Ao perceber
que Lana seria capaz de atirar contra sua mãe, Yuri abandona o skate que estava
segurando e corre para empurrar Ana Maria e Frederico. O projétil acaba
despedaçando o vidro da vitrine da loja de noivas. Todos que estão naquela rua
correm apavorados com o barulho. Não se dão conta de quem efetuou o disparo.
Furiosa por
não ter conseguido acertar Ana Maria (caída no chão ao lado de seu marido e do
filho), Lana corre em direção a ela, com o revólver apontado para a inimiga.
Mas duas cenas de sua vida se entrelaçam naquele instante: a primeira vez em que
foi atropelada por Frederico, que a tirou da pobreza e tentou livrá-la de uma
conduta perigosa, sem sucesso... E agora, numa repetição da primeira cena,
causada por sua desatenção. Novamente, ela é atropelada, batendo com o rosto no
para-brisa do carro e sendo levada à calçada pelo impacto.
O marido
corre, junto com os outros, para amparar a delinquente, que não está
desacordada.
-Lana! Lana,
fala comigo! Fala comigo, Lana!
-Você não
podia ter feito isso comigo... Não com ela, Fred.
-Eu vou
chamar a ambulância, você vai ficar boa logo.
-Não! Eu sei
que não vai dar tempo.
-Não fala
isso, Lana! Claro que vai!- disca o número.
-A gente foi
tão feliz e teve que acabar assim? Segura a minha mão, Fred. Por favor, segura-
ele atende o pedido, relutando- Eu menti pra você, e ocultei muitas coisas.
-Já sei de toda
a verdade, Lana. Ouvi tudo o que você falou.
-Não. Tem
mais. Quando a ONG fechou no vermelho e você pediu dinheiro pro Otaviano... Fui
eu quem tirou o dinheiro de lá.
-Não, eu não
quero mais ouvir...
-Tirei pra
dar droga aos meninos do terminal... Pra comprar arma pra eles assaltarem... Do
terminal que você viu na televisão... – a respiração começa a ficar ofegante-
Eu menti pra você... Nunca consegui ser a mulher que você queria... Nunca vou
ter tempo de ser... Yuri, me dá a mão- o adolescente, em estado de choque, não
consegue pronunciar qualquer palavra- Gosto muito de você, viu? Eu não me
arrependo de nada do que eu fiz. Vou sentir sua falta...
-Você vai
ficar bem, eu sei que vai...
-Queria tanto
acreditar nisso... Mas o meu tempo não existe mais... Acabou... Menos o que eu
sinto... Pelos dois... Isso... Ana Maria... Você não vai... Tirar... – falece.
-Você não
pode fazer isso comigo, Lana! Você não pode me deixar aqui sozinho! Não! Não!
Volta! Volta pra mim! Eu quero você aqui! Não me deixa! Não me deixa, Lana!
Volta pra mim!- Ana Maria corre pra abraçar o filho, enquanto Frederico fecha
os olhos da esposa.
-Calma, meu
filho! Eu estou com você! Você tem que superar, Yuri!
-Eu quero ela
aqui! Eu amo a Lana, mãe! E ela me amava também! Eu quero a... A... – começa a
sentir falta de ar.
-Yuri? Yuri, o
que é que você tem?
-Filho! Meu
filho! Fala o que você está sentindo! O que você tem?
-Lana... –
fala com muita dificuldade- Lana... – acaba desmaiando nos braços da mãe.
-Yuri! Yuri,
me responde, meu amor! Acorda, meu filho! Fala comigo! Diz alguma coisa!
-Acho que ele
teve uma overdose, Ana!
-Não, meu
filho! Fala comigo, Yuri! Acorda!
XXXXX
No hospital,
Otaviano chega e encontra Ana Maria e Frederico juntos.
-A Sônia me
avisou. O que aconteceu?
-Não sabemos
ainda, Otaviano. O médico está examinando o Yuri.
-O que você
está fazendo aqui, Frederico?
-Depois eu te
conto tudo. O mais importante agora é saber notícias do nosso filho.
-Nosso filho?
Que coisa, não é, Ana Maria? Até bem pouco tempo atrás você dizia que ele era
só seu, por causa da ligação entre vocês. E agora, seu filho está internado e você
não sabe o que ele tem?
-Com licença-
chega o médico- O senhor é responsável por Yuri Bittencourt Passos?
-Sim, eu sou
o pai dele, doutor. O que meu filho teve?
-Foi uma
overdose?- desconfia Ana Maria.
-Não, o que
ele teve foi uma crise de abstinência.
-Como é
possível?
-Bom, como vocês
devem saber, o Yuri fez uso de substâncias ilícitas durante um bom tempo...
Isso explicou muitas alterações no comportamento dele. E ele chegou a largar o
vício em um determinado tipo de droga. O problema é que o corpo dele já estava
acostumado a fazer com que ele ingerisse drogas em grandes quantidades, quem
sabe até mais de um tipo delas... É como se o corpo não se reconhecesse agora
que ele estava limpo.
-Ele prometeu
à Lana que iria se comportar pra voltar pra casa- constata Frederico.
-Lana? Mas o
que a Lana tem a ver com isso?
-Depois eu
explico, Otaviano. Doutor, o que eu quero saber é quais são as chances que o
Yuri tem de sobrevida.
-Não vou
poder mentir pra vocês. O quadro do Yuri é muito delicado. As próximas horas
podem ser decisivas.
-Quer dizer
que...
-Sim, senhor.
O Yuri está demorando a responder os nossos estímulos, e isso é incomum pra uma
crise de abstinência. Temo que ele não sobreviva.
-Não... Não!
O meu filho, não! Ele tem que viver, Frederico! Ele tem que sobreviver... –
abraça o dono da ONG, causando constrangimento a Otaviano, que sofre da mesma
dor que ela.
-Doutor,
salve o meu filho.
-Nós já
fizemos o que era possível, senhor. A medicina não pode fazer mais nada por
Yuri, a não ser esperar pra saber o que vai acontecer. Eu creio que só mesmo
algo sobrenatural possa trazer seu filho de volta. Sequer sabemos se ele vai
acordar.
Otaviano sai correndo
pelo hospital e desce às escadas, até encontrar uma capela com uma grande cruz
pregada à parede.
-Se Você
existe mesmo, traz o meu menino de volta. Todo mundo sabe o quanto eu o amo, e
que eu trocaria de lugar por ele. Só por ele. Salva o meu filho, se Você
existe. E eu me torno outra pessoa. Um homem melhor. Um homem que para de
pensar que é dono do tempo e age de acordo com a Sua vontade, mas tira o meu
filho desse hospital... – Otaviano cai de joelhos, aos soluços- Salva o meu
filho...
XXXXX
Sônia está
assistindo ao noticiário na sala, ao lado do telefone, aflita. Igor vem de seu
quarto até onde a governanta está.
-Tem alguma
notícia do Yuri?
-Nada, meu
filho. Parece que o caso dele é muito grave. Mas eu vou fazer uma novena pra
que ele saia do hospital e volte pra casa rápido.
-Ele vai
sair. Se a gente confiar- aponta pra cima- Ele sai de todo jeito.
O telejornal
noticia.
-Um homem
procurou a polícia e confessou ter assassinado a mulher e sequestrado os dois
filhos. Jandir da Costa Antunes, de trinta e oito anos, matou há quase um ano a
companheira dele, Rosane Pinheiro Antunes. Os dois sofreram um acidente de
carro e Jandir, em depoimento para a polícia, disse ter empurrado o carro pra
que ele caísse numa ribanceira. Tempos depois, ele assumiu a criação dos filhos
e os obrigou a trabalharem na rua para o seu sustento. Os garotos foram
resgatados e estão sob a custódia de Ana Maria Bittencourt Passos, acionista da
gravadora “TimBRe”, que os encontrou na rua. O motivo do crime foi o fato de
que Rosane teria afirmado ao companheiro que o filho mais velho do casal não
era dele. Após narrar com riqueza de detalhes à polícia, Jandir está preso na
delegacia de Ypiranga e deve ser transferido em breve.
-Que horror. Você
deve ter sofrido muito na mão desse homem, não é?
-Mas agora acabou,
Sônia. Só quero ser feliz junto com a minha irmã. E ver a felicidade de vocês
também.
