-Você não pode fazer isso com
eles. São sua família!
-Minha família agora é a
Giovanna. Aliás, nem isso, porque o pouco de confiança que ela tinha em mim foi
pro ralo. E adivinha por causa de quem? Daquele...
-Não continue dizendo barbaridades
contra o seu pai, Bruno!
-Eu não sou homem pra dizer!
Eu sou homem pra fazer! Não vou ficar só na promessa de tirar os dois na minha
casa! A partir de agora, eu vou lutar pra reconquistar aquilo que perdi, e vou
começar tirando os dois da minha casa!
-Você não entende?
-O que eu tenho pra entender,
Noêmia? Que eu dou teto pra dois inimigos? O filho que o meu pai teve com aquela
piranha vive na mesma casa que por direito é minha! E dele eu nem comento!
-Bruno, você está agindo por
impulso! Tente ser racional! O que você ganha fazendo tudo isso no calor da
emoção?
-Há muito tempo que o meu pai
não permite que eu sinta nenhum tipo de emoção por ele, Noêmia! Você se engana
quando diz que ajo por impulso! Se isso fosse verdade, eu já teria me livrado
dele há mais tempo, e sem precisar expulsá-lo daqui!
-Por favor, Bruno!
-Ele me tirou a minha mãe! É
um covarde, um assassino! Todo castigo pra aquele salafrário é pouco, Noêmia! A
sorte dele é que, infelizmente, o seu sangue corre dentro de mim! Porque
senão...
-Chega...
-Senão eu o matava! Sem dó...
Com a mesma crueldade que vive dentro de mim há doze anos. Já não ia mais me
importar ser bem-sucedido, ser feliz no amor, construir uma família... Só isso
ia me bastar. Uma pena eu ter nascido filho daquele verme! Mas um dia desses,
eu juro que não vão me pesar as acusações pelas mortes do Abílio, da Virna...
Juro que eu vou matá-lo!
Noêmia bate em seu rosto,
deixando-lhe assustado.
-Nunca mais abra a boca pra
dizer um impropério desses!
-Vou odiar esse miserável até
o dia que eu morrer!
-Cala a boca! Presta atenção:
se você tirar o William e o Dr. Plínio daqui, você vai assinar a sua confissão
de culpa! Não basta pra você todas as tragédias que acontecem nessa casa, você
ainda quer que todos te interpretem como assassino? Freie a sua língua enquanto
é tempo! Eu vou... Eu vou desfazer as malas e recolocar tudo nos quartos.
Enquanto isso, procure a sua mulher. Tenho certeza de que será mais proveitoso
pra todos se você só ocupar o tempo com isso, em vez de tentar destruir a sua
família. Sua, e de ninguém mais!- Noêmia recolhe umas das malas, enquanto Bruno
chora, ao concordar com aquilo que a governanta diz.
|||||
Leandro e Valentina ficam
apreensivos com a possibilidade de haver algo que corrobore com o depoimento de
Bruno para Iago. Novaes acessa a conta pessoal de Virna.
-Consegui abrir o e-mail
dela.
-Tem alguma coisa relacionada
ao Bruno?- Iago supervisiona o trabalho do colega.
-Muitos e-mails, endereçados
à conta do Instituto Mentes... Deixa eu ver aqui na pasta de enviados.
-Checa isso pra mim, por
favor.
-Qual foi o último que minha
irmã mandou?
-Foi pro Bruno mesmo. E no
dia da morte dela, que foi o dia do casamento também.
-Certo, mas o que é que diz?
-Sei que você pode ter visto
o meu nome e ignorado o que estou escrevendo. Mas se ler, peço que preste
atenção até a última palavra. Não se case sabendo que aquilo que você procura
em sua noiva pode encontrar em mim: o amor por você. Se você prosseguisse sem
saber do que sinto, entenderia suas razões. Mas você sabe, e muito bem.
