-Tudo bem. Por mim, eu acho que tá tudo bem. Mas só vou se a Talita for, e se minha tia deixar.
-Claro que deixo, Luiza. Nuno mora aqui perto, ele e a irmã são de confiança.
-Pra mim não precisa nem perguntar. Já topei.
-Que massa!- Nuno sorri com o convite aceito- Então... Vou avisar à Júlia que vocês vão no sábado. Duas da tarde.
-Obrigada por avisar. Agradece à Júlia pela gente.
-Pode deixar- Nuno diz à Luiza, para em seguida acenar para Fátima- Valeu, Dona Fátima.
-De nada, meu filho.
-Tchau, Talita- fecha a porta.
-Tchau, Nuno.
-Só eu reparei?
-Reparou no quê, Tia?
-Ah, vá, Luiza! Nuno é todo educado, certinho... O menino quase gaguejou só pra chamar vocês pro apartamento. O que será que deu nele?
-Vai saber!- dispara Luiza.
-Liga, não, Tia. Ela tá se fazendo de difícil.
-Olha só, no lugar de ficar aí dizendo besteira, você bem que podia me ajudar com o trabalho de amanhã- Luiza volta a sentar diante do computador.
-Tá bom, Luiza, eu vou pegar o livro lá no quarto pra gente terminar e imprimir o trabalho. Já volto.
A sós na sala, Fátima e Luiza começam a se falar novamente quando a tia olha para a adolescente de maneira que demonstra ter percebido o interesse de Nuno. Fátima solta um sorriso.
-O que foi, Tia?
-Fala a verdade. Por que você aceitou ir pra festa da Júlia?
-Não era pra ter topado, né?
-Não, não é isso. Mas é que não dá pra deixar de comentar que Nuno não tirava os olhos de você.
-Impressão sua.
-Ele gostou de você, Luiza.
-E daí? Eu não quero ficar com ninguém.
-Sabe o que eu acho? Que você devia tirar a prova.
-Pirou, Tia Fátima?
-Normalmente, eu não costumo me enganar com o caráter das pessoas. Talvez o Nuno te faça bem. Dá pra ver só pelo carinho que ele tem falando contigo.
-Tô muito bem sem ninguém, tá?
-Você já é uma adolescente, Luiza. O mais natural é que uma hora você acabe se interessando por alguém da sua idade.
-Pra quê? Se for pra sofrer que nem a minha mãe, eu prefiro ficar sozinha.
-Do que está falando?
-A senhora acha mesmo que eu caio nessa conversa de pai amoroso que o Dr. César fala pra todo mundo?
-Não chama seu pai pelo nome.
-Na cabeça dele, ser pai é sustentar e pronto. Amor que é bom, ele não dá. Também nunca aprendeu, porque se fosse assim, ele ia estar com minha mãe até a morte dela.
-Casamentos acabam, Luiza. Já passou do tempo de você aceitar que a união entre o César e a Soraia não existe mais.
-O fim do casamento não importa. O motivo é que eu não aceito. Eu gosto de ser leal com todo mundo, Tia, e não me vejo do lado de alguém que não sabe ser desse jeito.
-E por causa disso, vai rejeitar todos que chegam perto de você? Porque não tem certeza da lealdade que você tem e os outros podem não ter?
-Ficar sem ninguém é uma decepção a menos, não acha?
Talita chega com o livro e Luiza retoma o trabalho escolar. Fátima sai da sala, preocupada com o ressentimento da sobrinha por César.
////
Chega finalmente o sábado. Bem cedo, um assistente social caminha pelo asilo e encontra Hermínia sozinha. O clima está frio, e a idosa está parada no meio do jardim.
-Já em pé a essa hora, Dona Hermínia?
-Passei a noite insone.
-O que foi que houve? Mal-estar?
-Não. São as minhas lembranças. Tem dias que elas estão mais latentes do que nunca... É como se eu tivesse acabado de vivê-las, ou mesmo como se estivesse lá.
-Quer conversar sobre isso?
-Deixa, moço. Eu posso sobreviver a isso, mesmo que me doa.
-A senhora tem que dividir seu problema com alguém.
-Se ao menos tivesse solução... Só que minha filha já está morta. Ninguém pode interceder por ela.
-Por favor, sinta-se à vontade.
-Soraia dividiu por anos a fio a sua agonia comigo.
-A que se refere exatamente?
-Ao casamento fracassado com César. Durante anos, ela alimentou o sonho de ser mãe, e pensou que estava dividindo esse anseio com o marido.
-E não estava?
-Até certo ponto, sim. Só que interesses em comum não garantem lealdade de ambas as partes.
