12/04/2015

LEVE-ME DAQUI/ CAPÍTULO 12: O AMOR QUE FERE TAMBÉM AGIGANTA

-Eu estou esperando uma resposta, Karen. Não vou ficar aqui o dia todo.
-Algum problema?- Rafael aparece e deixa Danilo ainda mais nervoso- O que estão fazendo aqui?
-Vim pra ver minha filha, e encontrei Karen, que vai me dizer agora mesmo quem é o pai desse bebê que Lívia tá esperando.
-Dona Heloísa, acho que não é hora nem lugar pra isso.
-Quer hora melhor do que essa, Doutor? Vamos, Karen. Tô esperando.
-Eu... – olha pra Danilo, aflita- Eu não sei quem é o pai, Dona Heloísa.
-Mentira sua!
-Mas Lívia foi me procurar pra dizer que tinha engravidado.
-De quem?
-A única coisa que ela me disse é que foi de um carinha que ela conheceu na última festa que a gente foi.
-Você, seu namorado e ela?
-Ex-namorado- frisa, com pesar, deixando Lívia cada vez mais aflita- Ela me contou que havia ficado com um rapaz na festa.
-Nome! Eu quero o nome do filho da mãe!
-Isso eu não sei responder à senhora.
-Você é a melhor amiga dela, como é que não sabe com quem ela anda?
-Se a senhora, que é a mãe, não sabe...
-Escuta aqui, sua infeliz... – Heloísa parte pra cima de Karen, e Danilo separa a moça da doméstica.
-Olha aqui, vamos acalmar os ânimos, por favor! Eu sei que a situação é muito complicada, mas eu insisto, Dona Heloísa: a senhora está de cabeça quente e não está em condições de ter essa conversa aqui.
-Não precisa se preocupar, Dr. Rafael. Se ela quer a verdade, eu vou dizer.
-Então, fala.
-A Lívia deve ter dito pra senhora que eu tive uma briga com Danilo e fui embora da festa.
-Deixou minha filha voltar sozinha...
-Pois é. Só que ela me confessou que dormiu com um cara que ela conheceu na festa da Isabela.
-E ninguém viu? Nem essa tal de Isabela?
-Muita gente bebendo, comemorando aniversário... Quem iria saber pra onde eles foram? Pode ligar pra Isabela, se quiser. Aposto que ela também não sabe quem dormiu com Lívia.
-E você fala assim, nessa calma toda?
-Mas eu também queria saber, Dona Heloísa. Insisti, insisti muito pra que ela me contasse. Mas ela disse que dançou demais, tinha bebido um pouco, o rapaz também... Eles foram pra dispensa... Aproveitaram que nenhum convidado ia passar por ali e... Me disse que nem o nome do rapaz ela perguntou.
-Eu não acredito que você tá mentindo pra minha mãe desse jeito...
-Desculpe não ter lhe falado nada. Pensei que a senhora já sabia, ela disse que ia contar.
-Não... Lívia não me disse nem que tava esperando um filho... Eu não tenho mais nada pra fazer aqui.
-Mainha, não acredita nela, ela tá mentindo!
-É melhor a senhora voltar outra hora, quando todos estiverem mais calmos.
-Não, Doutor. Eu não vou voltar. Ela não merece que eu venha pra saber nem se ela ainda está viva.
-A senhora está com os nervos à flor da pele, não sabe nem o que fala.
-Se engana. Eu sei o que estou fazendo, sim, senhor. Lívia não merece minha consideração. Jogou no lixo todos os anos que lutei pra dar do bom e do melhor a ela... E me aparece grávida de um estranho?
-Por favor, Dona Heloísa, é da sua filha que estamos falando.
-Eu não tenho mais filha! Minha filha não ia transar com qualquer um, não ia engravidar sem querer, não ia tomar remédio pra tirar menino nenhum!- ao perceber que está gritando, Heloísa se contém. Me deixe ir pra casa, Doutor. Eu estou cansada- retira-se da enfermaria, aos prantos.
Danilo, Rafael e Karen se olham entre si, enquanto Lívia volta a se sentir mais fraca. Aos poucos, o jovem fica mais aliviado. Mas a consciência da jovem, perturbada após ouvir todos os absurdos ditos por Karen, se afasta da enfermaria, voltando a se sentir enfraquecida.
-Isso é verdade mesmo? Ela ficou com um rapaz na festa?
-Por que eu ia mentir, Danilo?- interroga Karen.
-Não sabia que você conhecia essa moça, Danilo.
-É amiga de Karen, Pai. A gente nunca foi próximo, não.
-Estranho. Quando eu comentei dela lá em casa, você não me disse nada.
-É que na hora eu não liguei o nome à pessoa.

