Até que o dia do confronto entre as rivais
chegassem, aconteceram algumas coisas que você não pode dormir sem saber.
Pra começar,
Leilah passou quatorze dias sem aparecer na escola onde estudava. Segundo
relatos do jornal da fofoca, a criatura ficou desestabilizada com as
humilhações sofridas por parte de Peter (e nós com isso, não é mesmo?). O que
não sabemos é onde a maluca se enfiou. Ou será que sabemos? Enfim, não
interessa. Ele, por sua vez, andava meio triste. Natural, aquele espetáculo de
mulher não queria falar com ele. Enquanto isso, Juliane olha as suas coisas que
ficam dentro do consultório. Sabe aquele olhar de dizer ʺQue dó, que dóʺ? Era o caso. Mas ela
deixa pregada na parede a moldura de seu diploma, sem querer. Numa caixa, põe
todos os seus pertences. Espera dar cinco da tarde. Vendo que não há mais
pacientes, olha para a janela e aguarda o tempo passar.
Com esforço, Peter faz de tudo pra chegar à clínica a tempo. Desta
vez, o veículo é o carro do seu pai. Ônibus com várias manifestações no centro
da cidade não deixam ninguém chegar a canto nenhum.
-Você não acha que tá atrasado pra conseguir o encaminhamento? São quase cinco
horas. Podia ter me chamado pra ir mais cedo.
-Quis deixar passar a hora de Juliane largar.
-Peter, eu acho que é hora de ouvir o que houve naquela noite.
-Já falei o suficiente com todo mundo, Pai. Desiste.
-Percebeu a incoerência?
-Tá falando do quê?
-Você acabou de dizer que essa menina larga às cinco da tarde. Como ela pode
ter te prestado socorro de madrugada? Chegaram a marcar encontros, é isso?
-Pai, para! Chega! O que aconteceu naquela noite, e depois dela, com Juliane,
não existe mais! Acabou, deletei. Aproveitei e mandei Leilah pro espaço também.
Dá pra acelerar com isso logo?
-Não dá, meu filho. Trânsito está impossível, aqui!
Poucos minutos depois, Juliane desce às escadas com uma caixa- aquela que usou
pra colocar os objetos. Depois, destrava o carro. De repente, ao chegar perto
da porta, sai de trás do veículo Leilah, com as mãos escondidas.
-Ei!
-Que é isso? Palhaçada é essa?- diz a fisioterapeuta, assustada.
-Você é Juliane?
-Ah, já entendi- não contém o nervosismo- Olha, a minha bolsa tá aqui, pode
levar tudo. Celular, carro, carteira, dinheiro... Leva, por favor!
-Vem cá, tu é mouca? Eu perguntei se você é Juliane! Disfarça, disfarça!-
Leilah vê os faróis de um carro acesos. Descem então Peter e Arnaldo. O
primeiro, surpreso, pergunta logo.
-Peraí, o que é que vocês duas tão fazendo juntas?
-Conhece essa menina?- surpreende-se ainda mais Juliane.
-Ele não falou de mim? Da ex-namorada maluca, que arma barraco e inferniza a
vida dele?
-Falei... Espera: Leilah agora tá ouvindo as falas da gente?
-Ele contou pra você, Juliane? Contou que na porta do colégio eu disse que
matava os dois? Hein? Acho que agora eu tô pronta pra fazer isso? Entra no
Palio, vagaba!
Juliane ri e olha pra rival.
-Nem morta, sua louca!
-Morta, meu bem, só daqui a pouco...- e expõe uma peixeira, com a qual ameaça a
rival.
-Juliane! Cuidado!- desespera-se Peter!
-Preocupado com quê, meu amor? Mais tarde tem pra você também. Só que antes...-
vira-se pra Juliane- Eu acabo com essa vagabunda. Nem mesmo você longe do Peter
parou de me infernizar. Mas vamos ver agora como vai se virar pra rodar
bolsinha, piriguete. Porque não vai sobrar nada desse rosto pra contar
história.
-Larga essa peixeira!- agarra-a o pai de Peter.
