-Eu
não acredito... Ele pulou... O cara que tentou matar o meu irmão pulou.
-Calma,
Robson. Infelizmente, temos que encarar os fatos. Ele estava descontrolado,
fora de si. Se o doutor não tivesse chegado a tempo, ele cometeria uma
barbaridade. Ele finalmente terminaria o que queria fazer.
-Eu
quero descer... Eu quero ver como ele é. Eu quero descobrir quem ele é, antes
que alguém venha tirar o corpo dele.
-Claro.
Venha descer, mas procure se aquietar.
-O
senhor é da polícia. Já tá acostumado a isso. Tem que aprender a ser frio.
-Eu
não tenho escolha. Só posso pensar que essa pessoa, seja lá quem for, procurou
isso. Vamos embora- Frazão ampara o rapaz, bastante chocado com a situação e
com ele desce às escadas.
Ao
descerem, Frazão mostra as credenciais perante os curiosos que se ajuntavam no
local.
-Com
licença, com licença. Abram passagem, por favor- alerta os transeuntes enquanto
puxa Robson. Quando chega perto do cadáver, o delegado dá a ideia.
-Chega
perto. Descobre quem queria acabar com seu irmão.
-Eu
não tenho coragem.
-Você
precisa. Agora, ninguém vai te fazer mal. Nem a Bruno.
E
Robson tira o capuz do misterioso personagem. E encontra um homem com a barba
por fazer, com diversos arranhões no rosto, com os olhos abertos.
-Fim
da linha pra você. Nunca mais você vai perseguir a Débora. Nem Bruno. Acabou.
*****
Débora
encontra seu Mané no meio do corredor do Hospital.
-O
senhor ainda não foi atendido, seu Mané?
-Minha
filha. Eu vi ele com a faca. Ele tava com a faca.
-Quem.
-O
irmão, o irmão...
-Seu
Mané, o Bruno não tava com faca nenhuma. Quem tava era o criminoso.
-A
faca tava com ele. A faca tava com a moça. A faca tava com o fofão.
-Como
é?
-A
faca tava com todos. Todos!
-O
senhor não tá bem.
-O
Camaro é perigoso. O caramelo é perigoso. A herança do meu velho então é uma
tragédia. Tragédia!
-Danou-se!
*****
Bráulio
está com Frazão e Robson. Os três conversam sobre a causa da morte e a
identidade do sujeito. O médico lê seu RG.
-Aqui
diz que o nome do bandido é Uálber da Silva Constantino. Já teve passagem pela
polícia e quase foi linchado pela população do bairro dele por contrabando. Numa
briga com a polícia, ele acabou sendo atingido de raspão. Por causa disso é que
veio parar no hospital. Eu até cheguei a atendê-lo.
-E
a causa da morte, doutor?
-Que
pergunta, delegado. A gente sabe que ele caiu do prédio.
-De
fato, foi isso, sim.
-Mas
eu não consigo entender.
-O
quê, Robson?
-O
senhor falou que esse cara tava no esquema de contrabando, era bandido, já
tinha sido preso. Que ele tem a ver com meu irmão? È só isso que me preocupa.
-Nós
vamos investigar isso, meu filho. Você precisa apenas manter a calma e deixar
por minha conta.
*****
-Ainda
bem. Parece que esse pesadelo acabou- após disso isso na enfermaria, Robson
percebe que Frazão dá um suspiro- Tá tudo bem com o senhor?
-Tá.
Eu tô me sentindo aliviado. Depois de tudo que eu vi e que eu passei hoje... Ainda
assim, eu me acalmei mais. Eu fiquei mais tranquilo.
-Não
sei com o quê.
-Robson,
eu vou te contar a verdade e quero que você me prometa que não vai ficar com
raiva de mim.
-É
tão sério assim?
-É.
Eu cheguei a desconfiar que fosse você o responsável pelo que aconteceu com
Bruno. Depois que teve toda aquela confusão com a Mell, e vendo o assassino
tentando acabar com Bruno, eu tive certeza que você não seria capaz de matar
ninguém. Muito menos o seu irmão. É isso que me tranquiliza.
-Frazão,
você me conheceu de madrugada. Eu sei que é seu trabalho, que você tem que
investigar, que averiguar, procurar tudo pra esclarecer o crime, mas... Eu não
consigo perceber por que você tá tranquilo.
-O
Bruno não é um simples caso de polícia. Nem é um simples caso de Mell. Tem algo
a mais no meu interesse.
-O
que é?
-Ele
se envolveu com a minha filha. E eu acho que... A coisa pode ser bem mais
grave.
-A
Mell. Quer dizer então que ela é a sua filha?
-Não
posso mais esconder. Ela é a minha filha. O Bruno pode muito bem ser o pai do
bebê que ela tá esperando.
*****
Bruno
dorme e lembra como a faca foi retirada de sua cozinha. Ele mesmo abriu a
gaveta e destrancou a porta violentamente, quando sussurrou:
-Eu
te mato. Infeliz. Eu acabo com você.
Até
sair.
O
inconsciente repete a mesma coisa quando está sozinho na enfermaria.
*****
-Por
que você me escondeu isso?
-Porque
eu também desconfiava de que a Mell fosse culpada. Eu sei que é estranho, mas
eu tenho que considerar o quanto ela seria capaz disso. Ela me falou que Bruno
sempre corria atrás dela.
-Deve
ter sido um choque muito grande saber que ela ficou grávida.
-É
minha única filha. Eu cuido dela sozinho. Mas falhei. Não percebi que ela tava
apaixonada, não vi o passo errado dela e agora, ela tá assim. Tudo o que peço é
que você não minta pra mim agora. Quem é o pai do meu neto? O Bruno ou você?
-Não
sei nem meu nome, quanto mais quem se aproveitou da sua filha no dia fértil
dela!
Débora
chega no corredor e escuta a conversa. Mell vem por outro lado e vê o pai e o
ex-amante.
-Mell,
pelo bem desse bebê que você tá esperando.... Me conta a verdade. Os dois têm
chances de serem pais. Quem te engravidou, minha filha? O Robson ou o Bruno?
-O
meu filho... O meu filho...
-Fala,
desgraça! Que agonia!
-O
meu filho é seu, Robson!- grita desesperada.
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