28/01/2022

PRIMEIRO CAVALHEIRO | EPISÓDIO 3

(abertura)

 

Cena 1

Isa e Tom voltam ao restaurante no qual se conheceram, o Le Seira, ainda acompanhados de Shin e Fabian que tocam qualquer música que sirva como integrante da trilha sonora da série.

ISA: Quem diria que nós estaríamos aqui de novo, agora sem pagar porque ninguém se atreve a cobrar a presidente da república?

TOM: O bom é que a gente pode se empanturrar à noite toda sem culpa, como se não houvesse glicose a ser controlada. Foi pensando nisso que eu te preparei uma surpresa.

ISA: Hum, adoro. Já posso saber o que é?

TOM: Podem entrar.

Fabian e Shin aparecem no saguão do restaurante com ternos azuis.

SHIN: Agora para vocês uma apresentação no saxofone, trazendo uma composição de Isolda.

Fabian passa a executar “Outra vez” com o instrumento anunciado por Shin.

FABIAN: “Esqueci de tentar te esquecer, resolvi te querer por querer, decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade sem nada a perder...”

ISA: Esta canção, se não me falha a memória, foi lançada originalmente por Roberto Carlos em 1977, não foi?

TOM: Sim, amor; conhecemos a música pela voz dele.

Após alguns segundos de silêncio, Isa arremessa Fabian e o saxofone pela janela do restaurante.

ISA: Você sabe muito bem que eu só gosto de Paramore!

TOM: Desculpe, querida. (pede, desmotivado) Faz acapella, por favor.

SHIN: “You are the only exception...”

(fundo musical: “When I think of you”)

O celular de Tom toca.

ISA: Vai mesmo atender?

TOM: Ué, e deixar que digam que o Serasa está atrás do primeiro cavalheiro? (atende a ligação) Alô?

SANTOS: Boa noite. Eu gostaria de falar com o Sr. Tom Poli.

TOM: É ele, quem deseja?

SANTOS: No teu caso, só tua esposa mesmo. Aqui é Camilo Santos, eu sou gerente da Guitarra, a empresa responsável pela geração de energia elétrica de Paramar.

TOM: Ah, sim. Como vai o senhor?

SANTOS: Muito bem, obrigado. O que acontece, Sr. Tom, é que nós chegamos ao seu contato por meio de indicações. Mas você deve entender que, por sermos uma empresa estatal, precisamos estabelecer um processo rigoroso de seleção, não é?

TOM: Claro.

SANTOS: A Guitarra vai abrir uma vaga de estágio para engenheiros eletricistas e a prova será realizada daqui a duas semanas. Eu posso te mandar o endereço e o horário pelo aplicativo de mensagens. O senhor está interessado?

TOM: Claro! Claro, é o que eu mais quero! Mas... Quem me indicou?

SANTOS: Relaxe. O senhor é marido da presidente da república, o que mais tem é portal de notícia sabendo até do que o senhor foi fazer no banheiro. Posso colocar seu nome na lista de candidatos, então?

TOM: Melhor me aprovar logo.

SANTOS: Desculpe, Sr. Tom, mas é o protocolo da empresa. Já imaginou o que vão dizer sobre a Guitarra caso o senhor seja aprovado?

TOM: Mas é óbvio que eu vou passar, não tenha dúvida.

ISA: Quer desligar essa ligação que interrompe o nosso jantar?

TOM: Eu falo com você depois, Camilo.

ISA: Será que não seria Camila?

TOM: Só se for a do Nenhum de Nós.

SANTOS: Até mais ver (encerra o telefonema).

ISA: Quem é a biscate?

TOM: Se tudo der certo, não vou viver fazendo biscate.

ISA: Os jogos de palavras não estão te ajudando a manter seus segundos de vida. (bate com os dois braços na mesa) Fala quem é essa vagabunda!

TOM: Você quer, por favor, se aquietar?

ISA: Não venha me dizer o que devo fazer, macho escroto, patriacal e opressor!

