-Quanto você “tá” ganhando
pra me acusar desse jeito, hein?
-Como é que você se atreve a
falar comigo desse jeito?
-Atrevimento maior é o seu,
sabia? O nome disso é abuso de poder.
-É mesmo? Por quê? Porque
está na cara que a culpa na morte do Abílio é sua?
-Então, provavelmente você
deve saber que eu fiz um curso pra aprender a preparar e detonar bombas, não é?
Claro que não sabe! Não sabe porque tudo o que “tá” dizendo agora é baseado em
suposições, suspeitas, fantasias... Delírios alimentados e patrocinados por um
cara que tem uma péssima relação com o primogênito!
-O que você pensaria se
estivesse à frente do caso?
-Não seria pago pra pensar, e
sim pra agir. Não fiz concurso pra Polícia Civil, a cabeça que tem pra
funcionar aqui é a sua! Que alguém esteja tentando acabar comigo com essas
mortes, eu não tenho mais dúvidas. Agora você comprar essas estórias... Isso
não tem cabimento nenhum!
-Como você pode me explicar o
fato de que essa bomba estava na sua sala, no prédio do Instituto Mentes?
-Já pensou que alguém pode
ter tirado de lá, da minha sala, pra me incriminar?
-Alguém quem, Bruno?
-Se eu soubesse, não tinha
passado uma madrugada inteira aqui!
-Mas você está coberto de
razão quando acha que eu posso acreditar nessa hipótese de alguém ter entrado
em sua sala. Posso, sim. Acontece que o Abílio foi assassinado por conta da
detonação dessa bomba, que estava na sua sala. E ninguém pode ter tido motivos
pra matá-lo, a não ser você.
-Prove!
-Eu acho melhor você parar de
me testar, se não quiser ficar mais um tempo aqui dentro por desacato à
autoridade...
-Quando você achar as minhas
impressões digitais no controle que acionou a bomba, aí você me joga na penitenciária
que quiser, entendeu? Vou embora daqui.
-Cuidado com o que fizer. Eu
vou vigiar você... Bem de perto!
-Se eu não disse, que fique o
registro agora: eu não tenho medo de nada! Não preciso tomar cuidado! Com
licença, senhor delegado- retira-se.
|||||
Iago surge, na mesma manhã,
na casa de Leandro e Valentina, e vem acompanhado de Novaes.
-Iago? Aconteceu alguma
coisa?
-Sua esposa está em casa?
-“Tá”, sim.
-Eu ouvi alguém me
chamando... Iago?
-Desculpa não avisar que eu
vinha pra cá, mas é porque o assunto é realmente sério.
-Alguma novidade sobre a
morte da Virna?
-Não é exatamente uma
novidade, mas é algo que eu gostaria de esclarecer.
-O que houve, Iago?
-No depoimento que o Bruno
deu sobre a morte da sua irmã, ele disse que no dia em que ela veio a óbito,
ela havia mandado um e-mail se declarando pra ele. E esse e-mail também teria
sido enviado para a esposa de Bruno, que leu isso em plena lua de mel.
-A Virna não ia fazer isso...
Tudo bem, ela “tava” louca por aquele homem, mas não a ponto de mandar e-mail
apaixonado, ainda mais no dia que ele ia se casar.
-Espera, meu amor... Talvez o
que o Bruno disse faça algum sentido.
-Pirou, Leandro? Aquele homem
quer é tirar o corpo fora, uma estória dessa não dá pra acreditar!
-Mas, Valentina, ela “tava”
apaixonada pelo cara! Quem sabe o que ela foi capaz de fazer pra chamar a
atenção dele?
-Dizer a verdade, e isso foi
um dia antes do casamento.
-Bom... Não custa nada tentar,
não é, gente?
-E como a gente faz pra
descobrir se essa estória do e-mail é séria, Iago?
-Eu trouxe o Novaes. Ele
trabalhava na área de informática da polícia, então creio que ele possa nos
ajudar.
-Mas isso vai depender de
vocês- Novaes toma a palavra.
-A gente pode acessar o
computador da sua irmã, Valentina?
-Sinceramente, duvido que vocês
achem alguma coisa...
|||||
Giovanna encerra mais uma de
suas aulas, e dispensa a turma. Uma adolescente se aproxima.
-Gostei muito da aula, viu,
professora?
-“Tava” precisando mesmo
mergulhar de cabeça no trabalho, a noite foi horrível.
-O que foi?
-Esquece. Problemas domésticos,
mas nem vale a pena falar sobre eles.
-Fiquei sabendo na internet
que teve uma mulher que a senhora falou, e que se apresentou aqui em Recife. Se
eu não me engano, foi na semana passada.
-A Cecília Kerche?
-É, “tava” tentando me
lembrar do nome.
-Sabe que eu guardo um livro
sobre ela, uma biografia? Se quiser, eu te empresto, Jéssica.
-Sério mesmo?
-Claro, menina! Se tivesse me
falado, eu tinha emprestado há mais tempo.
-Prometo que num instante eu
devolvo.
-Não tem pressa, leia à
vontade. Tem como pegar uma cadeira pra mim? Ele “tá” na parte de cima do
armário.
-“Peraí”, que eu já vou
pegar.
|||||
Noêmia sai da cozinha e
encontra duas malas jogadas no chão da sala.
-Mas o que é...
De repente, outra mala,
menor, é jogada diretamente da varanda da mansão por Bruno.
-Despacha pro lixão da
Muribeca! Aproveita e manda dedetizar a casa!
-Bruno, você enlouqueceu?
-Insano eu estava quando
permiti que esses dois parasitas vivessem sob o meu teto. Mas agora isso acabou,
Noêmia!
-Por que você está fazendo
isso?
-Faça a mesma pergunta ao
Plínio, que foi à delegacia ontem pra me acusar da morte do Abílio, e ainda
conseguiu complicar minha situação na investigação sobre a outra morte, a
daquela moça!
-O Dr. Plínio foi à delegacia
te acusar?
-Foi! De repente, a ética
dele resolveu funcionar, mas na hora errada, e com a pessoa errada! Aquele
escroto me ferrou com o delegado!
-E o que você vai fazer
agora?
-Quem vai fazer é você! Nem
passei em casa porque queria resolver logo esse problema, e me livrar daquele
dois encostados! Joga essas roupas fora. A partir de hoje, nem o Plínio, e
muito menos aquele bastardo, dormem aqui em casa!
-Está enganado, Bruno. Se
engana se pensa que vou permitir que William e o pai saiam dessa casa!
|||||
Sobre a cadeira, Giovanna
procura o livro prometido à Jéssica.
-Não consigo encontrar o
livro! Onde foi que eu coloquei?
-A senhora deve ter deixado
em casa...
-Deixei aqui mesmo, trouxe
até na última aula, tenho certeza... Deixa eu ver aqui atrás...
-Achou?
-“Tá” aqui, achei... –
repentinamente, a esposa de Bruno começa a enxergar o espaço com menor
nitidez...
-O que foi, Giovanna?
A garota grita ao ver a
bailarina caindo da cadeira onde estava, completamente inconsciente.
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