18/06/2017

VIDA LOUCA/ CAPÍTULO 15: PROMESSAS QUE UM DIA ACONTECERÃO

-Gente, por que vocês dois ficaram mudos de repente?- Gabriela pergunta.
-Nada, meu amor- Fábio a beija, tentando encerrar o assunto. Victória entra na sala de aula e olha para Vinícius, que prefere deixar o local.
-Dá licença- diz para Gabriela e Eduardo.
O celular da namorada de Fábio toca, e ela atende rapidamente.
-Oi, Mãe. O que é? Não tá dando pra te ouvir, o sinal tá muito ruim aqui. Deixa eu sair da sala- abaixa o celular- Peraí um minutinho, amor. Daqui a pouco eu volto.
-Tudo bem, vai lá- após a frase, Gabriela continua a conversa com Ariane no corredor do colégio- Será que é mesmo a mãe dela ligando?
-Por quê, Fábio? Quem mais ia ser?
-Não, esquece o que eu falei. Besteira minha.
-Sabe que eu ainda não entendi?
-O quê, Edu?
-Desde quando você é amigo do Vinícius.
-A gente não é amigo, é colega de turma. Como você é dele também.
-Mas esse abraço quer dizer o quê? Você não é tão próximo do Vinícius assim...
-Cara, não reparasse no clima, não, quando a Victória entrou aqui? Os dois terminaram, o cara ficou mal pra caramba.
-E ficou sabendo como?
-Os dois trabalham no mesmo lugar, são modelos, ele teve uma briga com ela e isso saiu num site- mente- Lógico que eu fui dar uma força quando eu vi ele aqui.
-E ele conversou tudo isso que houve entre ele e a Victória com você assim, do nada?
-Já te disse, eu li num site. Achei que o cara tava precisando de uma força.
-Não é por nada, não, mas acho que você não devia se envolver tanto nessa história.
-O que é que você tem contra o Vinícius?
-Tenho contra a galera com quem ele anda- Eduardo começa a falar em voz baixa- Uma vez eu peguei a Bete e os amigos dela a qui dentro e...
-Diz. Continua, Edu.
-Eles tavam fumando.
-Tá, e o que é que Vinícius tem a ver com isso?
-Deixa de se fazer de besta, Fábio. Vinícius tá cada dia pior, falta à aula, não fala coisa com coisa, tá ficando mais magro a cada dia que passa... Você acha que é o quê? Só pode ser droga.
-E se for, o que é que tem? Qualquer um pode experimentar, fumar...
-Qualquer um não. Você mesmo não é desse tipo, nem nunca foi.
-É, tem razão.
-Me ouve, Fábio. O Vinícius não é boa companhia pra ninguém. Toma cuidado com esse amigo novo que você inventou de fazer.
-Pode deixar, que eu sei me virar.
-Tomara que saiba mesmo.
Gabriela volta para a sala, onde conversa com o namorado e o irmão.
-Era tua mãe mesmo?
-Era, sim. Queria confirmar se Edu e eu trouxemos o dinheiro do pagamento da trilha.
-Trilha? Que história é essa?
-Fábio, tua cabeça tá no mundo da lua, só pode. O professor de Geografia pediu pra que a gente trouxesse o dinheiro pra alugar o ônibus da trilha que ele quer fazer lá na zona da mata, saindo daqui do colégio na sexta e voltando no domingo à noite.
-Ih, caramba, eu esqueci que era pra trazer o dinheiro hoje. Vou falar com ele pra ver se eu posso trazer na aula de amanhã.
-Depois da aula, eu posso passar lá na tua casa?
-Hoje? Pode, pode, sim.
-Tô te achando tão esquisito... O que é que foi, Fábio?
Fábio olha para Eduardo, lembrando-se da conversa que acaba de ter com o cunhado, cada vez mais desconfiado.
-Nada. Tava mesmo com muita saudade sua.
-Saudade essa que você não mata, né?
-Eduardo!- Gabriela repreende o irmão.
-Falei nenhuma mentira, não, gente. Faz tempo que Fábio não aparece lá em casa.
-Nem vou aparecer. Quer mesmo que eu diga o motivo de não ir lá?- Fábio senta em sua carteira, causando uma troca de olhares entre Eduardo e Gabriela, que estranham o jeito agressivo de falar do rapaz.

