23/07/2013

FURO DECISÃO- O FILME/ SEQUÊNCIA DE CENAS 23


CENA 101
Matheus recebe uma ligação.
-Oi, Danila. O que foi? A Mabi? Mas já terminaram? Eu avisei que ele tava apressado demais. Tudo bem, eu passo na casa da Gabriella... O quê? Quanta indecência!- desliga o telefone.
O apresentador adolescente encontra Zaira pela rua, com olheiras.
-Zaira?
-E aí, Thiago?
-Matheus. Tudo bem?
-Vai ficar.
-Tua cara tá péssima.
-Quem te perguntou? Intrometido!- começa a falar sozinha, enquanto Matheus vai embora para o apartamento de Gabriella, antes de ter aula na Escola Correta Decisão- Já arquitetei, durante a noite, a melhor maneira de me livrar daquele advogado desgraçado.
-Ei, pô. Fala baixo. Os protagonistas não podem ouvir o que você arma para Manjericão. Daqui eu posso ouvir!
-Desculpe- Matheus sai de cena- As fotos só podem estar na casa do Caio e da Bella Café. É só eu entrar lá escondida e chantagear a Mabi com elas. Quanto ao Breno... O que é dele tá guardado.

CENA 102
Manjericão sai chorando pelas ruas da cidade e você, espectador, escuta ao fundo os versos de “Cantare é d’ amore”, do Amedeo Minghi.
-È quando tutti i giuramenti/ Fatti a te saranno inganni/ Alla vita che, stupita, sbanderà- Manjericão entra num ônibus localizado na Avenida Guararapes, completamente vazio.
-Amarsi è prima di capire/ È rimbambire la ragione in noi- sentado na poltrona mais alta, um vândalo picha o ônibus com a frase “Greve não!”. É neste momento que o cantor vê que enfrenta a paralisação dos rodoviários.
-Non è verità/ Che più la dici e meno baci avrai- Manjericão passa por uma banca de jornais e vê a seguinte manchete: “Nesta semana, a Fatinha se despede de ‘Malhação’”. Aí é que o coitado desaba. Minha gente, quem não pensa em Fatinha?
-E l'illusione mia che è vera- junto da banca, há uma carroça que vende abacaxis a três reais. O co-protagonista se lembra do Pineapple e foge do local.
-E chi ama canta/ Tra le voci della vita/ L'acqua che si incontra col suo scialacquìo/ Oppure è meglio non cantare/ Muti se non è d'amore/ E qualcuno deve farlo e sono io che ti canterò/ E come in fuga nel tuo cuore andrò- agora, o depressivo está numa ponte. Ao longo da letra, ele põe as pernas para fora na construção, chamando a atenção dos que estavam passando. Manjericão traça um destino trágico para si. E se joga.
-Non è la verità/ Che più la dici e più la dici mai/ Lei che tra i baci miei d'amore- o problema é que debaixo da ponte, passa um rio tão poluído que o cara é amparado pelo lixo. Os guaiamuns, solidários, carregam-no até a margem.

CENA 103
Bella está na sala de estar, ligando para a polícia.
-Alô? É da delegacia? Bella Café. Como não sabe quem é? A blogueira! Não leem minha página? Me engana que eu gosto! Pois então, eu estou ligando para denunciar o desaparecimento do Caio.
E cai Zaira, que vinha até então suspensa num cabo.
-Quem é Caio? Caio é o homem que mora na minha casa, e que deveria estar cuidando de um bebê dentro dela. Não, não é uma babá!
A antagonista engatinha até a cozinha, e procura no lixo o famoso envelope.
-Ela deve ter dado um fim nessas fotos. Ouvi quando eles discutiram ao telefone. Só pode ter jogado no lixo.
Zaira revira o lixo da jornalista e encontra o envelope.
-Finalmente- vira-se para continuar engatinhando, quando se assusta com o bebê no carrinho- Não vai estranhar a tia Zaira e gritar. Você não quer que sua mãe chame os tiras pra titia, quer?- o bebê tira uma dinamite acesa- Garoto discreto...
-Pode acionar os seus policiais! Eu quero o Caio aqui em casa com um pacote de Pom Pom!- Zaira voa agarrada ao envelope e é arremessada para a janela da sala- Taciana, minha filha! Desliga essa TV. Já falei que não quero o bebê assistindo a “Tom & Jerry”. E traz o meu cappuccino que estou atacada!

CENA 104      
Gabriella traz um copo d’água para Mabi.
-Tenta se acalmar. Ele não disse pra onde ia?
-Não, eu estou desesperada. Devia ter contado a verdade logo pra ele.
-É, mas tem o Google. Se ele fuçasse mais um pouco... – Thiago imagina.
-Uma hora ele ia ter que saber. Nem se um idoso pedisse autógrafo na rua- Matheus pensa alto.
-Nem fala uma coisa dessas. Imagina se ele souber se... Esqueçam...
-Matheus, vamos embora. A gente tá atrasado, e hoje tem aula sobre “A hora da estrela”.
-Eu também tenho que ir. Tenho aula de latim com a minha professora russa na faculdade. Dão emprego pra cada pessoa, não é?
-Pode ficar à vontade, Mabi. Precisando, liga pro meu celular.
-Obrigada, Gabriella. Valeu, gente.
Os meninos a beijam e acompanham Gabriella.
Zaira bate a porta.
-Hum, deve ter esquecido a chave- abre a porta- A cópia tá aqui...
-Cópia. Nem me fala essa palavra, que eu tive muito trabalho pra conseguir essas cópias- invade o apartamento e levanta o envelope- Fiz a minha sessão de “Karatê kid”, só não cantei “Never say never”...
-Zaira, do que você tá falando? Que cópias são essas?
-Essas são as cópias das fotos que você fez no Pineapple para a revista PlayMobil. Seria uma pena se caísse em mãos erradas, como as do Manjericão.
-Me dá isso aqui- tenta tomar o envelope.
-Nunca. Ter você nas minhas mãos vai ser um prazer do qual não posso e nem vou abrir mão!
-O que você pretende com isso, sua cobra?
-Pretendo, não. Vou conseguir. Ou você se afasta dele de uma vez por todas, ou essas fotos vão parar nas mãos do Manjericão. E eu não vou precisar envenená-lo contra você, porque só a sua pélvis de Janete de “Zorra Total” seria capaz de te comprometer.
-Você é uma doente. Uma obcecada.
-E você nem imagina pelo quê. Imaginou se a Bella Café tem acesso a isso e põe no blog?- Mabi tenta bater na vilã- Pode parar! Não se atreva a encostar a mão em mim!
-Só não vou acabar com a sua raça por causa da classificação indicativa! Dá o fora daqui.
-Com prazer, querida.
-Abrir mão do Manjericão? Não pode ser! Não pode ser!- atira um vaso contra a porta- Droga, não tem uma faxineira nessa casa. Cadê a pá?

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