CENA 101
Matheus recebe uma
ligação.
-Oi, Danila. O que
foi? A Mabi? Mas já terminaram? Eu avisei que ele tava apressado demais. Tudo bem, eu passo na casa da
Gabriella... O quê? Quanta indecência!- desliga o telefone.
O apresentador
adolescente encontra Zaira pela rua, com olheiras.
-Zaira?
-E aí, Thiago?
-Matheus. Tudo bem?
-Vai ficar.
-Tua cara tá péssima.
-Quem te perguntou? Intrometido!-
começa a falar sozinha, enquanto Matheus vai embora para o apartamento de Gabriella,
antes de ter aula na Escola Correta Decisão- Já arquitetei, durante a noite, a
melhor maneira de me livrar daquele advogado desgraçado.
-Ei, pô. Fala baixo. Os
protagonistas não podem ouvir o que você arma para Manjericão. Daqui eu posso
ouvir!
-Desculpe- Matheus
sai de cena- As fotos só podem estar na casa do Caio e da Bella Café. É só eu
entrar lá escondida e chantagear a Mabi com elas. Quanto ao Breno... O que é
dele tá guardado.
CENA 102
Manjericão sai
chorando pelas ruas da cidade e você, espectador, escuta ao fundo os versos de
“Cantare é d’ amore”, do Amedeo Minghi.
-È quando tutti i giuramenti/ Fatti a te saranno inganni/
Alla vita che, stupita, sbanderà- Manjericão entra num ônibus localizado na
Avenida Guararapes, completamente vazio.
-Amarsi è prima di capire/ È rimbambire la ragione in
noi- sentado na poltrona mais alta, um vândalo picha o ônibus com a frase “Greve
não!”. É neste momento que o cantor vê que enfrenta a paralisação dos
rodoviários.
-Non è verità/ Che più la dici e meno baci avrai- Manjericão
passa por uma banca de jornais e vê a seguinte manchete: “Nesta semana, a
Fatinha se despede de ‘Malhação’”. Aí é que o coitado desaba. Minha gente, quem
não pensa em Fatinha?
-E l'illusione mia che è vera- junto da banca, há uma
carroça que vende abacaxis a três reais. O co-protagonista se lembra do
Pineapple e foge do local.
-E chi ama canta/ Tra
le voci della vita/ L'acqua che si incontra col suo scialacquìo/ Oppure è
meglio non cantare/ Muti se non è d'amore/ E qualcuno deve farlo e sono io che
ti canterò/ E come in fuga nel tuo cuore andrò- agora, o depressivo está numa
ponte. Ao longo da letra, ele põe as pernas para fora na construção, chamando a
atenção dos que estavam passando. Manjericão traça um destino trágico para si.
E se joga.
-Non è la verità/ Che più la dici e più la dici
mai/ Lei che tra i baci miei d'amore- o problema é que debaixo da ponte, passa
um rio tão poluído que o cara é amparado pelo lixo. Os guaiamuns, solidários,
carregam-no até a margem.
CENA 103
Bella está na sala de
estar, ligando para a polícia.
-Alô? É da delegacia? Bella
Café. Como não sabe quem é? A blogueira! Não leem minha página? Me engana que
eu gosto! Pois então, eu estou ligando para denunciar o desaparecimento do
Caio.
E cai Zaira, que vinha
até então suspensa num cabo.
-Quem é Caio?
Caio é o homem que mora na minha casa, e que deveria estar cuidando de um bebê
dentro dela. Não, não é uma babá!
A antagonista
engatinha até a cozinha, e procura no lixo o famoso envelope.
-Ela deve ter
dado um fim nessas fotos. Ouvi quando eles discutiram ao telefone. Só pode ter
jogado no lixo.
Zaira revira o
lixo da jornalista e encontra o envelope.
-Finalmente-
vira-se para continuar engatinhando, quando se assusta com o bebê no carrinho- Não
vai estranhar a tia Zaira e gritar. Você não quer que sua mãe chame os tiras
pra titia, quer?- o bebê tira uma dinamite acesa- Garoto discreto...
-Pode acionar
os seus policiais! Eu quero o Caio aqui em casa com um pacote de Pom Pom!-
Zaira voa agarrada ao envelope e é arremessada para a janela da sala- Taciana,
minha filha! Desliga essa TV. Já falei que não quero o bebê assistindo a “Tom
& Jerry”. E traz o meu cappuccino
que estou atacada!
CENA 104
Gabriella traz um copo
d’água para Mabi.
-Tenta se acalmar. Ele
não disse pra onde ia?
-Não, eu estou
desesperada. Devia ter contado a verdade logo pra ele.
-É, mas tem o Google. Se
ele fuçasse mais um pouco... – Thiago imagina.
-Uma hora ele ia ter
que saber. Nem se um idoso pedisse autógrafo na rua- Matheus pensa alto.
-Nem fala uma coisa
dessas. Imagina se ele souber se... Esqueçam...
-Matheus, vamos
embora. A gente tá atrasado, e hoje tem aula sobre “A hora da estrela”.
-Eu também tenho que
ir. Tenho aula de latim com a minha professora russa na faculdade. Dão emprego
pra cada pessoa, não é?
-Pode ficar à vontade,
Mabi. Precisando, liga pro meu celular.
-Obrigada, Gabriella. Valeu,
gente.
Os meninos a beijam e
acompanham Gabriella.
Zaira bate a porta.
-Hum, deve ter
esquecido a chave- abre a porta- A cópia tá aqui...
-Cópia. Nem me fala
essa palavra, que eu tive muito trabalho pra conseguir essas cópias- invade o
apartamento e levanta o envelope- Fiz a minha sessão de “Karatê kid”, só não cantei
“Never say never”...
-Zaira, do que você tá
falando? Que cópias são essas?
-Essas são as cópias
das fotos que você fez no Pineapple para a revista PlayMobil. Seria uma pena
se caísse em mãos erradas, como as do Manjericão.
-Me dá isso aqui-
tenta tomar o envelope.
-Nunca. Ter você nas
minhas mãos vai ser um prazer do qual não posso e nem vou abrir mão!
-O que você pretende
com isso, sua cobra?
-Pretendo, não. Vou conseguir.
Ou você se afasta dele de uma vez por todas, ou essas fotos vão parar nas mãos
do Manjericão. E eu não vou precisar envenená-lo contra você, porque só a sua
pélvis de Janete de “Zorra Total” seria capaz de te comprometer.
-Você é uma doente.
Uma obcecada.
-E você nem imagina
pelo quê. Imaginou se a Bella Café tem acesso a isso e põe no blog?- Mabi tenta
bater na vilã- Pode parar! Não se atreva a encostar a mão em mim!
-Só não vou acabar com
a sua raça por causa da classificação indicativa! Dá o fora daqui.
-Com prazer, querida.
-Abrir mão do Manjericão?
Não pode ser! Não pode ser!- atira um vaso contra a porta- Droga, não tem uma
faxineira nessa casa. Cadê a pá?
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