-Não! Eu fiz pra
que você não arranjasse mais nenhuma desculpa pra me deixar. Porque eu sei que
você não passa de um covarde, que sem mais nem menos ia me abandonar de novo.
-Mas você é muito
cínica mesmo! Ainda tem a cara de pau de admitir.
-Eu não sou
hipócrita, ao contrário do que você pensa! Que coisa estranha, né, Danilo? A
minha melhor amiga consegue ser mais leal a mim que o meu próprio noivo!
-Como foi que você
conseguiu o DVD com essas imagens?
-Considerando que
você fez aquilo com Lívia na noite da festa, eu imaginei que você não ia ter coragem
de levá-la pra casa da Isabela, nem ela ia voltar depois de me ver indo pra
casa. Foi aí que eu me lembrei de que o meu carro tava estacionado na mesma rua
que o seu. Se você tivesse voltado pra mansão, alguém já teria insinuado alguma
coisa e eu teria desconfiado. Mas não. Aproveitou que a rua tava deserta, que
já era tarde, e agarrou Lívia, chegando a bater nela. É a sua cara, seu
covarde. Mas eu te dei um voto de confiança. Expulsei Lívia daqui, como se
fosse um cachorro sarnento. Coitada, deu até pena.
-Pena? Você deixou
a Lívia numa cama de hospital, em coma! Que direito você tem de dizer que sente
pena? O seu crime é muito pior que o meu. Ela pode morrer por sua culpa!
-Crime? Mas não tem
provas. Ninguém tem prova nenhuma, Danilo. Ao contrário do seu delito. Só que
no fundo, eu sabia que ela não ia mentir pra mim. Então, eu... Resolvi conferir
essa estória. Paguei uma grana preta pro chefe de segurança do edifício, ele
até usou a grana pra se mandar da cidade. Dei a data, disse a hora que tudo
tinha acontecido... E eu assisti a tudo, calada, vendo você se esfregando com
ela dentro do carro, tarde da noite, com a porta aberta. Paguei mais um pouco, e
consegui o DVD. A única cópia que tinha. Você não vai poder me denunciar,
porque não tem como comprovar que eu dei o abortivo pra Lívia.
-Então, por que tá
me contando tudo isso? Vai dizer que não sente medo?
-Sinto agora,
porque a Lívia contou pro irmão de Toni que eu sei quem é o pai do filho dela. Você
me colocou nessa situação, e agora vai ter que me tirar.
-Eu não fico aqui nem
mais um minuto...
-Ótimo. Vai mesmo.
Assim você tem mais tempo pra pensar no que vai fazer. Eu não posso
chantageá-los porque estarei assumindo minha culpa. Por isso, meu amor, você é
que vai achar uma solução pra isso. Não se esqueça de que tudo isso aconteceu
por sua culpa.
-Infeliz... Isso
não vai ficar assim.
-Contra mim, você
não pode fazer nada. Tá na minha mão, Danilo.
-Pior coisa que eu
fiz na minha vida: ter ficado com você.
-Pensa no que
fazer, viu, meu anjo? Só não se esqueça de que se eu cair, você vai me fazer
companhia no fundo do poço- Karen abre a porta- Agora, vá pra casa e pense,
desfrutando da boa vida que o Dr. Rafael Duarte Tosak te dá. Aposto que, com
esse argumento, você vai ter uma boa ideia rápido.
Danilo, revoltado com
a atitude da noiva, sai batendo a porta com violência. Karen, por sua vez,
encosta-se à parede e chora bastante.
/////
Toni conversa com
Cícero sobre a atitude que tomou ao conversar com Karen em seu prédio.
-Você não podia ter
feito isso, Toni. A gente não saber o que se passa na cabeça de Juliano é uma
coisa, agora você comprar essa mentira...
-Painho, eu fui só
pra Juliano ficar mais calmo. E eu vi que ele não tava mentindo, que aquela
mulher tem mesmo alguma coisa a ver com o que houve com Lívia.
-Deixa eu ver se eu
entendi: você tá tentando me convencer de que seu irmão tá ouvindo o espírito
de uma moça, que nem morta está, e ela pediu pra ele contar pra Heloísa que ela
não engravidou por acaso, que foi vítima de um estuprador que ninguém sabe quem
é?
-Karen sabe.
Juliano me disse e ela negou, mas eu vi que ela sabe. Essa mulher mentiu pra
Dona Heloísa, mas a gente não sabe por quê.
-Olha aqui, eu
tinha pedido pra você colocar na cabeça do seu irmão que isso não existe. Agora
você, um crente, acreditar nesse tipo de coisa?
-Eu também não sei
explicar. Mas o fato é que Juliano tem razão. Não sei quando que Lívia falou isso
pra ele, ou se Lívia realmente falou, mas é verdade. Ou o senhor acha que ela
ia tentar um aborto se não fosse por esse motivo?
-O que a gente sabe
da vida dessa moça, Toni? Sempre foi pobre, de condição humilde, dependia do
trabalho da mãe, mas não olhava na cara de ninguém, se achava superior. Como eu
posso acreditar nessa estória estapafúrdia, ainda mais envolvendo o seu irmão,
que ela fazia questão de pisar?
-A única coisa que
eu peço ao senhor é pra dar um voto de confiança pra gente.
-Vocês estão
proibidos de mexer com essa moça, de tocar nesse assunto novamente.
-Mas, Painho, essa
tal de Karen...
-Eu já falei, Toni.
Não toquem mais nesse assunto. A partir de agora, esse assunto está encerrado.
Morreu! E eu vou dizer pro seu irmão parar com isso agora, tá me ouvindo?-
Cícero sai da sala e vai ao quarto dos rapazes conversar com Juliano.
/////
Karen entra no
banheiro da academia e decide tomar um banho. Debaixo do chuveiro, ela escuta
os passos de alguém, mas não dá importância. Os passos cessam.
Acabado o banho, a
estudante de jornalismo se enrola numa toalha e se olha no espelho. Dentro de
uma cabine, sai Danilo, ainda receoso por ter que trocar palavras com a noiva.
-Tá fazendo o quê
aqui?
-Você pediu pra que
eu pensasse no que fazer.
-E então? Conseguiu
ter alguma ideia pra gente se livrar do mala?
-Tive, sim.
-O que é que você
fazer? Vai mandar alguém dar um susto nele? Mandar alguém subornar o Toni?
Ameaçar a família?
-Não, isso seria
dar demais na vista. Sem contar que a poeira pode abaixar por um tempo, e
depois a gente voltar a lidar com esse tipinho. A solução tem que ser direta,
definitiva.
-Danilo, fala logo
como é que você vai tirar o Toni do caminho.
-Eu não vou fazer
nada, Karen. Você é que vai.
-Como assim?
-Muito simples.
Você vai matar o Toni.
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