16/10/2016

WERNECK CAKE/ CAPÍTULO 27: DISQUE-DENÚNCIA... MANDE SMS QUE DÁ NO MESMO!





Antes de nos descabelarmos para descobrir se Lívio e a pseudo-grogue da Juliane terão alguma coisa, vamos criar agora uma passagem que será de imensa utilidade para a nossa narrativa. E o protagonista desta dita cuja atende pela alcunha de Santiago.
Tentando esmiuçar ao máximo a nossa “criatividade”, alegamos que personagens de ficção são muito mais inteligentes que nós, do plano real (não é o que o governo diria, mas...). Vamos explicar melhor: se um cara escuta uma voz anunciando que sua namorada está num local chamado “Bolero da Bodega”, certamente ele ficaria fora de si e a espancaria, alegando a prática indecente. Não é exagero, meus amigos.
Mas como a ficção tem gente mais inteligente, leremos o que Santiago vai aprontar.
-“Bolero da Bodega”, é? Voou descobrir que história é essa, peraí... - O garoto liga o computador, acessa o Google e digita o nome da casa da Nieta pra descobrir do que do que se trata. E não é que ele encontra uma home page oficial? Danadinha essa Nieta!
Santiago começa a ver as fotos do lugar e percebe que Nieta fotografou todos os funcionários da casa em plena atividade. O que chamou a atenção foi a elasticidade da moça que dança pole dance, simplesmente descrita como Nuelle.
-Caramba, isso é que é mulher. Ai, papai...

*****

Levando seu plano mórbido adiante, Lívio leva Juliane para o seu apartamento. É impressionante que ninguém mora numa casa sem escada nessa web novela, coisa chata... Abre a porta, e nela deixa a chave. A moça, uma atriz invicta, ainda finge estar desmaiada. Só que quando é posta em cima da cama do cara, o pânico vem.
-Agora, sim. Eu vou ser o único a descobrir quem é a gata que vive atrás dessa máscara- deita-se em cima dela e segura o adereço.
-Lívio... – finge delirar.
-Caramba, que remédio vagabundo foi esse que eu comprei? A menina num instante acordou.
-Eu tô passando mal. O que foi que houve? Onde é que eu estou? Eu quero o Lívio aqui. Chama o Lívio, por favor...
-Gata, ei... Calma aí. Eu tô aqui, disponível pra você. Olha pra mim. Você quer que eu tire a camisa pra olhar melhor?
-Gente, que troço estranho... Chama o Lívio... Manda ele trazer o meu remédio?
-Não precisa, Nuelle. Tu só tá um pouco zonza. Daqui a pouco passa.
-Blargh!
E temos a passagem mais romântica de toda a saga: a protagonista da história é tão romântica que vomita em cima da roupa do vilão! Depois, apoia a cabeça no travesseiro e questiona:
-Alguém vai na Farmácia do Trabalhador pra mim?
-Putz que pariu! Que nojeira, velho! Não há tesão que resista a uma dançarina vomitada.
-Vomitado tá você, meu amigo. Ai...
Numa acrobacia digna de “Circo do Faustão”, Jujuba rola a cama e ativa o gravador do seu celular, escondido no decote. Sua maneira sensual de ativar o touchscreen não faz Lívio perceber que será gravado.
-Droga, eu vou me limpar...
Juliane esconde o celular debaixo da cama.
-Homens... Homens-incógnita?
-Que tem a minha banda?
Encosta-se violentamente no cara.
-Quem compõe as músicas? Ai, é você?
-Quem dera. É o idiota de Peter. Mas por que vo...
-Ai, você bem que podia cantar umas músicas suas.
-Você tá bêbada ou eu te droguei além da conta?
-Conta mais sobre seu amigo.
-É um idiota. Um imbecil que vai me ajudar compondo as músicas pra que eu assine o contrato com a Sony, e eu vou dizer que as músicas são minhas.
-Poxa, é seu amigo, Lívio...
-Você também não vai contar, meu amor. Tá mais pra lá do que pra cá mesmo.
-Nojento.
-O quê?
-Blargh!!!!
Sessão nojenta reativada.
-Pô, Niely!
-Gold é a senhora sua avó. Eu sou Nuelle. Compra o meu remédio senão eu me jogo... – arrasta-se à janela.
-Calma, eu vou comprar. Mas vem pra cama, tá?
Lívio a recoloca em sua cama e troca de camisa.
-Eu já volto, hein?- sai e deixa a chave no mesmo lugar.
Juliane procura então o celular dele e acha numa estante. Logo, envia uma mensagem para Peter que diz “Vem na minha casa, rolou um problema. Não me liga que eu explico. Lívio”. O nosso herói decide voltar ao terminal de ônibus e tomar um para chegar ao apartamento.
Enquanto isso, Lívio procura um remédio contra vômito nas farmácias do bairro, mas recomendam-lhe que vá até a Farmácia do Trabalhador, pois o medicamento está em falta.
Já Juliane desliga o gravador, pega o celular e coloca no decote. Apressada, vai até o quarto do Lívio e pega papel e caneta para seguir com o plano. Achados, os dois são levados até a sala onde a bela escreve:
-“Melhorei do enjoo. Mais tarde a gente se encontra. Beijo, Nuelle”.
Toma novamente para si o celular do patife e exclui a mensagem mandada para Peter. Pega o celular, a chave e o aparelho de Lívio. Esconde-se no corredor, atrás de uma lata de lixo, onde continua passando mal. Passados alguns minutos, nosso protagonista-roqueiro-cobrador chega ao apartamento e bate na porta.
-Lívio, Lívio, abre a porta. Sou eu, Peter.
Juliane puxa-o pelo braço.
-Que é isso?
-Eu não posso explicar.
-O que você tá fazendo aqui? Tá dando trela pro Lívio? Depois ele te agarra no banheiro e reclama...
-Ele tá vindo. Cala a boca!
-Eu tenho que falar com ele, me solta.
-Cala essa boca e confia em mim, se esconde!
Lívio chega e abre a porta.
-Trouxe o seu remédio, Nuelle. Nuelle?- vai procurá-la no banheiro.
É a deixa perfeita para Juliane puxar a porta e trancar Lívio dentro.
-Que é isso? Nuelle... - passa a mão na fechadura e vê que não pode sair- Nuelle, que palhaçada é essa? Abre a porta, vai. Eu trouxe o teu remédio... Abre a porta, vagabunda!
-Abre essa porta, Nuelle- ordena Peter.
-Quem tá aí?- grita Lívio.
-Fica quieto, quer que ele descubra?- sussurra a dançarina, e puxa o rapaz para o elevador.
-M solta, Nuelle! Que palhaçada é essa?
-Lá fora eu falo. Vem!
Fora do prédio, Juliane e Peter tentam esclarecer tudo sobre o caráter de Lívio.
-Você surtou, por caso? Quer me explicar o que tá acontecendo?
-Quero, quero sim.
-Mas primeiro você vai soltar o Lívio.
-Não vou nem a pau, escuta isso.
-Eu não vou escutar nada. Me dá essa chave.

