CENA 1
VLAVIANO:
Quem é você?
VLAD:
Pode me chamar de Vlad. E você quem é? Tá fazendo o quê aqui? Como eu vim parar
na biblioteca? Quem te deu a chave? Já foi aluno do Providencial também?
VLAVIANO:
Danou-se! É uma criança ou a Matraca da “Turma do Pateta”? Por onde foi que
você entrou?
VLAD:
Porta da frente, ué. Cheguei atrasado, pensei que não iam me deixar entrar por
causa dos meses que eu tô devendo.
VLAVIANO:
Tá falando do quê, menino? Que história é essa de meses? Já faz anos que o
colégio tá fechado!
VLAD:
Não te ensinaram que é feio ser abacabento, não?
NARRADOR:
“ABACABENTO”: também dito por muitos como “abacabeiro”, significa “mentiroso”.
O adjetivo é derivado da palavra “abacaba”, que é a gíria para “mentira”. Não
confunda com “bacaba”, que é uma palmeira típica da Amazônia, também conhecida
como “bacabeira”.
VLAVIANO:
Não é mentira minha, eu recebi uma mensagem de alguém que me ofereceu emprego e
pediu que eu viesse pra cá.
VLAD:
Alguém quem?
VLAVIANO:
Sei lá!
VLAD:
Porque não tem ninguém lá fora. E aqui dentro, só tu.
VLAVIANO:
Bem que eu pensei! É golpe!
VLAD:
Calma, vai ver é entrevista de emprego. Vai ver foi Abigail, a coordenadora do
colégio, que te mandou.
VLAVIANO:
Já entendi tudo. Você foi mandado pelos golpistas pra me enganar, não foi? Olha
aqui, menino, se for assalto eu já vou logo avisando que tô mais liso que
prancha de surfe com parafina!
VLAD:
Relaxa, moço. Ela atende na sala dos professores, perto do portão.
VLAVIANO:
Que atende o quê? Todo mundo tá cansado de saber que esse prédio tá à venda,
que o colégio fechou!
VLAD:
Fechou? Quando é que foi isso? Agora eu vou estudar aonde?
VLAVIANO:
“Onde”.
VLAD:
É, foi isso que eu falei. “Aonde”.
VLAVIANO:
O certo é “onde”, menino... Vê se para de me enrolar. Eu vou embora daqui, já
perdi tempo demais com você.
VLAD:
Ah, não. Agora você vai me explicar essa história de colégio fechado.
VLAVIANO:
Vem cá, você é burro ou o quê? Não tá sabendo que esse prédio fechou há sete
anos?
VLAD:
Sete? É um abacabento, sem dúvida. Só pra você saber: eu tava na minha aula de
Educação Artística, com a professora Raimunda, ela me pediu pra desenhar como
eu me via no futuro, de repente acabou a luz e eu...
VLAVIANO:
Que é isso, rapaz? O dicionário todo? Eu vou-me embora daqui.
VLAD:
Vai, vai mesmo. Comigo junto!
VLAVIANO:
O que você quer?
VLAD:
Que você me explique como eu saí da sala e vim parar aqui na biblioteca com
você. E ainda mais com essa conversa mole de colégio fechado há sete anos.
VLAVIANO:
Se vier atrás de mim, eu juro que...
VLAD:
Quem vai jurar sou eu. Juro que jogo o Estatuto da Criança e do Adolescente na
sua cara se você partir pra cima de mim.
VLAVIANO:
Olha, quem me jogou essa maré de azar vai ganhar o Troféu Imprensa de Maior
Rogador de Praga do ano, viu? Porque eu mereço (sai do colégio)!
VLAD:
Vai pra onde?
VLAVIANO:
Pra longe de você!
VLAD:
Sonha (segue Vlaviano)!
(ABERTURA)
CENA 2
(fundo
musical: “Adrenalizou (Gabe Pereira remix)”- “adrenalizou o meu coração/ menina
bonita quando eu toquei na tua mão”)
Exibe-se
a frente do prédio da sede da Pharmanveres, onde Maria Clara lê pelo celular as
notícias envolvendo o seu nome.
MARIA
CLARA: Olha só pra isso: “Dona da Pharmanveres envolvida em escândalo com
narcóticos”, “Presidenta de indústria farmacêutica é acusada de drogar
pacientes”... Gente, olha eu na seção de polícia do jornal: “Alucinógeno é
ministrado por Anveres dentro de sede da empresa; cobaias prestam queixa”...