/////

Um dia depois, Iolanda bate à porta de Heloísa, que atende.
-Oi, Iolanda. Quer entrar?- pergunta, bastante abatida.
-Vai ser rapidinho, Heloísa.
-Senta aí- ao dizer isso, Iolanda repara na bagunça da casa.
-Juliano me disse que ia visitar Lívia agora de tarde. Ninguém te viu mais, mulher. Chegasse ontem e se trancasse. Pensei que tinha acontecido alguma coisa com ela.
-Os vizinhos devem estar tudo comentando... Da gravidez dela.
-Toni me contou antes de viajar.
-Eu não me conformo, Iolanda. Não entra na minha cabeça que minha filha dormiu com um desconhecido. Sim, porque foi isso que a amiga dela mesma me disse.
-Lívia sempre teve juízo, Heloísa. Essa menina pode estar errada.
-Não pode, não, Iolanda. Se não fosse isso, como que Lívia ia ficar grávida? E é claro que ela ia abortar, porque não ia ter coragem de me encarar pra contar.
-Sei, não. Pra mim, tem alguma coisa muito estranha nessa história.
-Por que está dizendo isso?
-O médico disse pra Toni, no dia que ele socorreu Lívia, que ela tomou um remédio pra tirar o menino. Como é que ela conseguiu isso? Quem deu?
-Vai ver ela contou pro pai do menino e ele deu. Se bem que... Karen disse que ela nem sabia o nome dele.
-Antes de jogar pedra em Lívia, espera a polícia resolver isso.
-É. A qualquer momento, alguém de lá chega pedindo pra eu dar um depoimento.
-Fala o nome dessa moça, a Karen. Acho que ela sabe mais coisa do que te contou ontem?
-Será?

/////

Rafael leva Juliano até a enfermaria, onde Lívia continua inconsciente.
-Hoje nem a mãe quis ficar de acompanhante.
-Acho que ela não vem mais.
-Pois é. Depois do que houve ontem... Você ficou sabendo?
-Só o que a rua fala. Ela quebrou umas coisas dentro de casa, chorou muito.
-Realmente... Ela escutou coisas aqui que... Enfim, caso precise de alguma coisa, pode ir ao meu consultório.
-Obrigado, Doutor- diz, timidamente.
Juliano a observa, com um olhar compadecido, ciente de que ela pode não acordar. O celular do rapaz toca. Ele sai da enfermaria.
-Juliano?
-Fala, Toni. A viagem foi boa?
-Uma bênção. Já estou indo pro aeroporto agora. Você vai me esperar lá?
-Vou, sim.
-Aproveita e manda um beijo pro pessoal aí, diz que eu já tô chegando.
-Não tô em casa, não.  Passei no hospital pra ver aquela moça.
-Lívia? E como é que ela tá?
-Na mesma. Mas quem não tá bem é a mãe dela- nesse momento, Lívia está com a cabeça abaixada, no corredor.
-Dona Heloísa?
-O que é que minha mãe tem?
Neste momento, Juliano ouve a voz de Lívia.
-Juliano, tá me ouvindo?
-Tá... Tá revoltada, xingando muito a filha, dizendo que não quer o bebê de jeito nenhum. Que vai dar pra adoção, porque ele é culpado do que houve com ela.
-Mainha tem que me escutar, tem que acreditar em mim!
-Acreditar no quê?
-Você tá me escutando? Você pode me ouvir?
-Juliano, com quem você tá falando?

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