-O que vocês
estão vendo?- Betina chega.
-A gente
estava procurando desenho- Sônia muda de canal- Desenho pra você ver. Vem sentar
aqui, meu amor.
Igor dá um
cafuné na irmã.
-Sônia, eu
posso ir pra igreja de noite? Eu queria pedir oração pro Yuri.
-Pode, sim,
meu anjo. Eu aviso à Ana Maria.
XXXXX
Com máscaras,
Otaviano e Ana Maria entram no quarto para ver Yuri, com um nebulizador em seu
rosto. A mãe trata de alisar o rosto do adolescente, enquanto o pai se mantém
um pouco distante.
-Filho... Eu
estou aqui com você, eu e o seu pai.
-Pai...
-Fala, meu
filho.
-Você... Deve
estar muito feliz, não é, não?- diz pausadamente.
-Meu filho,
eu não posso estar feliz com...
-Eu sei que
está... Mas... Não se preocupa mais... Não vou encher teu saco... Eu sei que vou
morrer...
-Não fala
isso, Yuri!- apela Ana Maria- Você é jovem, é forte! Vai sobreviver!
-A minha
vida... Acabou, mãe... Se... A Lana morreu... Não tem... Pra quê... Eu ficar
vivo... Mas eu... Eu quero falar com... Com ele... – Otaviano percebe que Yuri
se dirige a ele- Escuta... Porque... Eu só vou falar... Uma vez... Eu... Odeio
você... Odeio! Quem é... Aquele garoto... Ali atrás?- refere-se ao anjo da
morte, que acompanha Otaviano.
-Não tem
ninguém além de mim e da sua mãe, Yuri.
-Ele está
delirando, Otaviano. Por causa da abstinência.
-Lana... Eu
sei... Que você... Vai me esperar... Manda ele sair... De perto de mim... Manda
esse menino sair! Tira ele de perto de mim!- começa a ficar agitado- Tira ele!
Tira- dá gritos mais fortes- Tira ele! Tira! Socorro! Me tira daqui!- o anjo
não se move. Fica encostado à porta.
-Eu vou
chamar o médico agora!- assim que Otaviano diz isso, o aparelho dos batimentos
cardíacos que está conectado a Yuri apita sem parar, indicando que seu coração
já não trabalha.
-Yuri? Yuri?
Meu filho, o que você tem? Otaviano, ele morreu! Ele morreu?
-Alguém traz
o médico aqui, rápido! O médico... Meu filho está morrendo!
O médico
entra e estranha a reação de Yuri.
-Yuri! Yuri!-
fala perto do garoto para ver se ele reage.
-Eu perdi o
meu filho, doutor! Perdi o meu filho!
O médico faz
uma massagem cardíaca no paciente, mas Yuri não acorda. Ele percebe que há, do
lado da cama, uma mesa com um aparelho que serve para ressuscitá-lo. Ele aplica
o choque quatro vezes, e depois disso, só lhe resta fechar os olhos do garoto.
-Eu sinto
muito.
-Filho... O
meu filho morreu, doutor?
-Fiz tudo o
que era possível, senhor.
-Yuri, meu
filho... Não, Yuri- corre em direção ao corpo do filho.
-Não chega
perto do meu filho, maldito!
-Ana Maria...
-A culpa é
sua! Você deixou que ele se destruísse! Você o matou! Com seu desprezo! Você
matou o meu filho, assassino maldito!
-Não é
verdade. Eu amo o Yuri! Ele é a única pessoa que eu amei de verdade...
-Some daqui!
Some! Eu não quero ver a sua cara nunca mais. Só você é culpado pela morte do
meu Yuri! Você, Otaviano!- cai ao lado do corpo do filho e o molha com suas
lágrimas- Você não pode me deixar! Sabe que eu sou a única que te ama de
verdade... Não me deixa, meu filho, não me deixa! Não! Não! Não! Não!- abalado,
Otaviano sai do quarto e do hospital e passa a vagar pelas ruas, onde lembra de
cada uma das brigas que teve com o filho, bem como o seu nascimento.
XXXXX
O telefone da
residência dos Bittencourt Passos toca. Betina está assistindo aos desenhos que
Sônia havia falado quando passou a matéria sobre Jandir. A governanta atende.