TOM: Era da Guitarra. O gerente da empresa, que se chama Camilo Santos, ligou pra dizer que daqui a duas semanas haverá uma seleção pra estagiários lá. Vai ser a chance da minha vida! Pensa bem, Isa: caso eu ganhe a vaga, não vão dizer que eu sou um estudante desesperado e desempregado escorado na chefe de estado de Paramar.

ISA: Tom, eu já vou logo avisando: melhor pra você vai ser se estiver me falando a verdade. A rotina, ao contrário do que o ditado diz, não é pior que uma amante. Eu sou.

TOM: Glup! Bom, se você tem dúvidas a respeito da minha fidelidade, eu posso ir com o Shin até o prédio da Guitarra.

ISA: Como se vocês homens não se protegessem o tempo todo, justificando suas atitudes misóginas...

TOM: Shin é um cachorro.

ISA: Ah, é.

 

Cena 2

(fundo musical: “The way you look tonight”)

LETREIRO: Dois meses depois...

Santos recebe Tom em sua sala, localizada no prédio da Guitarra.

SANTOS: Por favor, sinta como se estivesse em sua casa.

TOM: Não dá.

SANTOS: Eu te constrangi com alguma coisa que falei?

TOM: Que nada, me refiro ao fato de não ter um esquadrão antibombas na porta do meu quarto.

SANTOS: Tom, eu te chamei aqui porque... Cara, não sei se é certo ter te chamado aqui...

TOM: Minha viagem de limusine não pode ter sido em vão. Pensa na gasolina, que está cara.

SANTOS: Culpa da sua mulher... Quer dizer... Enfim... Pode parecer antiético, mas eu mandei que você viesse pra cá pra dizer que tive acesso ao resultado das provas.

TOM: Ué, mas o edital disse que só saberia da minha colocação no fim do mês.

SANTOS: Como eu sou o gerente, e vou tratar pessoalmente das contratações, eu preciso revelar que... Eu gostei de você. Sério, eu acho que deu pra criar uma amizade sincera e desinteressada entre nós.

TOM: Camilo, quer ir ao assunto? Não temos amizade, e certamente o que você vai me dizer antes de todo mundo saber é por causa da minha posição perante a sociedade. Do contrário, eu teria que esperar como num certame normal.

SANTOS: Infelizmente você não entrou na lista de selecionados para o estágio na Guitarra. Ficou até perto, mas não deu. Foi um décimo de diferença para o último aprovado.

TOM: É o quê? Sabe quantos dez eu coleciono na minha graduação pra ser rejeitado por qualquer seleção que seja? Camilo, eu preciso desse estágio pra terminar meu curso de Engenharia Elétrica! Será que você tem noção do meu desespero?

SANTOS: Sinto muito por você não ter sido aprovado, mas foram quarenta mil tentando uma vaga. Considere-se vitorioso por ter sido ao menos finalista.

TOM: Tudo bem, podemos abreviar essa conversa mole e falar na linguagem que talvez seja a única que você entenda. Quanto é que eu tenho que desembolsar pra conseguir esse estágio?

SANTOS: Tá querendo me pagar pra trabalhar?

TOM: E se eu estiver? Todo mundo tem um preço, e é de graça se você me disser o seu.

SANTOS: Eu... Não tenho nada a oferecer além da verdade. Não vou perder o meu emprego ou sequer me arriscar pra fazer a sua vontade. Só que, considerando quem você é, achei que tinha a obrigação de dizer.

TOM: Você não vai reconsiderar?

SANTOS: De forma alguma.

TOM: Sendo assim, aguarde quando a minha esposa mandar a sua exoneração. Porque eu vou fazer a cabeça dela pra isso, pode apostar.

SANTOS: Não vai ter coragem.

TOM: A Isa faz tudo que eu quiser. E se eu estalar os dedos ela não vai hesitar em acabar com você. Esperarei o resultado oficial. Repense sua decisão, se quiser manter o emprego (Tom deixa a sala de Santos, que liga para Mandelli).

SANTOS: Alô? Alô, Mandelli, eu não estou conseguindo te ouvir. Espera, eu vou colocar o celular no viva-voz. Pode me ouvir agora?