Coisa horrorosa! Se tiver um AdBlock na Google Play Store, eu vou instalar pra
não ter que ler isso, porque de manchete mentirosa eu já tô até o tucupi!
NARRADOR:
“ATÉ O TUCUPI”: quando alguma coisa está muito cheia.
MARIA
CLARA: Vamos ver se tem mais alguma coisa que... Mas o que é isso? “Ivan
Lemgruber, ícone da geografia nacional, fixa novamente residência em Manaus”.
Como será que ele está depois desses anos todos? Será que virou um baiacu?
NARRADOR:
“BAIACU”: pessoa um pouco acima do seu peso, gordinha.
Nick,
a secretária de Maria Clara, entra na sala de sua patroa com uma prancheta na
mão.
NICK:
Licença, Maria Clara. Eu vim aqui pra saber se você tem algum compromisso pra
que eu coloque na agenda. Maria Clara?
MARIA
CLARA: Falou comigo?
NICK:
Tem algum compromisso que queira marcar?
MARIA
CLARA: Não. Eu vou terminar de trabalhar em casa.
NICK:
Tu tens que espairecer um pouco, sair do olho do furacão.
MARIA
CLARA: Você tem razão, Nick. Mas hoje não. Talvez amanhã eu vá jantar naquele
restaurante de sempre.
NICK:
Naquele que fica no centro?
MARIA
CLARA: Esse mesmo. Aliás, Nick, faz a reserva no meu nome antes que eu me
arrependa e decida ficar em casa (pega a pasta). Até amanhã.
NICK:
Boa noite.
CENA 3
(fundo
musical: “Luz que me traz paz (Astronauts & Deep Motion remix)”- “eu vou
cantar pra ela/ que sem ela não existo mais”)
Vlaviano
abre os olhos após ter dormido à noite inteira. Ao abrir um dos lados da janela
de seu quarto, toma um susto ao ver Vlad encostado à grade que envolve o
objeto.
VLAVIANO:
Que é que tu estás fazendo aqui, miséria?
VLAD:
Vim em busca de respostas.
VLAVIANO:
Veio? Pelo visto, nem foi, né? Passou a madrugada aqui?
VLAD:
Claro, quero saber que história é essa do colégio fechado. E também não vou
sair daqui até descobrir como voltar pra casa.
VLAVIANO:
Menino, eu não sei de que baixa da égua você veio, mas você não tinha nada que
ter ficado aqui. Aliás, como é que conseguiu entrar?
NARRADOR:
“BAIXA DA ÉGUA”: um local muito distante.
VLAD:
E eu é que sei? Entrei quando vim atrás de você.
VLAVIANO:
Ontem à tarde?
VLAD:
Rapaz, você tem que me ajudar. Eu não consigo voltar pra casa. Tá tudo mudado,
as ruas estão diferentes, parece que toda casa agora tem um primeiro andar.
Será que não tem como ligar pro convencional de lá?
VLAVIANO:
Ninguém da tua família tem celular, não?
VLAD:
Celular é coisa de rico, homem.
VLAVIANO:
Até mendigo tem isso em 2020, Vlad. Não finge que não sabe.
VLAD:
Se tem alguém fingindo alguma coisa aqui é você. Ou então é aloprado, porque
dizer que estamos quinze anos à frente é um pouco demais, não acha?
(fundo
musical: “À francesa” (Extended club mix)”- parte instrumental)
VLAVIANO:
Quinze anos?
Estamos
apresentando “Catch back”.
(fundo
musical: “Linha de fogo (DJ Corello soul inside remix)”- “dance, dance, dance mania”)
NARRADOR:
Duas das figuras mais emblemáticas do planeta são o tema desse documentário
rejeitado pela BBC de Londres. Thiago Barros apresenta “Informações extraídas
da Wikipédia”. Hoje, depois do segundo episódio de “Catch back”.
Voltamos
a apresentar “Catch back”.
(fundo
musical: “Linha de fogo (DJ Corello soul inside remix)”- “dance, dance, dance
mania”)
VLAVIANO:
Não estamos em 2005, anormal!
VLAD:
Claro que a gente tá, inclusive tá passando a “Malhação” do Bernardo e da
Betina. Já consegui uns sete CDs da série.
VLAVIANO:
Sete? Acho é pouco. Eu tenho onze. Fora os discos fan made que eu elaboro.
NARRADOR:
“ACHO É POUCO”: quando se vê uma coisa em grande quantidade.
