-Que estória é essa de óvulo,
sua cretina? Que sandice é essa que você veio contar? Não basta ter um caso com
o meu marido? Ainda tem que inventar mentiras a respeito do meu filho?
-Eu não acredito que seja
mentira, Verônica. Eu não sei por quê, mas eu tenho quase certeza de que, por
mais perturbador que tudo isso seja, ela está falando a verdade...
-Você cala a boca, Murilo!
Cala essa boca, que eu não quero mais escutar você! Eu não aguento mais você
protegendo essa mulher...
-Essa mulher não! A mãe do
seu filho! Aliás, seu não é. O “Gigante” nunca foi nada seu. É meu e do seu
marido!
-Vagabunda!- desfere uma
bofetada no rosto de Natália.
-É essa sua arma? Me bater?
Então, eu dou a outra face também! Mas não vai mudar o fato de que você foi
enganada todo esse tempo.
-Bem que eu desconfiava...
Onde é que vocês se refestelavam, hein? Na minha cama, quando eu saía pra
trabalhar? Quer dizer que o grande pastor trazia a fiel pro quarto e eu não
sabia?
-Eu não tive nada com essa
mulher!- grita- Nada!
-Levantando o tom de voz,
Murilo? Definitivamente, você não se cansa de me surpreender. O que mais? O que
mais eu vou descobrir com relação a você e a essa rameira?
-Agora chega!- Natália
devolve a bofetada, derrubando a esposa de Murilo no sofá- Eu não tive, não
tenho, nem quero ter caso com o seu marido. Ele não me interessa como homem, e
também não me interessa o que você pensa de mim. Só que da próxima vez que você
me ofender, eu acabo com a sua raça.
-Quem você pensa que é pra
encostar sua mão em mim, sua...
-A mãe do “Gigante”! A mãe do
garoto que você criou durante dezoito anos, sem saber que ele não era seu
filho! Não é nada seu! Pensa que só porque ele saiu da sua barriga é o seu
filhinho querido? Ledo engano, Verônica! Quando eu disse que você foi enganada,
foi pelo meu pai! Ele sabia, sempre soube que você não conseguia engravidar, e
se aproveitou disso pra pôr o neto dele no mundo, já que eu e o meu marido não
quisemos ter filhos naquela época. Mas eu tinha congelado os meus óvulos. E sem
que eu soubesse, ele implantou um deles em você. Esse rapaz, que tanto você
enche a boca pra dizer que é seu, é meu filho! Esse delinquente, esse ladrão,
esse marginal não passa de alguém criado por você! Eu é que estou há mais tempo
longe dele. Dezoito anos, sua imbecil! Ele é meu filho! Meu filho, e do seu
marido!
-Como é que você... –a voz de
Verônica fica embargada- Como é que você deixa essa mulher falar essas
barbaridades, Murilo? Isso que ela diz não tem cabimento...
-Eu quero um exame de DNA! Se
existe prova pra mostrar a todos que eu sou a verdadeira mãe do “Gigante”, essa
prova é o DNA!
-Eu não acredito em você...
Em nenhuma palavra do que você “tá” me dizendo... Você é uma mentirosa!
-Durante anos, o meu pai
investigou a vida de vocês. Seguiu bem de perto os passos do meu filho. Isso
porque ele pretendia deixar metade da sua herança pro “Gigante”. E não é só
pelo dinheiro que eu quero encontrar o meu filho. Eu quero conhecê-lo,
abraçá-lo, dizer que eu sou a mãe biológica dele!
-Você é uma louca!
-Você não tem como me negar
esse direito! Eu vou até o fim, vou contratar os melhores advogados, os
melhores investigadores do país pra encontrá-lo, e fazer com que ela assuma o
meu sobrenome! O sobrenome que é dele!
-O sobrenome do meu filho é
Nobre! Se você quer dar uma família pra alguém, procure outra pessoa! Eu tenho
fé que ele vai voltar pro seio da família dele. Da única e verdadeira família!