MANDELLI: Claro, fala. Captou o diálogo entre o Tom e você?

SANTOS: Consegui.

MANDELLI: Tem certeza?

SANTOS: Sim, ele fez o que você queria. Posso mandar o áudio que gravei agora mesmo. Quando isso vai passar no jornal?

MANDELLI: Tenho contatos jornalísticos que podem segurar a notícia por mais algumas horas. Mas eles me garantem que será a primeira manchete do “Boletim de Paramar”.

SANTOS: (faz uma pausa) Tem certeza de que isso não vai me prejudicar, Mandelli?

MANDELLI: Óbvio que não vai. A opinião pública vai te ver, fazendo uso das palavras da Isa Duncan, como um funcionário público humilhado por um macho escroto, patriacal e opressor! Por curiosidade, o marido da presidente da república. Envia o áudio que você captou, e deixa que da melhor parte do plano eu tomo conta.

 

Cena 3

(fundo musical: “Secret affair”)

Tom está bebendo uma xícara de café na varanda de seu apartamento, à noite, e Shin está sentado no sofá conversando com o marido da chefe de estado de Paramar.

SHIN: Nossa... Como está silencioso aqui, não é?

TOM: Canta uma música que o silêncio acaba.

SHIN: Não dá pra fazer isso. Depois que a Isa teve aquele ataque histérico e jogou o Fabian da janela, eu nunca mais tive um instrumentista que me acompanhasse nos lugares. O coitado está todo quebrado no hospital até hoje.

TOM: Sabe que Fabian recebeu alta da emergência ortopédica há muito tempo, e que ele não voltou pra fazer dupla com você desde o incidente da trigésima edição do Prêmio Paramar de Música.

SHIN: É... Desconheço o que aconteceu.

TOM: Mas o país inteiro sabe de tudo, foi transmitido na TV do governo. Ele ganhou o prêmio de revelação de 2031 e você tomou o microfone do cara na hora do discurso. Não me admira ele não voltar.

SHIN: Fabian nunca soube falar em público, a oratória dele é bastante questionável... Tudo bem, eu me viro em carreira solo.

Tom e Shin ouvem um barulho enquanto o cantor está sentado na sala.

TOM: Escutou isso?

SHIN: Todos os estados da república federativa junto comigo. Parece que veio do quarto da Isa.

TOM: Vou lá ver.

Quando Tom abre a porta para entrar no quarto, Isa aparece molhada e enrolada num roupão rosa.

TOM: Amor, tá tudo bem?

ISA: O controle de pragas desse palácio deixa muito a desejar, herança das gestões anteriores. Acabei de encontrar uma barata voadora assim que entrei na minha banheira de mármore egípcio repleta de leite de cabra raquítica.

TOM: O que foi que você fez?

ISA: Tratei como o inseto que ela era. E matei. Como diria Regina Duarte em “O astro”: “matei com a mais absoluta tranquilidade espiritual, emocional”... Era a barata ou eu.

TOM: Que carinha é essa, meu amor?

ISA: Posso saber onde você estava?

TOM: Na Guitarra. Fui selecionado para o estágio lá. Parece que você não ficou feliz com o que eu disse.

ISA: Uma amante se encontrando contigo no primeiro andar de um motel de beira de estrada seria menos doloroso do que isto que você está me contando.

SHIN: Pierre ligou pra dizer que está vindo pra cá.

ISA: O que é isso, Shin? Quem mandou você entrar no meu quarto enquanto estou à vontade com o meu marido?

SHIN: Isa, deixa eu te explicar uma coisa: como cachorro, a única que pode despertar meu instinto animal é a Priscila da “TV Colosso”. Veste o blazer de sempre e se apronta em poucos minutos, porque o Pierre disse que tem um assunto urgente pra discutir com vocês (chora).

TOM: Por que esse choro? O assunto é grave?

SHIN: Saudade de mandar o Fabian calar a boca.

Tom e Isa se olham por estranharem o comportamento do cantor.