Como combinado, o casal vai até a casa de Fábio no início da tarde, entrando no quarto dele.
-Ainda bem que você conseguiu falar com o professor e ele te deixou entregar o dinheiro amanhã.
-Tô louco pra fazer essa trilha. Ainda mais sabendo que você vai também- Fábio joga a mochila numa cadeira e tira a farda do colégio.
-Ah, é? E o que isso tem de tão especial?
-Pensa bem- abraça o corpo de Gabriela- São três dias longe de casa, longe de tudo. A gente bem que podia aproveitar, né?
-Pra quê, amor?
-Tenho que dizer?- Fábio beija o pescoço da namorada.
-Peraí, Fábio. Espera- Gabriela coloca uma distância entre os dois- O que é que tá rolando contigo?

Bete volta para o sobrado no início da tarde e não desconfia da entrada de Diego. Joga a mochila sobre o sofá e comemora sozinha.
-Que maravilha! Com aquele idiota comprando a mim, vai ser muito mais fácil acabar com ele- dirige-se ao quarto, onde encontra as suas roupas jogadas ao chão- O que é que houve aqui?- a moça encontra Diego sentado ao lado de sua cama, com o seu diário na mão, atemorizando-lhe- Como foi que você entrou?
-Pela porta, meu amor...
-Deixa de ser cínico. Não sou doida de sair sem trancar tudo, ainda mais sendo quem eu sou.
-Claro. Teu medo sempre foi da polícia. Mas sabe de quem você devia ter medo, Bete? De mim.
-Fala logo como foi que você veio parar aqui dentro.
-Forcei a fechadura. Pronto, respondi sua pergunta. Mas eu acho que você quer saber pra quê eu fiz isso, e eu acho que você merece uma explicação. Eu descobri tudo.
-Tudo o quê, Diego?
-Que você transou com outro cara pra ele dar um diagnóstico falso da Gabriela e atazanar o Fábio.
-Olha só, se você acreditou em qualquer patacoada que o Nonato te contou...
-Nonato? È esse o nome do idiota, é? Você podia ter ficado calada, negado o que eu tô te dizendo, mas acabou se entregando. Fazer o quê, né? Eu fui mais esperto que você, Bete.
-No que foi que você mexeu aqui?
-Quis acabar contigo, arranjar a prova de que você e aquele... Bom, você sabe o que ele é... A prova da tua traição comigo. Só que eu acabei achando coisa mais interessante: o teu diário. Cada revelação, hein, Bete? Se eu fosse falar aqui cada linha que eu li, ia terminar amanhã.
-Quem te deu o direito de entrar aqui e fuçar a minha vida? Você não podia fazer isso comigo, imbecil!- Bete se aproxima e acaba dando uma bofetada no rosto de Diego, que não se intimida e dá um soco na moça, derrubando-lhe no chão.
-Tá pensando que é quem pra tocar em mim, sua cachorra? Não encosta em mim nunca mais, tá me ouvindo? Eu tenho nojo de você, da tua vida, da tua história. Pra mim, você não passa de lixo puro.
-Do que você tem nojo, Diego?- Bete levanta do chão- Hein? De saber quem eu sou de verdade ou de saber que eu enganei aquele trouxa pra ele comer na minha mão?
-Quer que eu comece falando do quê? Da prostituta da tua mãe?
-Cala a boca!- grita.
-Prostituta, sim! Que teve um caso com o avô do Fábio há anos! E quando o velho tava pra morrer, ele deixou tudo pra filha e pro neto, mesmo sabendo que você era filha dele. Te deixou na miséria!  Na miséria, sabe o que é isso? Quer dizer que você ia montar na grana do Fábio e da mãe dele sem me contar nada?

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