Mas a única mãe que ele vai abraçar é a Verônica.
-Já vi quer eu não posso
contar com você... Apesar de ver que você vê verdade nos meus olhos...
-Pois o que eu vejo nos seus
é engano, mentira, trapaça... –interrompe Verônica- Uma obra contrária,
preparada pelo inimigo! Mas que não tem força nem poder!
-Guarde o seu vocabulário!
Ele não me intimida. Eu vou encontrar o meu filho, mesmo sem a ajuda de vocês.
Passos apressados são ouvidos
por Murilo.
-Meu filho... Ele está
aqui... “Gigante”!- sobe as escadas- “Gigante”- Natália vai atrás, mas é
impedida por Verônica.
-Acabou o seu show. Vai
embora daqui. Nunca mais pise nessa casa.
-Se for pra cá que o meu
filho vai voltar, aqui vai ser o meu lugar, Verônica. Pode escrever- toma a
bolsa de volta e sai da residência.
Murilo abre a porta do quarto
do filho e percebe a janela aberta, com uma forte ventania que balança uma
cortina branca.
-Alguém esteve aqui. Será que
era ele?
Alexandre, após fugir pela
janela do quarto, corre por duas ruas próximas à casa de Murilo. Pálido, ele
permanece sem acreditar naquilo que acabou de escutar.
-Não pode ser... É mentira
daquela mulher. Ela não pode ser a... Não, não pode ser... – pensa, enquanto
continua correndo. Algumas pessoas olham para ele sem entender o motivo de seu
desespero. Ele percebe que está chamando a atenção e começa a andar mais
devagar. Pega a última rua à direita e, ao entrar nela, dá de cara com Célio.
-Alexandre? Eu não posso
acreditar! É você mesmo?
O rapaz tenta correr, mas o
pastor que trabalha com Murilo o segura pelo braço.
-Onde é que você estava? Onde
está agora?
-Não é da sua conta!
-Será que você não vê o que
está acontecendo? Sua família está desesperada, sem saber notícias suas, sem
saber se você está vivo ou não... Como você consegue causar todo esse mal sem
sentir culpa nenhuma?
-Minha família, pastor Célio?
Eu não tenho família, não tenho ninguém pra chamar de família, não. Só tenho um
pai, e ele não está preocupado comigo.
-Você não pode ser tão
injusto assim. Não sabe o que se passa no coração de um homem.
-Ah, esse papo de igreja de
que todos são pecadores, que todos erram, que todos fazem besteira. Não adianta
falar disso se continuar errando. Apontar os erros dos outros é fácil, eu quero
ver olhar pro seus. E meu pai errou muito, sem se arrepender de nada do que fez
pros outros.
-Meu filho... Pense bem no
que você está fazendo da sua vida. O seu caminho pode não ter volta.
-Assim é melhor. Não quero
voltar pra vida que eu levava.
-Não é pior do que esse vazio
que você deve estar sentindo agora...
-Para, Célio! Vazio eu senti
antes, quando eu descobri o que meu pai fazia por debaixo dos panos. Um ladrão.
Um cara que roubava dos outros. Marginal, era isso que ele era. E não duvido
nada que ele continue roubando os outros. Não digo que sou um santo pra enganar
ninguém. Tiro mesmo porque acho que aquela vida que os outros levam era pra ser
minha.
-Coloque a mão na
consciência, Alexandre. Reflita sobre o amor que seu pai tem por você. Lembre
todas as vezes que ele se ajoelhou pedindo pra você voltar pra casa.
-Por culpa. Se orou pra eu
voltar, por que não fez pra que eu não me transformasse num bandido igual a
ele? A polícia não “tá” me procurando, e sabe por quê? Porque ele não chamou.
-Claro. Nenhum pai quer ver
seu filho preso.
-Ou não quer ser preso junto.