-Por que diz isso? Ela não conseguiu engravidar do marido? E aquelas moças que vieram aqui outro dia? Não são suas netas?
-A mais nova, Talita, é deles mesmo. A mais velha, Luiza, é adotada. E é por causa dessa adoção que... – Hermínia começa a chorar.
-Se não quiser falar agora, eu posso deixar a senhora sozinha.
-Talvez você tenha razão. Eu ainda não me sinto pronta pra dizer qualquer coisa sobre o que aconteceu com a minha filha. Mas eu prometo que vou me abrir.
-Quando se sentir melhor, Dona Hermínia.
-Nunca vou me recuperar. Ninguém que perde uma filha é capaz disso, rapaz.
-Tudo bem. Não tem pressa. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar- o assistente se retira.
////
Beto e Júlia conversam na sala, enquanto Nuno e Hugo preparam uma pizza na cozinha. Com o som alto, ouve-se a campainha tocando. Beto ouve o barulho.
-Deixa que eu atendo- levanta-se do sofá, bastante solícito. Abre a porta e recebe as irmãs Luiza e Talita- E aí? Tudo bem?
-Beto!- exclama Talita, dando um abraço no novo amigo. Luiza entra com o presente e o entrega à Júlia.
-Parabéns, Júlia- abraça-lhe- Muitos anos de vida.
-Obrigada por virem. Não sabem como eu tô feliz de receber vocês aqui em casa.
-Acho que a gente chegou cedo demais, né? Só tem nós seis aqui.
-Que nada, boba! Eu é que quis fazer uma coisa mais intimista.
-Pensei que você fosse mais popular, que ia chamar mais gente...
-Ah, mas fiz isso no ano passado, e deu o maior rolo com o síndico do prédio. Pelo menos na segunda à noite, eu vou reunir toda a turma da faculdade num restaurante que fica perto de lá.
-Tudo bem, Luiza?- Nuno se aproxima.
-Tudo, e você?
-Melhor agora- a declaração constrange Luiza.
-Tenho a impressão de que vim à festa sozinha- observa Luiza, diante da empolgação de Talita num diálogo com Beto.
-Eu ouvi isso, hein?
-É pra ouvir mesmo. Vem falar com a Júlia aqui, sua doida!
-Parabéns, Julinha!- Talita, após a repreensão da irmã, trata de abraçar Júlia- Muitas felicidades, saúde, sucesso, amores... -enfatiza o último ponto com seu tom de voz sugestivo.
-Ih, menina. Mais fácil eu focar mesmo no sucesso, porque em amores...
-Que é isso? Vai ver tem alguém de olho em você e ainda nem se deu conta!- diz Talita, olhando para Hugo, demonstrando que sabe do interesse que ele tem pela anfitriã. O jovem retribui o olhar.
-Pena que eu não esteja muito disposta a isso, meu bem.
-Gente, eu não sou dono da casa, mas... Sentem. Fiquem à vontade- Beto pede às irmãs, para depois pegar uma bebida na geladeira.
-Ah, Nuno, você podia mostrar o teu quarto pra Luiza.
-Meu quarto?
-É. Infelizmente você quis ficar com o quarto que tem a vista mais privilegiada. Apresenta pra Luiza. Eu tô sentindo que ela vai adorar.
-Mas por que pra mim e não pra nós duas?
-Porque Julinha sabe que eu pretendo ficar aqui na sala. Pode ir, Lu. Eu vou ficar aqui.
-Vamo, Luiza?- pede Nuno.
-Tudo bem. Onde é?
-Por aqui...
-Milagre sua irmã ter topado. Por um momento eu achei que ela não fosse passar da porta do apartamento- observa Júlia.
-Qual é o problema? Ele só vai mostrar a vista do apartamento, né?
-Pois é. Nuno não vai fazer nada além. Nada além do que ela não queira junto com ele.
-Acha mesmo que minha irmã tá afim de Nuno?
-Até pode ser que não, Talita. Mas que ela fica lisonjeada com o jeito que meu irmão olha pra ela, não dá pra negar.
-Duvido muito, Julinha. Mesmo que Luiza goste do Nuno, ela é fechada demais pra deixar os outros sacarem.
-Aprende uma coisa, Talita: certas coisas a gente deixa no ar, e não tem ninguém que consiga camuflar o que a gente sente- conclui Beto.
-Que lindo isso que você disse...
-De que site você tirou isso, Beto? Porque da sua cabeça é que não veio- brinca Júlia.
-Tem hora que é difícil de lidar com sentimento escondido, Júlia. Se a gente não falar, como é que vai viver o que sente?