-Alô? Menina,
você ficou horas sem ligar, eu já estava preocupada. Como é que está o Yuri? O quê?
Não estou te ouvindo? Morreu? O Yuri morreu? Como pode ser isso, Ana Maria?
Ele... Eu vou avisar a todos aqui em casa. Seu Otaviano já sabe?
-Eu quero que
aquele desgraçado morra! A culpa é dele! Só dele, Sônia...
-Não chora,
menina, por favor.
-Preciso
desligar. Eu tenho que resolver o problema do corpo. Parece que o velório vai
ser amanhã.
-Isso é um
pesadelo, Ana.
-O pior é que
não vou acordar nunca. Obrigada pela sua força, Sônia.
-Só não estou
com você por causa dos meninos.
-Eu sei. Mas
uma hora isso ia acontecer. Eu tentei tampar o sol com a peneira, mas o destino
quis que ele não se salvasse. Perdi a batalha, Sônia. Mas o culpado de tudo vai
pagar com a vida. E eu não vou precisar me mexer pra isso. O Otaviano vai ser
castigado em vida- desliga o telefone.
-Ana Maria? Alô?
Alô?
-O que foi,
tia? Quem morreu?
-Ai, me
abraça, Betina. Me abraça, meu amor!
XXXXX
O pastor que foi visitar Otaviano no
hospital encerra o culto. Espera todos os fieis saírem, inclusive Igor, que
está orando pela alma do irmão, aos prantos. Apaga duas das três luzes e vai
fechar a porta do recinto. Otaviano chega, segurando uma vela. De longe, o
adolescente percebe quem chegou à igreja.
-Meu filho? O que está fazendo aqui a
essa hora? O culto já acabou.
-O senhor me deu o endereço, lembra? Hoje
de manhã, eu estive no meu escritório, pensando. E eu tomei uma decisão. Talvez
se eu mudasse o meu jeito de viver, eu teria meu filho e o amor da minha esposa
de volta. Se eu trocasse de vida, nada do que me aconteceu teria existido.
Percebi que a culpa de todas as coisas ruins que aconteceram a eles foi minha.
-Que bom, meu querido. Que bom que você
botou a mão da consciência e percebeu que sem fé você não iria conseguir
vitória, nem perdão.
-Então, quando eu já tinha decidido,
recebi um telefonema da governanta da minha casa e descobri que meu filho
estava internado em estado grave por conta da dependência. Uma crise de
abstinência, pastor. Ele sequer conseguiu se livrar das drogas. Ele tentou, por
alguns dias, e não conseguiu. Eu cheguei a orar. Eu cheguei a pedir pra que ele
se salvasse. A minha esposa não sabe disso, mas eu pedi pra que o meu filho não
fosse levado. Se isso me fosse concedido, eu mudaria tudo o que fiz, apagaria
todos os meus erros e me tornaria um homem melhor. Mas eu ganhei uma cicatriz
pior do que essa que está em meu rosto. Yuri, o filho que eu amei por doze anos
e que vou amar até o dia da minha morte, faleceu. Na minha frente, sem que eu
pudesse fazer nada pra impedir. Agora me diga, pastor: é assim que o senhor
pretende que eu repare os meus pecados? Me castigando na pessoa que eu mais
amo? Na única que eu amo?
-Otaviano, nem mesmo o coração do homem
tem razões conhecidas por todos. Eu sei o quanto a sua dor é grande, mas agora
você não vai entender por que foi permitido que isso acontecesse. Lá na
frente...
-Não seja hipócrita, velho idiota! Ele
estava pra morrer de qualquer maneira, e mesmo eu prometendo que ia me tornar
outra pessoa, levaram o meu filho. Tiraram ele de mim! A minha mulher não deixa
nem eu chegar perto do corpo dele! Que consolo um pai pode ter pra uma situação
dessas? Qual? Me diga!
-Você não sabe as promessas que têm sido
feitas pra sua vida ainda, nem mesmo o que estava sendo prometido de bom pra
seu filho. Acredite, Otaviano. Muito do que aconteceu tem a ver com o caminho
que o seu filho e você escolheram tomar.