VLAVIANO:
O que você pretende, afinal?
VLAD:
Conseguir mais. O que não vai ser difícil, já que todo mundo sabe que
“Malhação” não vai acabar nunca!
VLAVIANO:
Pense o que você quiser. Eu tenho consulta com o meu psicólogo, e já vou logo
avisando que você não vai comigo.
VLAD:
Duvida?
VLAVIANO:
Menino, não me testa!
VLAD:
Desculpa, mas vou porque acho chique dividir os problemas com os outros. Eu não
divido nem a pizza de uma calabresa que eu compro na cantina do colégio.
VLAVIANO:
Nesse sentido, eu me assemelho a você. Quando eu tinha a sua idade, fazia a
mesma coisa. Mesmo assim você não vai.
VLAD:
Vai me proibir como? Você não é nada meu.
VLAVIANO:
Mas posso te trancar aqui até voltar da minha sessão.
VLAD:
Você não é nem doido de me deixar aqui sem me ajudar a voltar pra casa antes.
VLAVIANO:
Bom dia (sai do apartamento e tranca Vlad, mas acaba surpreendido quando vê o
adolescente ao seu lado).
VLAD:
Só me explica uma coisa: esse teu psicólogo te faz pensar coisas sobre “ser ou
não ser? Eis a questão!” ou fica calado ouvindo teus desabafos?
VLAVIANO:
OK, eu não sei como é que você fez isso, mas já que eu não consigo me livrar,
você vem comigo. Mas vê se vai calado, não quero ter um ataque de fúria dentro
do ônibus.
VLAD:
Ah, que pena. Todo mundo diz que eu sou bom em inglês. Pensei em ficar cantando no meio do caminho “when you have no light to
guide you/ and no one to walk beside you/ I will come to you/ oh, I will come
to you”.
Vlaviano
revira os olhos devido à profunda irritação que a presença de Vlad lhe causa.
CENA 4
(fundo
musical: “Jack Soul Brasileiro (Jørd & Mojjo remix)”: “olha, Tião! Foi?
Foste? Fui!/ Compraste? Comprei!/ Pagaste? Paguei!/ Me diz quanto foi/ Foi
quinhentos reais”)
Amazing,
o restaurante que Nick reservou para Maria Clara, aparece no início desta cena.
O maitre atende a empresária do ramo
farmacêutico.
MAITRE:
Como é bom recebê-la novamente, Srta. Anveres.
MARIA
CLARA: Pena que a ocasião não ajuda, não é?
MAITRE:
Posso trazer o vinho de sempre?
MARIA
CLARA: Me deixa olhar a carta de vinhos, pra me lembrar do preço.
MAITRE:
Desde quando a senhorita fica preocupada com isso?
MARIA
CLARA: Minha imagem ficou tão arranhada que, se eu for flagrada degustando uma
taça sequer, a reputação vai pra lata do lixo.
MAITRE:
O seu preferido é o último da lista.
MARIA
CLARA: Por esse preço? Acho é pequeno...
NARRADOR:
“ACHO É PEQUENO”: quando se vê algo grande.
MARIA
CLARA: Faz o seguinte: traz uma garrafa de água mineral com gás.
MAITRE:
Trinta reais, Srta. Anveres.
MARIA
CLARA: Por que um preço tão abusivo desses?
MAITRE:
É gourmet. O processo de
transformação das coisas simples em gourmets
tem levado os clientes a pagarem mais do que deveriam. Cortar o cabelo
masculino já está por oitenta!
MARIA
CLARA: Me traz logo. Se é pra morrer de fome, que pelo menos de sede eu não
morra!
MAITRE:
Com licença.
Paloma
está escondida atrás de um menu e faz
um sinal para o maitre quando ele
está prestes a voltar para a mesa diante da qual Maria Clara está.
PALOMA:
Desculpe, você pode me dar uma informação?
MAITRE:
Claro, o que deseja saber?
PALOMA:
Aquela mulher ali... Não é a que está envolvida num escândalo?
MAITRE:
Queria me perdoar, mas eu não sei do que está falando.
PALOMA:
Então, você precisa ler mais jornal. Ou assistir ao “Chicoteando”, eu
recomendo. Aquela ali é Maria Clara Anveres, a farmacêutica acusada de inserir
drogas nos próprios pacientes.
MAITRE:
Será?
PALOMA:
Não que eu queira me intrometer na gestão do restaurante, longe de mim. Mas eu,
como cliente, me sinto incomodada de dividir o espaço com uma pessoa acusada de
um crime como esse.
