-Cunhadinha, o que é isso?- Marcello pega a mão de Marina
e a faz dar uma volta- Que transformação foi essa?
-Gostou? Fui eu que fiz. Se bem que a modelo ajudou
bastante- gaba-se Marília.
-Se eu gostei? Nem eu nem Max reconhecemos a Marina!
Incrível essa transformação?
-Ela não tá linda, Max?- indaga Marília.
-"Linda" é pouco. Ela tá o máximo.
-Se o rapaz mais bonito da escola falou, eu é que não vou
discordar... Mas você queria falar uma coisa com ele, né, Marina?
-É que... A gente vai fazer um curta-metragem, e precisa
de alguém pra fazer par romântico com a mocinha. Queria saber se você aceita
ficar com o papel.
-Você é quem quer saber?- Max usa um tom indutor.
-É... Quer dizer, a turma é que queria saber.
-Marina queria te esperar aparecer na aula amanhã pra
perguntar, acredita?
-Me dá um tempo pra pensar? Amanhã eu te dou uma
resposta. Prometo que digo alguma coisa na escola. Pode ser?
-Sim, tá tudo bem.
-Aproveita a noite, então. Amanhã a gente se vê-
cumprimenta-lhe com um beijo no rosto, para depois ir ao centro do salão da
casa, onde dança com algumas adolescentes, sem desviar o olhar da "nova"
Marina.
Joana inicia uma nova aula e os alunos estão divididos em
grupos. Encostados à parede, nas últimas bancas, estão Marcello, Fabrício e
Max. Já á frente, Marina, Júlia e Marília. E os dois trios estão falando sobre
o mesmo assunto: a comemoração ocorrida na noite anterior.
-Vou te confessar uma coisa: ainda não entendi você na
festa daquele jeito.
-Por quê, Júlia? Você não gostou?
-Não, não é isso. É que eu realmente não esperava que
você fosse se vestir daquele jeito.
-Claro que teve uma grande contribuição da minha parte.
-Mas você tinha que se achar por isso, né, Marília?
-Vem cá: a Dona Laura liberou vocês pra irem ontem a
troco de quê?
-De estudos, meu bem- Marília explica- Porque se fosse
pela festa, nunca que a gente ia sair.
-Bem que os pais de vocês podiam ser mais liberais, né?
-Nem me fale. Parece que nós duas moramos dentro de um
quartel. Mamãe ainda dá pra levar, mas o nosso pai... Ainda bem que ele não
fica tanto tempo dentro de casa, ia ser um inferno. Você não imagina a bronca
que ele me deu por ter repetido de ano. Até minha mesada cortou. Quando vou pra
alguma festa, é porque o Marcello me leva, porque eu não tenho dinheiro pra
mais nada.
-Agora me contem uma coisa: vocês acham que o Max vai
topar mesmo esse lance de participar do curta-metragem?
-Sinceramente, eu tenho minhas dúvidas. Disse que ia me
dar uma resposta hoje e não falou comigo desde a hora que entrou na sala.
-Em compensação, também não tira o olho de você- observa
Júlia.
-O que eles estão falando tanto, hein? Será que é de mim?
-Depois do sucesso que você fez, eu não duvido muito,
não, amiga.
-Me diz uma coisa: algum de vocês sabe o porquê dessa
mudança na festa da Júlia?
-Max, na boa, todo mundo já reparou que ela tem um amor
incubado por você. Acontece que você não dá, nem nunca deu bola pra Marina.
-Também, né, Fabrício? A gente tá falando da Marina,
aquela menina sem graça. Como é que eu vou dar atenção pra ela?
-Era sem graça até ontem, Max- Marcello confronta o
amigo- Tá na cara que ela fez isso pra te impressionar, chamar sua atenção. Se
duvidar, tá usando até essa história de curta-metragem pra tentar conquistar
você.
-Do jeito que ele tá impressionado, Marcello, eu não
duvido nada que ele caia no jogo da Marina direitinho.
-Só que tem uma coisa, Fabrício: quem faz o jogo não é
ela, sou eu.
-Quer dizer que você vai dispensar a Marina se ela tentar
alguma coisa contigo?
-O que eu tô dizendo é que eu controlo a situação. Mas
que eu vou adorar me divertir com ela, isso eu vou- os três riem da situação.
-Bom, pessoal, a aula já está acabando, mas eu precisar
conversar com vocês rapidinho sobre "Vítimas da malícia", que é o
curta-metragem que vai ser gravado pela nossa turma- explica Joana- Já
definiram quem vão ser os dois protagonistas?
-Pois então, professora... – Thales toma a palavra- A gente
não decidiu quem vai fazer a mocinha ainda, mas a gente tem uma ideia de quem
se encaixa no perfil do namorado dela. Bom, foi uma sugestão que a Marília deu.
-E quem é que você queria que interpretasse, Marília?
-Queria, não, Joana; quero! Acho o Max perfeito pro
papel.
-Tudo bem. E você, Max? Aceita protagonizar o filme da
turma?
-Olha, Joana, eu posso até topar, mas com uma condição.
-Que condição, Max?
-A Marina fazendo par romântico comigo.
Thales fica com ciúmes da colega de classe e a sala toda comenta
sobre o pedido de Max. Marília olha para a irmã com satisfação, percebendo que
o objetivo de atrair a atenção do jovem foi alcançado.
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