Hugo lê os lábios de Beto e nota falsidade em suas palavras.
////
Enquanto todos estão comemorando o aniversário de Júlia na sala, Luiza está no quarto de Nuno, olhando o sol se pondo através da janela, que ocupa praticamente toda a parede.
-Bonito, né?
-É. É lindo mesmo.
Nuno se aproxima da jovem, que está de costas para ele.
-Nem acredito que você tá aqui.
-Acho melhor a gente voltar pra sala...
-Espera. Não precisa fugir, eu não mordo.
-O que você quer?
-Olhar pro seu rosto, dizer que você não sai da minha cabeça desde que chegou...
-Já percebi. Saquei o jeito que você fala, como parece nervoso, até sua um pouco. Só tem uma coisa que eu não entendo em você.
-O quê?
-O que foi que você viu em mim.
-Pra ser sincero, eu não sei. Mas indiferente eu não consigo ficar.
-Nuno, é melhor a gente voltar pra sala, né?
-Fica aqui. Fica comigo.
Nuno se aproxima do rosto da jovem e troca um beijo lento com ela. Luiza une a sua mão direita à mão esquerda do irmão de Júlia.
////
Já à noite, Fátima se senta em frente à televisão da sala de estar pra acompanhar o noticiário. César destranca a porta.
-Boa noite, Fátima.
-Já aprontei seu jantar, César.
-Pense num dia complicado. Soube do acidente que teve na BR?
-Tava passando agorinha no jornal.
-Fui eu quem atendeu os feridos. Felizmente, ninguém sofreu nada mais grave.
-Ainda bem.
-E as meninas?
-Estão na casa da Júlia.
-Fazendo o quê lá? Já se entrosaram tão rápido?
-Nuno veio aqui avisar que hoje é aniversário de Júlia. Vai ter uma festa no apartamento.
-Isso foi a que horas?
-Eram duas horas da tarde.
-E você deixou as duas irem pro apartamento sozinhas?
-O que eu ia fazer lá? É festa de jovem, César.
-Por isso mesmo, Fátima! Será que você não entende? As minhas filhas estão expostas a qualquer coisa, com gente que mal conhecem! E se alguma delas experimentar um cigarro? Um baseado? Beber? Você não raciocina, mulher?- ele joga a maleta sobre o sofá.
-Das suas filhas eu não sei, mas das minhas sobrinhas eu conheço perfeitamente a índole. Nunca que Talita e Luiza... – a dona de casa vê o irmão destrancando a porta do apartamento- Onde é que você vai?
-Que pergunta imbecil, Fátima... – César abre a porta.
-Pelo amor de Deus, não faz essas meninas passarem vergonha, César!
-Eu é que espero não passar vergonha com elas. Tomara que não estejam fazendo nada de errado mas, de todo jeito, eu vou trazer as duas pra casa!
-Mas, César... vê o irmão, irredutível, fechar a porta.
////
Sobre o sofá, Júlia e Talita conversam animadamente. Beto e Hugo repartem a pizza retirada do forno, e o rapaz surdo-mudo serve os pedaços, enquanto Beto põe as bebidas fora do freezer.
-Eles tão demorando muito lá dentro, não?- Talita demonstra um pouco de apreensão por Luiza.
-O negócio não tá bom... Tá ótimo!- as duas riem- O prédio inteiro já sabe que meu irmão tá gamado na Luiza. Só hoje que ela foi se tocar.
-É que a Lu é meio fechada mesmo...
-Pra tudo tem a primeira vez, né? Mas agora me conta: como é que estão as coisas com o Dr. César?
-Tá tudo bem. Ele sempre pergunta como a gente tá, fiscaliza Tia Fátima... O problema é que o tempo dele é sempre corrido.
-Olha o que eu trouxe!- Beto sai da cozinha segurando dois pratos com fatias de pizza.
-Ah, esqueci de dizer: Beto tem habilidades na cozinha.
-Valeu, Júlia, mas eu confesso que precisei de uma ajudinha do Hugo pra preparar a massa. Aliás, praticamente todo o trabalho foi dele!
Talita parte um pedaço e o mastiga em seguida.
-Nossa, tá muito boa mesmo. Quem te ensinou, Beto?
-Morar sozinho tem suas vantagens, Talita. Depois de um tempo, a gente se vira.
-Mas tá muito boa mesmo. Vocês tão de parabéns.
-Quem sabe um dia desses eu não pinto lá na sua casa e faço uma pra vocês?
Hugo começa a observar a cena, desconfiado.
-Ia ser ótimo!
-Não vai comer a pizza, Beto?