*****

E Santiago continua com a foto da Nuelle na cabeça. E na vista.
-“Bolero da Bodega”? Será que a Juliane tava lá com a Carolina? Mas esse corpo, pense... Se eu não tivesse namorada? Não, vai que a Carolina vira uma Leilah louca e pega no meu pé, cruz-credo...
E repara na foto de novo.
-Mas essa Nuelle é tão...
E lembra as falas do capítulo 4!

-Sem querer, você derramou Coca-Cola nela? Sem querer? Veio em boa hora, isso sim.
-Tá bem difícil, hein, Santiago? Toda tarde ter que ir na fisioterapia e fazer aquela cara de leso, de quem não quer nada, com aquele "tipão" do lado.
-Putz, cara... Vai me dizer que com uma mulher daquelas, todo dia na tua frente, você ainda não pegou?
-Não, besta. Esqueceu que tenho namorada? É lógico que Juliane não está interessada, senão eu já tinha percebido atenção. Lembra que eu te falei que ela pediu pra eu mudar de conversa quando eu olhei por dentro do jaleco?
-Por dentro do jaleco... Eu já tinha dado um jeito daquele jaleco não me aparecer nunca mais na vida. A mulher dando sopa e você preocupado com besteira. Sabe de que mais? Pra mim, você não quer entregar o jogo: já pegou Juliane, sim, e não quer falar.
-Eu não sou doido de dizer que estou interessado nela, que acho ela gostosa e que quero pegar. Aí eu estaria mentindo.

-Não é possível!- e bota a cabeça a funcionar. Lembra outra passagem:

-Onde você foi? Não chegou até agora.
-Encontrei Juliane no meio do caminho. Ela tava passando mal e eu fui à farmácia com ela pra comprar um remédio.
-Bem-vindos ao “Bolero da Bodega”. Vamos começar com o clássico “Onde estará?”.
-Que lugar é esse, Carolina?
-Ah... - gagueja- Do... Do caminho da farmácia. Tchau!

-Que site é esse, Santiago?- assusta-se Carolina.
-Nunca visitou? Não tá lembrando, meu amor? Home page do “Bolero da Bodega”! Com fotos exclusivas da Nuelle. Nossa velha amiga, sabe? A que dorme com o meu irmão!
-Santiago, fica calmo.
-Quando é que você ia abrir a boca pra me contar que a minha futura ex-cunhada dança pole dance?

*****
-Nuelle, eu tô sendo educado contigo. Me dá a chave pra eu...
-Não! Você não vai querer soltar o Lívio depois que eu revelar a verdade!
-Ah, é? E o que é que você faz tanta questão de me contar, depois de ter armado esse circo no meio da rua?
O gravador é ativado.
-Homens... Homens-incógnita?
-Que tem a minha banda?
-Quem compõe as músicas? Ai, é você?
-Quem dera. É o idiota de Peter. Mas por que vo...
-Ai, você bem que podia cantar umas músicas suas.
-Você tá bêbada ou eu te droguei além da conta?
-Conta mais sobre seu amigo.
-É um idiota. Um imbecil que vai me ajudar compondo as músicas pra que eu assine o contrato com a Sony, e eu vou dizer que as músicas são minhas.
-Poxa, é seu amigo, Lívio...
-Você também não vai contar, meu amor. Tá mais pra lá do que pra cá mesmo.
-Nojento.
-O quê?
-Blargh!!!!

-Que armação é essa, Nuelle?
-O Lívio está te enganando. Ele quer roubar as suas músicas pra decolar na carreira solo. Agora, me diz: vai soltar o cafajeste?
Se não fôssemos escritores, trabalharíamos na Canadá Color ou na Sempre Fotos. Entendemos tudo sobre revelação.

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