Até nunca mais, pastor Célio!- volta a correr. Célio começa a chorar, olhando
para o céu.
-Por que me tentas a esse
ponto, Senhor, se sabes que eu não sou capaz de suportar tanto?
Murilo volta do quarto do
filho desaparecido e vai até a cozinha, ao perceber que Verônica não está mais
na sala. A esposa do pastor está sentada à mesa.
-Eu quero saber onde é que
essa mulher mora.
-Deve estar hospedada em
algum hotel perto daqui, Verônica. Não sei qual.
-Mentira! Deve saber, sim. Só
não quer me contar. Aliás, quando é que você pretendia me contar a verdade
sobre essa desgraçada?
-Não pretendia contar.
-Como eu imaginava...
-Porque não sabia se ela
estava falando a verdade.
-Da mesma forma que eu não
posso confiar em tudo o que você me diz.
-Por favor, Verônica! Eu
omiti porque não tinha confiança nela.
-E o que fez você ter, então?
-Aparentemente, ela não tem
nenhum motivo pra mentir sobre o nosso filho. A não ser que ele tenha feito alguma
coisa e ela queira se vingar.
-De um jeito ou de outro,
você consegue jogar a culpa pra cima do “Gigante”.
-Eu posso ser um homem
ingênuo, mas ele, certamente, não é. Tanto é que essa tribulação toda começou
bem antes dele fugir de casa, quando começou a roubar e eu descobri tudo. Se eu
cometi algum erro nessa estória, foi o de não te contar tudo desde o início. Te
abrir os olhos, dizer que mesmo com todo o amor que demos a ele...
-Pode parar, Murilo. Você
mesmo adora encher a boca de frases prontas da Bíblia, como aquela que você
adora repetir nos cultos, que a gente tem que ensinar uma criança qual o
caminho que ela deve andar pra não se desviar dele. Não é isso? Então, como
você explica o seu próprio filho ter fugido de casa? Sim, porque vai ver que agora
nem chamar de nosso eu posso mais, não é?
-Dessa culpa eu fico isento.
Como também posso isentar você. Nós dois amamos o “Gigante” do mesmo jeito, na
mesma intensidade. Mas ele sempre quis mais do que eu posso dar, do que você
pode dar. Lembra uma vez, na festa do dia das mães do colégio? Que perguntaram
a ele o que a mãe dele fazia? Ficou com vergonha de dizer que você vendia
perfume, coisa que mulher usa, de porta em porta. Isso é vergonha, por acaso? Ser
pobre? Vergonha, pra mim, é roubar, matar, tirar o que é dos outros... Por
isso, eu sinto vergonha dele, mas o meu amor por ele não diminuiu nem um
minuto. E eu sei que o seu também não. O que te perturba, Verônica, é pensar na
possibilidade de isso ser verdade, mesmo que a Natália traga falsos indícios de
que possa ser a mãe do nosso filho.
Verônica abaixa a cabeça e
leva as mãos aos olhos. Depois, levanta-se e diz ao marido:
-Amanhã, eu vou caçar essa
mulher. Vou procurar em tudo quanto é hotel, até encontrar.
-E vai fazer o quê?
-O pai dela não era rico? Não
tinha condições? Então, que ela pague o exame de DNA. Ela vai pagar, e eu vou
levar alguma coisa dele pra provar que ele é meu filho.
-Só uma coisa que eu quero
saber, Verônica: e se não for o seu filho? Vai deixar de amar o “Gigante”?
-Não. Vou deixar de amar
você. Aliás, estou começando desde que percebi a sua relação com aquela mulher.
-Pela última vez: Natália não
é minha amante!
-Eu não consigo acreditar em
você. Não mais.
-Então, eu vou te pedir uma
coisa: acreditar no mover que um milagre faz.
-Só nisso mesmo. Porque em
você eu não consigo mais acreditar.
Na penitenciária, voltando ao
tempo atual, Murilo visita Irandir e continua a conversar com ele.
