16/07/2016

ROMANCES DE ESTAÇÃO/ CAPÍTULO 16: EU NÃO POSSO ESPERAR MAIS

-Fala de uma vez, Doutor!  Eu tenho AIDS? A minha mulher tem AIDS?
-O resultado dos exames não fica pronto agora, só daqui a dois dias.
-Mas o senhor não desconfia de nada?
-Do quê, exatamente, Laura?
-Não sei, algum sintoma!
-O vírus não se manifesta assim que o indivíduo é contagiado. A pessoa pode ficar de dois a quinze anos sem manifestar qualquer sinal de que possua o HIV.
-Quer dizer que o resultado pode dar falso, mas o vírus pode se desenvolver lá na frente?- Jorge se mostra cada vez mais preocupado.
-Sim, Jorge. Infelizmente a medicina não avançou tanto no sentido de prevenção. Essa doença só foi descoberta há oito anos.
-E essa informação me serve de quê mesmo?- o marido de Laura ironiza a explicação.

Passa-se mais um dia, com a tensão tomando conta de todos os integrantes da família Lemos Andrade. Laura continua com os afazeres domésticos com aparência abatida, Jorge sai para o trabalho sem disfarçar sua preocupação e as garotas vão juntas para a escola sem trocar uma só palavra. Para a mais velha, é inegável que a caçula é a responsável pela crise no lar, ou pelo menos é tão culpada quanto Jorge. Já para Marina, o sofrimento tem a ver com a necessidade que a mãe tinha de descobrir sobre o caso de seu pai.
Marília conta sentada numa das últimas carteiras da sala de aula, mas sem o mesmo entusiasmo de antes. Júlia, Fabrício e Marcello tentam falar com a moça, que não quer diálogo nem mesmo com o namorado. Pouco antes do anúncio do intervalo, Marina pede a Joana para ir ao banheiro. Com a licença dada pela professora, a adolescente só não espera encontra no corredor a diretora acompanhada de um senhor.
-Eu já ia mesmo te chamar na sua sala.
-Eu pedi pra ir ao banheiro. A senhora queria falar comigo?
-Na verdade, quem quer falar é ele, Marina.
-Desculpa, a gente se conhece?
-Não. Meu nome é Breno Balboa. Sou o pai do Max. Será que a gente pode conversar, Marina?
-Pode ir pra minha sala com ele, Marina. Eu aviso à Joana que você está com ele.
-Vamos, então?
-Tudo bem. Eu vou com o senhor- Marina acompanha o empresário até a diretoria, receosa.

Jorge volta à clínica onde fez os exames com Laura, sem a companhia da esposa. Aborda a recepcionista do local.
-Bom dia, é a respeito do exame que eu fiz ontem.
-Ah, eu lembro que o senhor esteve aqui com sua esposa. É o teste de HIV?
-Pois é... – Jorge fica constrangido em admitir- Eu queria saber se vocês podem me dizer a que horas eu posso pegar o exame que ficou pra amanhã.
-O senhor não vem com a sua esposa?
-Não, eu vou ter que passar mais cedo amanhã, por conta de um... De um compromisso.
-Que sorte que o senhor deu. O laboratório liberou os exames há uma hora, nós já estamos com o resultado. Seu nome é...
-Jorge Magalhães Andrade.
-Deixa eu verificar aqui na pasta... João, Joel, Jonas, Jones... Aqui: Jorge Magalhães Andrade- entrega o envelope- O senhor não vai pegar o resultado do teste?-pergunta, ao perceber a aflição do marido de Laura.

Toca o sinal que anuncia o intervalo. Na diretoria, estão Marina e Breno.
-Marina, eu queria conversar a sós com você.
-Tô vendo. Só não entendo que assunto o senhor tem comigo.
-Eu não queria falar na frente do Max porque nos últimos dias ele tem andado nervoso, irrequieto. Certamente não concordaria com a minha ideia de vir aqui.
-Por favor... Vai ver foi ele quem veio com essa iniciativa.
-Meu filho não é essa pessoa que você descreveu pra polícia, Marina. Ele não é esse monstro...
-Mas a polícia sabe disso?
-O que eu vim te pedir é muito simples. Eu não sou homem de ficar implorando nada pra ninguém, mas a situação de vocês dois é muito grave. Marina, eu queria que você pusesse sua mão na consciência.
Thales passa nesse exato momento e se esconde para escutar a conversa, pois vê que Marina está na sala da diretora da escola.
-Sinceramente, eu acho que o senhor tá perdendo seu tempo...

-Retira essa denúncia contra o meu filho. Esquece essa história de abuso sexual que você inventou pra prejudicar o Max.

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