Os dois travam uma luta desesperada pra conseguirem sair ilesos. Mas a maluca
leva a melhor. Peter corre para ajudar o coroa. É o mesmo que nada, já que
Leilah acaba derrubando o velho no chão. Uma coisa brutal. Logo, ela corre pra
cima de Juliane, e novamente a ameaça.
-Quem chegar perto de mim, vai sobrar pra ela. Eu não tô brincando! E você vai
entrar no carro, bandida!- segura o outra pelos cabelos e a coloca diante do
volante.
-Solta a Juliane, Leilah! Solta! Isso é loucura, tu vai ser presa!
-Prefiro até morrer, Peter! Morta! Entendeu bem? Mas com essa vadia no inferno,
do meu lado!- diz isso enquanto senta no banco do passageiro. Fecha os vidros,
enquanto isso, Peter corre pra exigir a libertação da amante. Ou quase-amante,
sei lá- Liga o carro, galinha! Vai, anda!
-Pra onde você vai me levar?
-Liga esse carro, agora!- aos berros!
-Solta ela! Solta! Abre a porta, Leilah! Juliane! Alguém ajuda a gente,
socorro!- bate Peter no vidro, desesperado!- Chama a polícia, Pai! Liga logo!
-Vamos seguir as duas. Você chama a polícia! Vem, entra- pede Arnaldo, ainda
com dor pela pancada que levou ao cair no chão. Não, ele não era um senhor
gordo. Leilah podia perfeitamente derrubá-lo. E o carro sai em disparada.
Numa avenida, Juliane dirige séria, disfarçando o medo com o máximo que
conseguia.
-Tá com medo de mim, hein? Responde!
-Isso não vai dar certo, a polícia vai acabar te procurando! Para com isso
enquanto é tempo, Leilah!
-Pra quê? Pra deixar o caminho livre pros pombinhos? Não tô a fim! O Peter me
confirmou que os dois tiveram uma noite maravilhosa juntos. Você quer mais o
quê? Que eu faça o papel de corna sem dizer nada?
-Ele falou isso porque tava com raiva de você. O Peter nunca teve nada comigo.
Eu mesmo dei o fora nele não sei quantas vezes.
-Mentira! Mentira, Juliane! Mas não precisa se preocupar. Daqui a pouco, esse
nervosismo todo vai acabar. Acelera!
E já vamos a mais de oitenta por hora!
-Desiste disso, você precisa parar antes que a polícia venha atrás da gente!
-O que você quer? Que eu acabe com sua raça aqui mesmo? Dirige calada!
Num outro carro...
-Elas saíram no Palio tem menos de cinco minutos. Sim, a placa é essa. Mas
vocês têm que vir pra cá correndo, elas duas vão acabar batendo em alguma coisa
aqui.
-Peter, elas estão rápidas demais! Assim, a gente vai perder as duas de vista.
Voltando à cena do crime, Leilah e Juliane vêem o sinal prestes a fechar.
-Me deixa acabar com isso, me deixa parar esse carro, Leilah!
-Quem vai acabar com isso sou eu! Eu não tô de brincadeira! Vou te matar,
desgraçada!
A ex-fisioterapeuta é tomada pelo ódio.
-Tem razão. Eu não vou ficar com o Peter. Mas quem vai te matar sou eu,
cachorra!- trata de tirar a peixeira de sua mão direita.
-Me larga, imbecil! Me solta!
-Você não queria acabar comigo? E então? Tá com medo, cachorra? Fala!- sim,
isso tudo é dentro do carro. A peixeira caiu, mas puxar o cabelo continua. Isso
sem contar o carro que estava vindo quando elas passaram o sinal.
Pois é. Ele bateu na porta que Leilah estava. O impacto foi tanto foi fez o
carro capotar três vezes. Peter pede pra Arnaldo parar o seu veículo no meio da
rua, e sai correndo.
-Leilah! Juliane! Socorro! Pai, liga pro Samu, anda! Juliane! Leilah! Alguém
ajuda, por favor!
Populares tentam impedir que o nosso protagonista se aproxime.
-Me solta! Eu vou tirar elas de lá! Pai, me ajuda! Eu tenho que tirar!
-Não, o carro vai explodir!- avisava Arnaldo.
Ele estava certo. A gasolina estava vazando, havia faíscas saindo
do automóvel... E agora, meninas? E agora, redatores? E agora, José?
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