-Vou já, já, Júlia. Mas antes eu preciso ir ao banheiro. Já venho.
Toca insistentemente a campainha. As meninas ouvem o som e se viram para a porta. Hugo sai da cozinha e vai atendê-la.
-Como é que ele sabia que tinha alguém?-Talita fica curiosa.
-Vai entender esse daí...
Hugo abre a porta.
////
Nuno e Luiza estão sobre a cama, cobertos por lençóis.
-E aí?- ele pergunta, ansioso.
-“E aí” o quê?
-Gostou da sua primeira vez?
-O que você acha?
-Eu acho que sim.
-Se você diz... - levanta-se rapidamente da cama e começa a vestir a roupa.
-Aonde você vai?
-Voltar pra festa. A gente já demorou demais, e eu não quero que fiquem comentando- recolhe a roupa do chão.
-Qual o problema? Parece até que não...
-Você quer virar pra lá, por favor?
-Por quê?
-Porque eu não quero que você me veja assim.
-Você tá de brincadeira comigo, né?
-Tá bom. Faz o que quiser.
Luiza começa a vestir a roupa. Nuno se enrola ao lençol e também levanta da cama, desconfiado.
-Eu fiz alguma coisa? Porque há uns minutos, você tava...
-Olha, esquece, tá? Passou. Não tem mais importância.
-Peraí, pode não ter pra você. Mas pra mim teve. Porque eu gosto de você.
-Pra quantas você deve ter falado essa mesma frase, hein?
-Luiza, eu não sinto nada por ninguém, a não ser você. E pra mim foi muito bacana o que rolou aqui...
-Ah, que bom que você gostou, mas isso não vai mais acontecer, tá? Eu não quero ter a ilusão de que isso vai sempre se repetir, ou então que eu vou estar disponível sempre, a hora que você quiser.
-Sinceramente, eu não te entendo.
-Eu gostei de você. Só isso. Não tem mistério nenhum.
-Como não tem? Você acabou de transar comigo, e não consegue nem falar o meu nome!
-Que loucura! Nasci pra ver um homem falando isso...
-Você não quer se aproximar de mim por quê? Pensa que eu sou igual a todo mundo? Ou pelo menos sou parte do mundo que você rejeita?
-Cara, eu vou te dizer uma coisa: eu amei estar aqui. Amei. Mas se eu quisesse repetir a dose, repetia.
-Sabe qual é teu problema? É que você tem medo de gostar de alguém, de se machucar. Daí, pensa que todo mundo não é digno de você.
-Não fala besteira...
-É, sim. Eu sei que você gostou de mim, e que não tinha entrado nesse quarto se não tivesse afim também. Só que você pensa que eu vou te usar, como provavelmente eu uso todas as outras.
-Não sei se você percebeu, mas... Eu não me comovo tão fácil!
Luiza abre a porta do quarto e encontra César com a mão na maçaneta. O médico olha com fúria para a filha e para Nuno, afastado da moça e enrolado no lençol.
DEPOIMENTO
"Sabe quando todo mundo diz que o que você sente não é amor, e sim doença? É mais ou menos isso que aconteceu quando eu conheci meu primeiro namorado. As meninas da minha idade já tinham tido relacionamentos, às vezes mais de um, e eu não queria saber de ninguém. Isso mudou quando eu conheci aquele rapaz. Ninguém mais me importava, o meu mundo girava só em torno dele. Passamos um tempo juntos, e um dia ele me convidou pra ir até a casa de praia dele, com a família dele. Me receberam bem, gostaram de mim... Na mesma noite, nós ficamos a sós. Ele disse que esperou muito, só que...Eu não quis. Não me sentia preparada. Ele me perguntou se eu não confiava nele, mas eu disse que precisava do meu tempo. A gente voltou e não falou mais do assunto. Muitos meses depois, eu terminei o namoro. Quando ele me perguntou o porquê, eu disse que era porque não entendia essa frieza. Quer dizer, até entendia, mas não queria aceitar. Jogou na minha cara que eu não mergulhei de cabeça na relação, que não tinha me entregado por inteiro. Tive que perguntar se ʻse entregar por inteiro era satisfazer os desejos dele e ignorar os meusʼ. Ele foi embora da minha vida sem me dar essa resposta. Meu nome é Priscila, e ter de pensar somente no que é melhor pra mim é a minha luta diária."
PENSAMENTOS SEM O MENOR SENTIDO- SEJAM ELES WEB NOVELAS, PARÓDIAS, ROTEIROS, ENCARTES FAN MADE OU QUALQUER COISA QUE EU INVENTE DE FAZER.
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