MAITRE:
Entendo. Bem, eu vou tomar providências.
PALOMA:
Agradecida.
O maitre volta ao encontro de Maria Clara.
MAITRE:
Queira me desculpar, Srta. Anveres, mas terei que pedir para que se retire da
mesa.
MARIA
CLARA: (Ivan passa em frente ao Amazing e flagra a cena) Isso é algum tipo de
brincadeira?
MAITRE:
Infelizmente, eu estou falando sério.
MARIA
CLARA: Pois eu também. Me recuso a sair daqui sem uma explicação convincente.
MAITRE:
É que alguns dos nossos clientes fizeram queixas a respeito da sua presença.
IVAN:
(entra no restaurante) Eu não reclamei.
(fundo
musical: “Tempo perdido (Anicio, Danne, Vipp remix)”- “todos os dias quando
acordo/ não tenho mais o tempo que passou”)
MARIA
CLARA: Ivan...
IVAN:
Lemgruber, crítico gastronômico respeitadíssimo aqui no Amazonas.
MAITRE:
Nunca ouvi falar.
IVAN:
Disse “respeitadíssimo”, não “conhecidíssimo”. E vou levar o tratamento que
essa moça teve de sua parte em consideração quando fizer uma resenha desse
estabelecimento.
MAITRE:
Por favor, senhor, eu preciso desse emprego. Aliás, tá todo mundo precisando.
IVAN:
Então, providencie o pedido da senhorita o mais rápido possível.
MAITRE:
Claro que sim. O senhor também deseja alguma coisa?
IVAN:
Só uma: que você suma da minha frente. Agora.
MAITRE:
Desculpe o inconveniente, Srta. Anveres. Com licença.
MARIA
CLARA: Eu tinha lido que você ia voltar ao Brasil. Mas não esperava que
fôssemos nos encontrar.
IVAN:
Que pena.
MARIA
CLARA: Pena? Por quê?
IVAN:
Porque, ao contrário de você, eu vivo pra cogitar essa possibilidade.
PALOMA:
Que ódio! A química entre a manauara dos infernos e ele já atingiu níveis de
radiação estratosféricos!
MARIA
CLARA: Você voltou ao Amazonas por mim?
IVAN:
Também. Mas o certo seria dizer que eu voltei por nós. Pra nos dar a chance que
você não quis ter comigo no passado.
(fundo
musical: “Farol (Kaloze, Nogue, Vhenace remix)”- “quando a escuridão vier te
abraçar, encontre o seu farol”)
CENA 5
DOUGLAS:
(no consultório) Por favor, fique à vontade no divã.
VLAVIANO:
Como é que você acha que eu vou ficar à vontade com esse menino me olhando?
VLAD:
Só tô admirando o ambiente, nunca vim pra um psicólogo.
VLAVIANO:
E nem vai, porque a consulta quem marcou fui eu! Sai daqui!
DOUGLAS:
Calma, Vlaviano!
VLAVIANO:
De que jeito, Doutor? Esse cara me segue onde quer que eu vá, não me larga de
jeito nenhum! (levanta-se do divã e vai falar com Vlad) O que você quer pra
sumir da minha vida?
VLAD:
Pra começar, abaixa o volume da voz porque de gente que fala alto sem perceber
já basto eu. Vlaviano, você tem que ver o lado bom da vida, parar de ficar
reclamando de tudo. Tem gente velha mais animada do que você!
VLAVIANO:
Tá me chamando de velho, garoto?
VLAD:
De chato. Aliás, esse é o meu segundo maior medo na vida: de crescer e saber
que eu virei um adulto chato. O primeiro é o “Plantão da Globo”.
VLAVIANO:
Quanto a isso, não se preocupe. Se você não sair da minha frente em cinco
segundos, eu garanto que você não vai saber o que é chegar à idade adulta!
DOUGLAS:
Vlaviano, para com isso e senta!
VLAVIANO:
Se você não tirar esse menino daqui, eu juro que vou chamar o segurança do
prédio e mando botar pra fora! Ele e você!
DOUGLAS:
Que menino, Vlaviano? Você ficou maluco de vez? Não tem garoto nenhum aqui!
VLAVIANO:
Como não tem, se ele tá... (percebe que Vlad não está presente no consultório)
Ué, onde é que ele foi parar?
DOUGLAS:
Não tem ninguém aqui além da gente. Quando você chegou, veio sozinho.