Peço que não despreze esse
e-mail como fez comigo ontem. Embora eu sinta sua falta, meu amor não diminuiu
nem um pouco. Eu sei que não vai demorar pra você se cansar, e você vai se
cansar... Pra me procurar. Fique tranquilo: eu vou esperar. Aprendi isso com
você, quando está obstinando a conquistar alguma coisa. Ou alguém. Um beijo
apaixonado. Virna.
-Não, a Virna não ia escrever
isso.
-Escreveu, sim. E mais;
mandou o e-mail pro Bruno e pra esposa dele.
-Então, esse é o motivo que
fez o Bruno matar a minha irmã.
-Calma, Valentina. Bruno
disse que leu esse e-mail junto com a mulher.
-Mas ele pode ter mentido, Iago-
Leandro levanta a suspeita.
-O fato é que a Virna deu um
bom motivo pra acabarem com ela.
-E se a gente falar com a
esposa dele?
-Pra quê, Valentina?
-Pra confirmar se ela viu
esse e-mail junto com ele. Pela hora, ela mandou de manhã. Se ele leu na mesma
hora, pode ter dado um jeito de ela não atrapalhar o casamento.
-Mas se ele viu de madrugada,
junto com a esposa, ela tem que depor também.
-Ainda hoje eu vou entrar em
contato com essa moça. Se ela realmente leu o e-mail junto com Bruno, ele não
pode ter feito nada contra Virna, pois uma mera briga ocorrida no dia anterior
ao crime não seria capaz de enfurecê-lo tanto.
-Vamos ver o que essa moça
vai dizer... Coitada, Leandro. Do jeito que eu vi ela saindo da delegacia,
ainda vai sofrer muito por causa daquele homem... Sinto muita pena de quando
ela for chamada, e do que ainda vai passar nas mãos daquele bandido... Bom, vocês
vão me dar licença, mas eu vou ter que ir.
-Aonde, meu amor?
-O médico do postinho pediu
pra pegar aquele remédio, o anti-inflamatório. Já vinha com dor nos quartos há
mais de dias, mas “tava” em falta.
-Não quer que eu vá com você?
-Aproveite sua folga. Desculpem
não ficar aqui…
-Não se preocupe, Valentina.
O que queríamos saber já foi descoberto. Resta saber como podemos interpretar
essa informação.
|||||
Alguns minutos depois, Valentina
chega até o posto de saúde e encontra uma garota chorando, muito nervosa.
Trata-se de Jéssica, a adolescente que acompanhava Giovanna no momento em que
ela perdeu os sentidos.
-Moça, “tá” tudo bem?
-Minha professora passou mal
e até agora não acordou.
-Fica calma... Ela “tá” aqui?
-“Tá” lá com o médico do
posto.
-Você “tá” com alguém, menina?
-Dois rapazes chegaram com a
gente, eu pedi ajuda pra socorrer a Giovanna. Não sei o que ela tem.
-Giovanna... É pra assombrar
mesmo... Olha, eu vou saber como ela “tá” e volto dizer pra te acalmar, certo?
-Vai, por favor.
-Fica tranquila, meu anjo. Eu
já venho.
-Mas ela não foi pra sala do
médico, “tá” na farmácia.
-Bem pra onde eu ia. Fica
aqui.
O médico espera Giovanna
acordar. A porta da farmácia do posto está entreaberta.
-O que eu “tô” fazendo aqui?
Que lugar é esse?
-Você sofreu uma queda e uma
moça trouxe você pra cá.
-Queda... Ah, foi lá na
escola de dança.
-O que você teve?
-De repente, me bateu uma
tontura. Deve ser porque não comi bem antes de sair de casa. Tive um problema
com o meu marido.
-Parece que depois de hoje,
os problemas com seu marido vão acabar.
-Do que o senhor “tá”
falando?
-Com licença, por favor-
Valentina tenta passar em meio às pessoas que esperam por atendimento.
-Eu fiz alguns exames, e tudo
indica que você está grávida.
-Grávida, eu?- a surpresa de Giovanna
coincide com a chegada de Valentina à farmácia, que não é percebida pela
bailarina, tampouco pelo médico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário