu vou com ela, eu não posso deixar ela
sozinha!
-Mas, Felipe, você tem que pegar os
documentos dela, a carteira de identidade e levar pro hospital.
-Só se eu for em casa!
-Me diz o endereço e a gente vai junto-
Gabriel se oferece para o favor.
-Com você, eu não vou pra canto nenhum!
-Felipe, por favor, eu vou com ela e você vai
com Gabriel pra pegar os documentos da Zilda! Só que a gente não pode perder
tempo! Aceita a ajuda dele!
-Ela ficou assim por causa dele!
-Para de arrumar confusão com todo mundo! Será
que você não entende que ela pode morrer? Deixa de ser orgulhoso e aceita a
ajuda dele!
-Tá! Liga pra ambulância, rápido!
Gabriel e Felipe vão até o quarto da
empregada e reviram todas as gavetas atrás da documentação de Zilda. Em dado
momento, o estudante senta na cama da tia e começa a chorar.
-A culpa é minha. Ela vai morrer e a culpa
vai ser minha.
-Não pensa nisso agora. Eu também tenho culpa.
Queria que você fosse humilhado, do mesmo jeito que Fred e Lavínia foram.
-Eu não vou aguentar. Primeiro a minha mãe,
agora ela...
-Não vai acontecer nada.
-Já aconteceu. E a minha vida ia ser bem
diferente se minha mãe...
-Continua. O que você ia dizer?
-Se minha mãe não tivesse dado em cima
daquele desgraçado do Norberto!
-Norberto?
-Norberto Nunes. Meu pai.
-Espera. Você disse que... Não, não é
possível. Você tem certeza de que o Norberto Nunes é teu pai?
-Tenho. A minha mãe teve um caso com ele. Mas
ele deixou ela por causa da mulher e do filho...
-Você tá de brincadeira comigo.
-Não tô, não. Você vai saber da minha estória
agora.
Lavínia está aflita, à espera de informações
sobre Zilda. O médico volta da emergência.
-O senhor tem alguma notícia dela, Doutor?
-Sim. A equipe médica constatou que sua
empregada sofreu um princípio de enfarte.
-Ai, não.
-Como se pode supor, ela terá de ficar em
repouso, e evitar emoções fortes.
-Isso vai ser bem difícil, pelo que ela
sofreu. Mas ela ainda corre risco?
-Infelizmente, não temos estrutura para
mantê-la aqui. Mas eu já entrei em contato para que ela seja transferida ainda
hoje para um hospital. E apesar do que houve, Dona Zilda está consciente. Não
se preocupe. Ela vai se salvar.
-Ai, obrigada, Doutor!- Lavínia abraça o
médico- E pra onde vão levá-la?
-Para o Pronto-socorro Cardiológico, que é
perto daqui.
-Acabei deixando meu celular em casa. Vou ter
de avisar ao Felipe que ela vai ser transferida, e pegar meu celular.
-Como vai fazer pra avisar a esse Felipe?
-Eu vou pegar um táxi. E vou aproveitar
também pra saber por que os meninos estão demorando tanto.
O diálogo revelador prossegue.
-Há muitos anos, esse Norberto Nunes atuava
como empresário. Era dono de uma boate que fechou até esse ano mesmo, uma tal
de Lust. Ele agenciava mulheres e menores de idade pra prostituição. Uma dessas
mulheres era a minha mãe.
-Quer dizer que ela virou garota de programa
por causa dele?
-Mais que isso. Ela se apaixonou pelo
miserável, e engravidou dele.
-E ele?
-De início, pediu pra ela abortar. Disse que era
viúvo, que tinha um filho pequeno, e que não ia ajudar minha mãe.
-E depois disso, eles não se viram mais?
-Norberto concordou em dar uma esmola pra
calar a boca da minha mãe. O tempo foi passando, e ele foi protegendo ela cada
vez mais.
-Mas sua mãe era envolvida com alguma coisa
errada? Tô perguntando por causa da arma.
-Foi ele que deu. Ele ficou preocupado que
alguém descobrisse o caso deles e quisesse chantagear. Por isso deu o revólver,
e ensinou ela a atirar. Mas ela tinha pavor daquele trambolho e jogou as balas
fora.
-E você teve contato com ele?
-Nunca veio me ver. Tudo o que eu sei dele
foi Tia Zilda que contou. Mas se a coisa era ruim, piorou muito depois que ele
conheceu a segunda mulher. Aí, ele cortou o pagamento que fazia, acabou o caso
com ela... Fingiu que a gente era pior que lixo. Disse pra minha mãe que agora
só queria saber da nova esposa e do filho. Ela foi adoecendo, murchando e...
Até que morreu de tristeza, desgosto, ódio por ele. Carreguei isso comigo.
Quando eu soube que a esposa dele morreu num acidente, eu até ri, sabia? Foi
como se a morte dela tivesse servido pra alguma coisa. Pena o outro filho dele
não ter ficado naquele carro, preso... Até morrer!
-Para! Ele mentiu pra você. Ele não te deu
amor só porque gostava do filho! O Norberto só conseguia amar a esposa, a
Vilma. Você pensou que ele prestava e se voltou contra sua mãe por causa da
esposa? Não, Felipe. Todo esse ódio que você guarda não vale a pena. Ele não
quis ser pai do outro filho, nem seu. E sabe qual é o pior de tudo? É que esses
dois filhos não sabem fazer outra coisa além de amar esse pai, como se um dia
ele tivesse sido capaz de dar amor pros dois.
-Por que tu tá falando desse jeito?
-Tá na hora de você saber da verdade.
-Que verdade?
-Eu sou o outro filho dele.
-Mentira. Seu nome é Gabriel. O outro se
chama...
-Henrique Soares Nunes. Eu assumi outra
identidade pra fugir das lembranças que ele me trazia. E comecei a usar esse
nome pra trabalhar num lugar que ninguém pudesse me reconhecer. Só quem passou
por esse rastro de destruição que foi a falta de amor do meu pai sabe o que é
chamar a atenção de alguém e não sentir nada de volta.
-Quer dizer que a gente é irmão? Meio-irmão?
-Família é o que a gente constrói ao longo da
vida. Você acha que a gente ainda pode ser uma família, Felipe?
-A gente se odeia demais pra isso. E se a
minha tia morrer por sua culpa, aí é que eu me esqueço quem você é. Porque pra
acabar com você, não me tá custando!
No táxi, Lavínia apressa o motorista.
-Por favor, senhor. Eu não tenho muito tempo!
-O trânsito também não ajuda. Vai ver quem a
senhora tá procurando tá no engarrafamento.
-Tá num hotel!
-Como é que é a estória?
A professora se choca ao avistar o carro de
seu marido estacionado na porta do Hotel Pineapple.
-O que você tá fazendo aqui, infeliz?
-Indo pelo caminho mais curto, dona.
-Sai daí!
-Mas não dá! Tô mais encoxado que transporte
público em dia de jogo!
-Não é com você, palerma! Quanto é que eu te
devo.
-Vinte reais e um dicionário, porque eu não
sei o que é palerma!
-Tá aqui- entrega-lhe o dinheiro- Eu vou
descobrir com quem esse engenheiro de araque marcou uma reunião. E o principal:
desmascarar a maldita da Bonequinha Japonesa!
Repousando, Rayane recebe
a visita de seu irmão no quarto.
-Então, a tia dele enfartou?
-Parece que sim.
-Tomara que ela se
recupere logo.
-Ray... Tem uma coisa que
eu preciso te contar.
-Olha, se for do Felipe...
-Não, escuta. Eu fui até a
sala da Amparo, a pedido do Fred, e descobri uma coisa.
-Fala, Xande, tá me dando
angústia!
-O Governo do Estado já
selecionou os dez alunos que vão pro intercâmbio na Suíça.
-E o que é que tem?
-O secretário ligou e eu
atendi. Ele perguntou se todas as dez pessoas poderiam ser confirmadas. Eu
menti. Disse que uma delas não podia ser confirmada. Ele disse que ia incluir a
primeira pessoa da lista de espera.
-Xande... Você não foi
selecionado, foi?
-Fui, sim, Ray. E eu disse
que não podia ir pra Suíça.
-Tem noção do que você
fez? Você perdeu a oportunidade da sua vida!
-Não. Eu devolvi uma
oportunidade pra sua vida. A primeira pessoa da lista é você, Ray.
-Quer dizer que... Eu vou
pra Suíça?
Entrando no Hotel Pineapple, Lavínia é
incisiva ao falar com o camareiro.
-Professora?
-Como vai, Dante?
-Quanto tempo! Era até mesmo com a senhora
que eu queria falar!
-Ah, é?
-Eu queria agradecer sobre as dicas de vocativo
que a senhora me deu pelo WhatsApp. Se não fosse isso, eu não tinha passado no
concurso público pra camareiro do Hotel Pineapple e não tava ganhando quatorze
mil por mês. E também aprova prática me ajudou bastante.
-Como era?
-Ah, era só decorar o slogan do lugar.
-Que todo mundo sabe, né?
-"Hotel Pineapple: descasque esse
abacaxi e coma a maçã do amor"!- repetem juntos, para os delírios dos
leitores que estão achando o capítulo dramático!
-Exatamente.
-Já que você está em dívida comigo, vai ter
de me retribuir de alguma forma.
-Nada de favores íntimos, eu sou um homem de
família.
-Família Addams, com essas olheiras... Mas
não. Eu quero protagonizar um escândalo.
-Ah, isso pode!
-Será que tem como você abrir a porta de um
dos quartos? Eu preciso surpreender alguém: meu marido.
-O engenheiro?
-Como sabe?
-Só tem ele aqui hoje, e com uma amante
fantasiada de oriental. Uma cheia de botox chamada Bonequinha Japonesa!
-Abre a porcaria dessa porta!
E sem que peguem o elevador, Dante e Lavínia
abrem o quarto onde estão Caíque e a tal da Bonequinha Japonesa. Entretidos,
não reparam na chegada de ambos, até que...
-Posso fechar a porta, Dona Lavínia?
-Lavínia???- o traíra fica mais branco do que
a gente vendo "Plantão da Globo" na madrugada!
-Pode, sim, Dante. Obrigada! E lembre-se: o
trema cairá em desuso.
-Obrigado pela dica!
-Lavínia, eu posso explicar...
-Vai explicar como você foi capaz de dizer
essa frase tão clichê em pleno flagra de 2015, cafajeste!