VLAVIANO:
Isso não é possível... Tem que ter uma explicação.
DOUGLAS:
Senta aqui, a gente precisa conversar. Vem. Me fala: por que você tá dizendo
que um menino tá te seguindo?
VLAVIANO:
Douglas, não é o que eu tô dizendo. É a verdade. Esse menino anda atrás de mim
feito um alucinado.
DOUGLAS:
Pelo visto, não é só ele o alucinado aqui.
VLAVIANO:
Hein?
DOUGLAS:
Deixa pra lá. Fala como foi que você conheceu o... Com que nome ele se
apresentou pra você?
VLAVIANO:
Vlad. Deve ser de Vladimir. Se bem que até eu usava esse apelido.
DOUGLAS:
Recentemente?
VLAVIANO:
Não, na adolescência, quando eu estudava no Colégio Providencial. Tinha
vergonha de me chamar Vlaviano... Bom, isso até hoje. Tá aí mais uma
coincidência: além do meu apelido, ele também disse que estuda lá.
DOUGLAS:
De que jeito? Até onde eu sei, essa escola tá fechada há anos.
VLAVIANO:
Isso também é o que eu queria descobrir. Quer dizer, eu não quero saber nada
desse cara, só quero que ele suma da minha vida.
DOUGLAS:
Onde foi que você conheceu esse garoto?
VLAVIANO:
Lá mesmo. Mandaram uma mensagem pra mim, dizendo que tinham uma proposta de
emprego, e eu fui lá.
DOUGLAS:
Te ofereceram o quê?
VLAVIANO:
Nada. A única coisa de diferente que aconteceu foi esse pivete ter me
aparecido. Cara, como esse menino fala! Que ódio! Sempre sorridente, sempre
brincalhão, sempre...
DOUGLAS:
O avesso de você. É isso que te irrita.
VLAVIANO:
Sabe o que é pior? É não saber de onde esse menino vem, não poder entregar pros
pais dele. Daqui a pouco vão dizer que eu sequestrei um adolescente e tô
andando com meu refém a tiracolo por toda Manaus. (Douglas começa a rir do
comportamento do paciente) Tá rindo de quê, Freud nortista?
DOUGLAS:
Acho que eu comecei a entender por que esse tal de Vlad apareceu na sua vida.
VLAVIANO:
Mesmo? Por que é, então?
DOUGLAS:
Reparou se esse menino, fisicamente falando, tem alguma semelhança com você?
VLAVIANO:
Agora que você falou... Acho que a única coisa que ele não tem é a minha
calvície. Mas até as espinhas que eu tive quando adolescente o desgraçado
parece que tá colecionando.
DOUGLAS:
A resposta pro enigma não tá em mim, mas sim em você.
VLAVIANO:
Douglas, eu não sou passatempo de gibi da Turma da Mônica pra adivinhar as
coisas. Dá a resposta.
DOUGLAS:
Já parou pra pensar que esse menino possa ser seu filho?
(fundo musical: “Puro êxtase (Sax in the house
version)”)
A
imagem congela no rosto de Vlaviano, confuso com a teoria elaborada por
Douglas.
(CRÉDITOS FINAIS)
(fundo
musical: “Livre pra viver (DJ Ippocratis ‘Grego’ Bournellis, DJ Silvio Müller,
DJ Cabello e DJ Ricardo Guedes)”- “eu não me escravizei/ nem me entreguei a
você”)
(VINHETA DA JOGA FORA NO LIXO PRODUÇÕES)
CHAMADA
(fundo
musical: “Dias e noites”- “quero ser seus sonhos/ dentro de você te conhecer/
quero ter seu corpo/ bem junto ao meu, sentir prazer/ viver algo novo/ tocar no
seu rosto”)
NARRADOR:
Próxima quinta- Paloma acredita que pode conquistar o coração de Ivan.
PALOMA:
Vim te convidar pra sair. Borimbora?
IVAN:
Pra onde você quer me levar?
PALOMA:
Pra qualquer lugar que tenha espelho no teto.
NARRADOR:
E Vlaviano pode ter sido uma das cobaias do experimento feito pela empresa de
Maria Clara.
VLAVIANO:
Será que essa mulher é a resposta pra esse mistério envolvendo o tal de Vlad?
Eu vou tirar essa história a limpo com a dona da Pharmanveres. Alguma
explicação ela vai ter que me dar.
(fundo
musical: “Dias e noites”- “viver algo novo”)
NARRADOR:
Próxima quinta- “Catch back”.
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