-Será mesmo? Então pede nas suas orações
pra ele salvar a sua segunda casa- tira um isqueiro.
-Que vela é essa, Otaviano? Se você
quiser orar pela alma de seu filho, tudo bem, mas não precisa de vela pra isso.
Essa daqui é uma igreja evangélica.
-Cansei de falar em vão... - Otaviano
joga a vela sobre a grande cortina que fica atrás do púlpito. O fogo se espalha
rapidamente.
-Mas o que você fez, Otaviano? Nós vamos
acabar morrendo aqui dentro.
-É essa a minha ideia! Morrer! Queimar! Carbonizar!
Até que o meu corpo não exista mais. Muito menos o seu!
-O extintor de incêndio. Está lá dentro,
eu vou pegar- percebendo que o incêndio tem salvação, Otaviano segue o pastor,
que entra num cômodo da igreja com porta. A chave está do lado de fora.
Rapidamente, Otaviano fecha a porta e tranca o pastor lá dentro- O que você
fez, Otaviano? Abre essa porta! Abre!- a fumaça começa a entrar no
repartimento.
-Ora, pastor! Ora! Eu quero ver esse
milagre acontecer mesmo, pastor de araque! Enganador! Ladrão!
-Apaga esse fogo, Otaviano!- ordena
Igor.
-Mas olha só quem está aqui: Igor.
Pronto para salvar as almas indefesas, como a Ana Maria. Seu futuro parece ser
mais brilhante que o dele, hein?- aponta para o local em que o pastor está.
-Isso tudo está queimando! Vai pegar
água pra apagar isso!
-Não! Quem sabe esse não é o momento de
se livrar das culpas, de saber de toda a verdade sobre você mesmo?
-Você está louco? A gente tem que sair
daqui... - Otaviano corre para fechar a porta da igreja, para que ninguém possa
socorrê-los.
-Não, Igor... Você não pode sair... Não
até descobrir detalhes da morte da sua mãe.
-O que você sabe?
-O que eu sei? - ri- Fui eu quem matou a
Rosane! Fui eu! Foi um acidente, ela não estava prestando atenção no volante e
me viu dirigindo em outra direção. O carro dela quase bateu no meu, mas ela
desviou e caiu num barranco. Já eu, que escapei ileso, não fiz nada pra ajudar.
Eu matei a sua mãe, assim como provoquei o infarto do pai da Ana Maria há doze
anos atrás, pra que ele não revelasse quem eu era de verdade: um criminoso. Um
golpista!
-Jandir me contou a verdade. Ele
empurrou o carro da minha mãe ladeira abaixo. Você não tem culpa, Otaviano. E
por que você ia querer se livrar dela?
-Porque eu tive um filho com ela! Eu
tive um filho na mesma época que o Yuri nasceu! Um filho, Igor! Um filho que eu
desprezei, que eu amaldiçoei, que eu desejei a morte pra não ter que abrir mão
da fortuna da Ana Maria. Você! Mas doze anos se passaram e você e a sua irmã
trataram de cruzar o meu caminho, de se instalar na minha casa e acabar com a
minha alegria. Por sua culpa, tudo de ruim começou a acontecer na minha vida!
Mas não é nada que eu não possa remediar.
-O que você está pensando em fazer,
Otaviano? Para com isso agora!
-Eu já pensei... Se eu não vou levar a
culpa pela morte da Rosane... Vou levar pela sua!- começa a estrangulá-lo!
-Acaba com ele, Otaviano! Mata ele! Liquida
esse garoto de uma vez!- o anjo novamente cerca Otaviano!
-Me solta, Otaviano! Me solta!
-Ninguém vai me impedir de me livrar de
você. Eu posso até ir pro inferno, seu fedelho metido, só que você vai chegar
antes de mim!- começa a gargalhar enquanto tira o ar de Igor.
Uma parte do teto de madeira começa a
desabar por causa das chamas, e várias faíscas caem sobre a camisa de Otaviano,
espalhando-se em questão de pouquíssimos segundos. Apavorado, o empresário
começa a gritar por estar sendo consumido pelas chamas!
-Pai! Pai! Socorro! Pai!- Igor fica
aflito com o desespero de Otaviano, completamente envolto nas chamas do próprio
incêndio que causou.
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