-Exame?
-Alguma
coisa que comprove que ela perdeu um bebê deve ter no hospital, senão o senhor
não tinha nem me contado.
-Sim,
mas daí a entregar o exame da sua namorada pra você?
-Eu
sei que isso deve ter um preço, não sou idiota. Só tem que me dizer qual é e eu
pago por ele.
-Você
ficou maluco, rapaz? Pensa mesmo que eu vou me prejudicar no trabalho por tua
causa?
-Fiquei,
sim. Desde o dia em que eu perguntei como ela tava e o senhor me disse da perda
desse bebê.
-Mas
vocês são jovens ainda. Se você se sente culpado, é só lembrar que o que
aconteceu foi um acidente.
-Não
é o acidente que tá me deixando desse jeito! Eu nunca tive nada com Gabriela,
nunca fui pra cama com ela! Será que o senhor entende agora por que essa
notícia da gravidez foi uma punhalada pra mim?
-Claro...
Agora tudo faz sentido pra mim.
-Esse
exame que o senhor fez nela é a prova que eu preciso pra esfregar na cara dela
a traição. Doutor, eu tenho direito de saber por que ela fez isso e com quem! O
senhor não pode me negar isso!
-Mas
vou. O seu dinheiro não me interessa, Fábio.
-Eu
insisto que pago pro senhor quanto quiser me cobrar...
-Para,
Fábio! Se você não sair daqui, eu chamo a segurança.
-Quer
que eu confronte Gabriela pra que ela negue tudo? Com o exame na mão, ela não
vai ter como desmentir a sua história!
-Não
me interessa como você vai resolver o problema com a sua namorada. A questão é
que eu falei pra você porque me disseram que você tinha um namoro com Gabriela,
e era minha obrigação não ocultar isso, pois o filho só poderia ser seu.
-Só
me diz uma coisa.
-Fábio,
vai embora daqui, por favor!
-Como
foi que ela reagiu à notícia da morte do bebê? Com alívio, né? Só pode ter
sido, porque não tinha como eu desconfiar de nada. O pior é a cara de pau. Nem
parece ter sofrido com isso.
-Fábio...
– suspira- Vai embora daqui. Vê se não complica mais a minha vida.
-Tá
bom, então. Mas eu vou jogar na cara dela essa verdade, mesmo que o senhor ache
que estou errado. E arrasto ela até aqui, se ela inventar de negar na minha
cara.
-Me
deixa fora do seu rolo! Eu socorri os dois depois daquele acidente. Pensa que
você tem uma dívida comigo. A única coisa que eu quero é ficar bem longe dessa
história- Nonato deixa o rapaz sozinho no estacionamento.
-Doutor,
espera... Doutor!- Fábio bate no vidro de um dos veículos, enfurecido.
De
volta à Casual, Victória procura Lúcia na agência. Dirige-se à secretária da
fotógrafa:
-Cadê
a Lúcia? Ela já chegou?
-Minha
ausência não é mais problema, minha querida- anuncia Lúcia- Só que eu não vou
poder atender você agora, Vicky. Tenho três books
pra fazer agora de manhã e...
-A
resposta é “sim”.
-Não
brinca comigo, menina...
-Eu
aceito ir pra Alemanha ser a contratada da Netnetz.
-Ai,
não acredito!- Lúcia abraça a modelo- Eu sabia que você ia tomar a decisão
certa!
-Só
tem uma coisa. A gente tem que falar com os meus pais. Você sabe que eu ainda
sou menor de idade.
-Se
o único problema for esse, eu pago a passagem deles e providencio o passaporte.
Do contrário, eu mesma me responsabilizo por você.
-Você?
-Sim.
Eu posso procurar o meu advogado e me tornar a sua representante legal, caso
eles não possam ir contigo. Empecilho pra ir a gente sabe que não tem.
-Definitivamente,
você pensa em tudo mesmo.
-Achei
até que você fosse precisar de mais tempo pra pensar.
-Pois
é. Mas a resposta veio num piscar de olhos.
-O
que foi que ele disse sobre o convite que te fizeram?
-O
que alguém que não quer se fazer importante na minha vida tem pra dizer: nada.
Nervoso
com a visita que Fábio lhe fez no estacionamento do hospital, Nonato vai até o
sobrado de Bete para contar o que aconteceu. Entretanto, a bandida juvenil está
na escola em que estuda com Vinícius, Eduardo, Gabriela, o namorado e o filho
de Alice e Caio. O médico bate diversas vezes na porta da traficante, mas volta
para casa, impaciente por não tê-la encontrado.
Aliás,
o rapaz tenta se acalmar após não ter extraído o que queria do médico. Nos
últimos dias, inclusive, tem evitado a visita de Gabriela, alegando estar
dormindo por conta dos analgésicos que sua mãe comprou. O adolescente ouve a
campainha tocar e um quase silêncio toma conta da casa depois que Alice abre a
porta. Estranhando o fato, já que seus pais estão em casa, Fábio vem caminhando
lentamente para saber o que está acontecendo.
No
escritório da família, os pais do jovem estão iniciando uma conversa com o
advogado de Caio, que passa a ser ouvida pelo filho.
-Eu
sei que costumo tratar de assuntos judiciais lá na empresa, mas é que a questão
é muito séria e não tinha como esperar.
-Sem
problemas, Caio. Sobre o quê você queria falar comigo?
-Na
verdade, Dr. Lewgoy, não é só o Caio que quer falar. Somos nós.
-Do
que se trata, Alice?
-Bem,
como o senhor deve ter ouvido falar, o Caio e eu tivemos uma briga e estamos
nos separando.
-Sim,
eu fiquei sabendo do desentendimento de vocês, mas achei que fosse algo
corriqueiro.
-Pensou
errado, Lewgoy.
-Quer
dizer, então, que é uma separação definitiva?
-Mais
do que isso. Lewgoy, eu pedi... Quer dizer, nós pedimos pra que você viesse
aqui porque queremos sacramentar esse divórcio.
-E
como o senhor é advogado da família, eu quero saber pelo senhor quais são os
meus direitos baseados na comunhão de bens.
Fábio
mal pode acreditar que, mesmo depois do seu acidente e da união que isso causou
entre seus pais, eles ainda estejam dispostos a colocar um ponto final no
casamento.
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