-Que susto você deu!
-É, escapei por pouco. Só que
ninguém veio me ver. Nem trouxeram a minha filha.
-Calma, depois alguém vai vir
te visitar. Pelo menos, já passou o pior.
-Verdade. Aquele médico foi
uma bênção.
-O que foi que você disse?
-Aquele médico. Não tinha
nenhum, aí ele veio pra cuidar do pessoal do presídio. Se não fosse ele, eu
tinha morrido.
-Não é do médico que eu
perguntei. Você disse que ele... Foi uma bênção.
-Eu falei isso?
-Falou. Sem pensar, mas
falou.
-Vai ver é porque eu pensei
que não fosse mais escapar, que não fosse mais ver a minha filha, e daí eu...
-Já entendi.
-Ou é de tanto falar com você.
Não acredito totalmente N’Ele. Aliás, às vezes eu penso que Ele existe, mas não
se envolve com meus problemas, entende?
-Todo mundo deve passar por
isso, pelo menos uma vez na vida.
-Quer dizer que o pastor já
passou?
-Vivi muitos milagres. O
nascimento do meu filho foi o maior da minha vida, Irandir.
-Sei como é.
-Depois, como pastor, era o
que eu mais via: a transformação na vida das pessoas. Gente voltando pra
família depois de ter se viciado em crack,
marido que retoma o casamento depois de ter agredido a esposa diversas vezes,
marginal que aceita o Senhor como salvador depois de ter quase morrido...
Exemplos não faltam.
-Não foi isso que eu
perguntei. Queria saber se já duvidou alguma vez.
-Quase todo dia, depois que
eu vim parar aqui. Desde que o advogado disse que eu ia ser transferido pra
cá... Não sei, parece que eu “tô” num jogo e o desafio é saber quanto tempo eu
vou aguentar.
-Seu caso é mais complicado
que o meu.
-É. Pelo menos você sabe que
sua filha ainda te ama.
-Não. A família da minha
mulher veio em peso pra cima de mim. Não sei se disseram alguma coisa, falaram
mal de mim pra ela... Duvido que o amor dela por mim seja o mesmo.
-Amor não muda.
-Sabe quando eu realmente vou
acreditar nesse poder que você tanto fala? Quando você sair daqui e tudo voltar
a ser como era antes.
-Cuidado com o desafio.
Minhas orações “tão” sendo ouvidas, mas esse desafio... Pode ser aceito.
Aquela mesma noite serve para
que Alexandre volte para o apartamento onde se esconde aos prantos. Rebeca sai
do quarto vestindo uma camisola e encontra o comparsa na sala.
-Alexandre? Você saiu daqui?
Ficou maluco? A gente pensou que você já “tava” dormindo, no quarto... O que é
que você tem?
-Cadê o Paulo? Onde é que ele
“tá”?
-Paulo já foi pra cama. Mas o
que foi que houve?
-Me abraça, Rebeca. Não me
pergunta nada, me abraça!- agarra a moça, que toca em seu cabelo.
-O que é que você “tá”
fazendo? Se o Paulo pega a gente aqui...
-A gente não “tá” fazendo
nada demais- enxuga as lágrimas- Só se você quiser fazer.
-Para com isso, Alexandre. É
só um capricho.
-Quer pagar pra ver?
-Desiste disso. Você não sabe
com quem “tá” se metendo.
-Vai valer a pena se no final
de tudo isso, eu tiver você. Será que você ainda não entendeu que eu te quero?
-Entendi muito bem. Mas eu
não posso.
-Pode, sim. E quer.
Os dois se beijam e vão até o
quarto do rapaz, onde Alexandre tira a roupa de Rebeca e, em seguida, a sua.
Por diversos momentos, a jovem tenta se desvencilhar dele, mas ele traz seu
rosto de volta. Até que, num determinado momento, ela cansa de resistir.
