-Mentira, velho... Quem foi que abriu a janela?- Xande
fica indignado.
-Gente, que cheiro é esse?- Rayane encosta-se a Felipe,
com nojo.
-O que é que houve aqui... –Amparo fica atônita em ver o
piso da sala 04 completamente tomado por pombos- Quem foi que abriu a janela?
-Agora entendi por que a gente derreteu no calor ontem.
-Mas peraí, Fred. Os pombos iam invadir assim, do nada, a
sala?
-Lógico que não. Alguém abriu a janela antes- Xande
confirma a sabotagem de Felipe.
-Amparo, não tem condições de dar aula aqui.
-Não tem outra sala pra levar a turma?- Fred pergunta.
-Bom... Tem o laboratório de informática.
-Aquele cubo?- Vivi fica surpresa com a sugestão da
diretora- Aquele ovo de codorna? Não cabe dez alunos ali dentro.
-Mandar vocês pra casa ela não vai mandar, não é? A gente
pode botar umas cadeiras lá, se não tiver. Quantas têm lá nesse laboratório?
-É uma cadeira pra cada computador. São vinte- esclarece
Amparo.
-Acho que dá pra levar umas cinco ou seis cadeiras pra
lá- sugere Fred.
-Pelo menos os pombos não cagaram nas cadeiras também-
Felipe alfineta a situação.
-Mas espera um minuto: o laboratório não tava com uns
buracos no teto?- lembra Bernardo.
-Uma infiltraçãozinha besta, não é nada demais. Podem ir
despreocupados pra lá. Eu vou pegar a chave do laboratório e já venho.
Lançando mão da agilidade narrativa que uma novela
precisa ter, pulemos para a cena em que Fred abre a porta do laboratório, sendo
seguido por Amparo, Gabriel e os seus alunos. O estagiário regente acende a
luz, encontra as carteiras todas bagunçadas e, assim como outros, sente um
forte odor que causa uma reação instantânea em André...
-É o cheiro da morte! O CHEIRO DA MORTE!
-Que catinga de mofo é essa, minha gente?- Gabriel mal
acredita no que vê.
-Eu disse que era uma infiltração pequena. Acontece que o
laboratório ficou muito tempo fechado, e por isso está com esse cheiro.
-Fechado por quê?- Fred ficou curioso.
-Os vinte computadores estão quebrados!
-Professor, a gente vai ficar aqui mesmo?
-Que jeito, não é, Xande? Bom, o jeito vai ser eu mudar
um pouco meu planejamento. Afinal, ninguém tá pronto pra fazer um trabalho
extenso nessa sala.
-O que o senhor vai fazer?
-Leitura-deleite.
Se você não entendeu a piada embutida na última frase
dita por Fred, você precisar frequentar a faculdade...
Ignoremos esse apelo pseudo-humorístico da estória e
vamos levar Amparo de volta à sala da diretoria. E quem lá está? Lavínia.
-Você por aqui? O que houve?
-Nada. Precisava falar com você.
-Você fez uma tatuagem mesmo...
-É. Resolvi seguir o seu conselho.
Amparo se volta para as costas de Lavínia e só consegue
enxergar a palavra "minha".
-O que quer dizer esse "minha"? É alguma letra
de música?
-Pois é. O "minha" vem daquela música que diz
assim...
-PRECISO DE UM NEBULIZADOR!
-Xande? O que foi?
-Sério, não tô conseguindo respirar!
-Calma, eu vou pegar o nebulizador e o Polaramine.
Lavínia, você me dá licença?
-Claro, Amparo, pode ir. Xande, senta aqui. Fica calmo.
-Tô sem ar, professora... Sem ar!
-Já sei. Você foram bem transferidos pra aquele
laboratório e você passou mal com o cheiro de mofo do teto, não foi?
-Não. Foi a leitura-deleite!
A reutilização da piada infame da
leitura-deleite serve apenas para manter o suspense sobre o que é a tatuagem de
Lavínia até o último capítulo. E ao contrário do que possa parecer, esse
desfecho não virá embutido numa piada.
Hora do almoço. A escola é integral (o que talvez
explique o título dessa trama toda), mas mais da metade vai embora alegando que
comprará uma coxinha na esquina e não volta mais. O fato é... Já percebeu que hoje
o nerd Xande foi o destaque do capítulo? Se continuar assim, os protagonistas
Fred e Gabriel pedirão revisão salarial... Enfim...
Xande fica por horas recebendo a nebulização, e não vai
pra casa junto com Rayane. Ela, por sua vez, sai acompanhada por Felipe. Os
dois se encontram na residência, trocam beijos e abraços, mas a garota anda um
pouco distante. Não menos distante do que Xande, que a essa altura voltará pra
almoçar.
-O que foi, Ray? O que é você tem?
-Você não teve nada a ver com aquilo, teve?
-Com o quê?
-Aquela estória dos pombos que invadiram a sala.
-Eu? Lógico que não. Eu, hein? Mas até que seria uma boa
não ter mais aula desse cara. Vê só: no primeiro dia de aula dele, a gente
largou mais tarde. Hoje, a gente chegou mais cedo e aguentou aquele cheiro
insuportável.
-Eu acho Fred desenrolado. Gosto dele.
-Mas não mais que de mim, né?
-Bobo...
-Fala, Ray. Não é só o que houve hoje. Tem alguma coisa
errada. Me diz o que é.
-Eu vou te contar, mas... Não fica grilado.
-Ih... O que foi, Rayane?
-Felipe, a minha... Caramba, como é que vou dizer isso?
-Tá me assustando, Rayane, falca de uma vez!
-Mas é que é difícil pra mim falar disso, sabe?
-Algum lance sério com teu irmão?
-Não. Com a gente- ao dizer isso, deixa Felipe ainda mais
tenso- Já tem uns dias que a minha menstruação tá atrasada.
-Sim, o que é que tem isso?
-Não adianta fingir que não entendeu o que eu disse,
Felipe. Eu acho que eu tô grávida.
-Grávida? Você tá grávida?
-Que estória é essa, Rayane?- Xande pega o casal de
surpresa- Você tá grávida desse cara?
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