14/06/2017

VIDA LOUCA/ CAPÍTULO 11: NÃO POSSO PROMETER QUE NUNCA VOU TE MACHUCAR

-Exame?
-Alguma coisa que comprove que ela perdeu um bebê deve ter no hospital, senão o senhor não tinha nem me contado.
-Sim, mas daí a entregar o exame da sua namorada pra você?
-Eu sei que isso deve ter um preço, não sou idiota. Só tem que me dizer qual é e eu pago por ele.
-Você ficou maluco, rapaz? Pensa mesmo que eu vou me prejudicar no trabalho por tua causa?
-Fiquei, sim. Desde o dia em que eu perguntei como ela tava e o senhor me disse da perda desse bebê.
-Mas vocês são jovens ainda. Se você se sente culpado, é só lembrar que o que aconteceu foi um acidente.
-Não é o acidente que tá me deixando desse jeito! Eu nunca tive nada com Gabriela, nunca fui pra cama com ela! Será que o senhor entende agora por que essa notícia da gravidez foi uma punhalada pra mim?
-Claro... Agora tudo faz sentido pra mim.
-Esse exame que o senhor fez nela é a prova que eu preciso pra esfregar na cara dela a traição. Doutor, eu tenho direito de saber por que ela fez isso e com quem! O senhor não pode me negar isso!
-Mas vou. O seu dinheiro não me interessa, Fábio.
-Eu insisto que pago pro senhor quanto quiser me cobrar...
-Para, Fábio! Se você não sair daqui, eu chamo a segurança.
-Quer que eu confronte Gabriela pra que ela negue tudo? Com o exame na mão, ela não vai ter como desmentir a sua história!
-Não me interessa como você vai resolver o problema com a sua namorada. A questão é que eu falei pra você porque me disseram que você tinha um namoro com Gabriela, e era minha obrigação não ocultar isso, pois o filho só poderia ser seu.
-Só me diz uma coisa.
-Fábio, vai embora daqui, por favor!
-Como foi que ela reagiu à notícia da morte do bebê? Com alívio, né? Só pode ter sido, porque não tinha como eu desconfiar de nada. O pior é a cara de pau. Nem parece ter sofrido com isso.
-Fábio... – suspira- Vai embora daqui. Vê se não complica mais a minha vida.
-Tá bom, então. Mas eu vou jogar na cara dela essa verdade, mesmo que o senhor ache que estou errado. E arrasto ela até aqui, se ela inventar de negar na minha cara.
-Me deixa fora do seu rolo! Eu socorri os dois depois daquele acidente. Pensa que você tem uma dívida comigo. A única coisa que eu quero é ficar bem longe dessa história- Nonato deixa o rapaz sozinho no estacionamento.
-Doutor, espera... Doutor!- Fábio bate no vidro de um dos veículos, enfurecido.

De volta à Casual, Victória procura Lúcia na agência. Dirige-se à secretária da fotógrafa:
-Cadê a Lúcia? Ela já chegou?
-Minha ausência não é mais problema, minha querida- anuncia Lúcia- Só que eu não vou poder atender você agora, Vicky. Tenho três books pra fazer agora de manhã e...
-A resposta é “sim”.
-Não brinca comigo, menina...
-Eu aceito ir pra Alemanha ser a contratada da Netnetz.
-Ai, não acredito!- Lúcia abraça a modelo- Eu sabia que você ia tomar a decisão certa!
-Só tem uma coisa. A gente tem que falar com os meus pais. Você sabe que eu ainda sou menor de idade.
-Se o único problema for esse, eu pago a passagem deles e providencio o passaporte. Do contrário, eu mesma me responsabilizo por você.
-Você?
-Sim. Eu posso procurar o meu advogado e me tornar a sua representante legal, caso eles não possam ir contigo. Empecilho pra ir a gente sabe que não tem.
-Definitivamente, você pensa em tudo mesmo.
-Achei até que você fosse precisar de mais tempo pra pensar.
-Pois é. Mas a resposta veio num piscar de olhos.
-O que foi que ele disse sobre o convite que te fizeram?
-O que alguém que não quer se fazer importante na minha vida tem pra dizer: nada.

Nervoso com a visita que Fábio lhe fez no estacionamento do hospital, Nonato vai até o sobrado de Bete para contar o que aconteceu. Entretanto, a bandida juvenil está na escola em que estuda com Vinícius, Eduardo, Gabriela, o namorado e o filho de Alice e Caio. O médico bate diversas vezes na porta da traficante, mas volta para casa, impaciente por não tê-la encontrado.

Aliás, o rapaz tenta se acalmar após não ter extraído o que queria do médico. Nos últimos dias, inclusive, tem evitado a visita de Gabriela, alegando estar dormindo por conta dos analgésicos que sua mãe comprou. O adolescente ouve a campainha tocar e um quase silêncio toma conta da casa depois que Alice abre a porta. Estranhando o fato, já que seus pais estão em casa, Fábio vem caminhando lentamente para saber o que está acontecendo.
No escritório da família, os pais do jovem estão iniciando uma conversa com o advogado de Caio, que passa a ser ouvida pelo filho.
-Eu sei que costumo tratar de assuntos judiciais lá na empresa, mas é que a questão é muito séria e não tinha como esperar.
-Sem problemas, Caio. Sobre o quê você queria falar comigo?
-Na verdade, Dr. Lewgoy, não é só o Caio que quer falar. Somos nós.
-Do que se trata, Alice?
-Bem, como o senhor deve ter ouvido falar, o Caio e eu tivemos uma briga e estamos nos separando.
-Sim, eu fiquei sabendo do desentendimento de vocês, mas achei que fosse algo corriqueiro.
-Pensou errado, Lewgoy.
-Quer dizer, então, que é uma separação definitiva?
-Mais do que isso. Lewgoy, eu pedi... Quer dizer, nós pedimos pra que você viesse aqui porque queremos sacramentar esse divórcio.
-E como o senhor é advogado da família, eu quero saber pelo senhor quais são os meus direitos baseados na comunhão de bens.
Fábio mal pode acreditar que, mesmo depois do seu acidente e da união que isso causou entre seus pais, eles ainda estejam dispostos a colocar um ponto final no casamento.

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