No quarto em que Natália está
hospedada, uma camareira recolhe alguns lençóis.
-A senhora deseja mais alguma
coisa?
-Não, obrigada. Pode se
retirar.
-Onde é que ela “tá”? Ela
“tá” aqui?- Verônica entra intempestivamente.
-Quem é você? Eu vou chamar a
segurança!
-Não, pode deixar. Eu já
esperava por essa visita. Pode ir tranquila, ela vai ficar aqui conversando
comigo.
-Se é assim, com licença.
-Sabia que você ia dar um
jeito de me encontrar.
-Não foi muito difícil.
-Como é que você passou e
ninguém tentou te impedir?
-Falei que era parente sua e
que o assunto era urgente, que não podia esperar me anunciarem. Você é tão cara
de pau que fez questão de se enfiar num hotel perto da minha casa. Não deu
trabalho nenhum.
-Se engana, Verônica. Não é
pra ficar perto da sua casa, e sim do meu filho.
-Me poupe dessa conversa
fiada.
-Bom, se você não quer falar
sobre isso, creio que nós duas não temos nenhum assunto em comum. Certo?
-Ontem você falou que a gente
podia fazer um exame de DNA pra saber se o “Gigante” é mesmo seu filho ou meu,
como sempre foi e sempre vai ser.
-Está disposta a isso mesmo?
-Só não tenho dinheiro pra
fazer o exame. Mas isso você deve ter de sobra.
-Tudo bem. Mas eu preciso de
alguma prova pra fazer o exame.
-Trouxe duas- tira duas
sacolas da bolsa que está carregando- Essa daqui é a escova de dente que ele
usava- diz, ao abrir uma delas, para em seguida abrir a outra- Já esse pente
tem alguns fios de cabelo. Era o que ele usava também.
-Você veio preparada pra
tudo.
-Como eu sei que você deve
ter seus contatos, vai indicar um lugar pra que a gente faça o exame.
-Pode ser numa filial da
clínica do meu pai...
-Não, vai ser em qualquer
outro lugar. Por isso que eu já vim preparada com tudo. Sei que em dois dias o
resultado sai. Vou esperar na clínica até que o resultado saia. Porque sei que
você não vai poder comprar ninguém, muito menos fraudar o resultado.
-Verônica, eu não seria capaz
disso, e não acredito que você pense isso de mim.
-Não me mande confirmar o que
acho ou deixo de achar de você.
-Se é assim, eu também vou
ficar dia e noite esperando o resultado. E pode ter certeza de que o “Gigante”,
quando voltar pra casa, vai ter que me chamar de mãe.
-Vamos ver se vai.
-Então, vamos? Eu só preciso
pegar o meu talão de cheques e passar na recepção do hotel pra avisar que vou
ter de me ausentar.
-Faça o que quiser. Mas não
demore nem tente me enganar. Eu quero ver se essa sua estória tem cabimento ou
não.
-Além das provas que o meu
pai me deixou, esse exame provará para você e Murilo que eu tenho razão.
-Quero ver no que isso vai
dar.
Rebeca e Alexandre continuam
despidos. Dormem abraçados na cama, que fica próxima à janela. Ela se mexe um
pouco, sem abrir os olhos, e depois volta a cochilar. Mas o casal é acordado
com os estilhaços do vidro da janela. E ficam mais assustados ao verem que, na
porta do quarto, Paulo está esperando por eles, com uma arma em punho apontada
para os amantes.
-Já são quase nove horas da
manhã. Eu já “tava” com vontade de acordar o casal. Melhor se levantar, antes
que o café esfrie.
-Paulo... Não vai fazer
nenhuma besteira... –suplica Rebeca.
-O que vai dizer pra mim? Que
isso tem explicação? Não, Rebeca. Não gaste seu latim comigo. Aliás, eu só
quero escutar uma coisa: o que é que vão pedir antes de eu despachar os dois
pro inferno.