 

Cena 4

ISA: (saindo do quarto) O que aconteceu, Pierre? O que de tão urgente você tem pra me falar?

PIERRE: Onde é que está o Tom?

ISA: No quarto, tentando acalmar o Shin, prestes a ter uma síncope.

PIERRE: Ótimo, porque daqui a pouco eu presumo que ele tenha que realizar o mesmo trabalho com você.

ISA: Quer dizer o quê?

PIERRE: O Mandelli protocolou um pedido de impeachment contra você.

ISA: Mas já? Não deu nem tempo de roubar cinquenta centavos dos cofres públicos e o homem me trata como se eu fosse uma larapia de marca maior.

PIERRE: É o que estão dizendo nos corredores da sede do partido, de onde saiu essa notícia eu não faço a menor ideia.

ISA: Que trunfo aquele idiota pode ter contra mim? A avaliação do meu governo está em 85%, o que ele poderia inventar que seja capaz de destruir a minha reputação?

TOM: Consegui acalmar o cachorro...

ISA: Psst!

PIERRE: Não sei, Isa. Mas é melhor acompanhar o noticiário pra ficar a par do que o homem pretende.

(fundo musical: “Sweet sensation”)

A âncora do “Boletim de Paramar” entra no ar para trazer a última notícia que envolve Isa e Mandelli.

ÂNCORA: Boa noite, mas só para alguns. Hoje seria o dia da minha folga, mas tive que vir trabalhar porque esses políticos não conseguem ficar um dia sem se envolver numa cachorrada.

SHIN: (grita pausadamente do quarto) Foi ofensivo!

ÂNCORA: O ex-presidente da república, Eduardo Mandelli, protocolou há poucas horas um pedido de impeachment contra Isa Duncan, que está no poder há alguns meses.

TOM: Ele pode fazer isso, Pierre?

PIERRE: Os direitos políticos não lhe foram negados, Tom. A justiça deu autorização pro Eduardo pentelhar a Isa, quantas vezes e da maneira que quiser.

ÂNCORA: O que embasa a denúncia contra a cientista política é um áudio vazado de uma conversa entre Camilo Santos, gerente da Guitarra, e o primeiro cavalheiro Tom Poli.

ISA: Conversa?

ÂNCORA: Neste diálogo, o marido da presidente tenta subornar Santos em troca de uma vaga de estágio na estatal. O “Boletim de Paramar” teve acesso ao material e exibe na íntegra para os telespectadores a partir de agora.

Lentamente as expressões de Pierre, Tom e Isa vão mudando para um aspecto mais sério, enquanto escutam a gravação que Santos conseguiu realizar.

ISA: Do que se trata isso, Tom? Isso é uma montagem vagabunda, não é? Não é?

PIERRE: Não fica calado, Tom; se defende!

TOM: Infelizmente não. Isso aconteceu.

ISA: Quando você se encontrou com o gerente da Guitarra?

TOM: Hoje à tarde, ele me chamou pra falar da seleção de estágio. Era isso que eu queria te contar quando eu voltei pra casa e te surpreendi minutos depois do homicídio da barata.

ISA: Será que você tem a mínima ideia do quanto me comprometeu ameaçando esse homem? Mas o que é que...

TOM: Isa, calma! Quando eu falei, não pensei que o Santos usaria isso contra mim. Não havia motivos que lhe fizessem procurar maneiras de me prejudicar...

ISA: Óbvio que não! Porque você não significa nada, é um zero à esquerda!

PIERRE: Procura se acalmar, Isa...

ISA: Não quero! Não me pede calma, Pierre! Não me exija cabeça fria nessas horas, porque não posso oferecer a ninguém!

PIERRE: Mas é o que a gente precisa pra contornar a situação, por favor!

ISA: (volta-se para Tom) Você vai ter que dar um jeito de sanar esse problema que você me criou!

TOM: E o que você quer que eu faça?

ISA: Descubra! Eu não vou ser afastada das minhas funções porque você utilizou a minha posição pra ameaçar um funcionário de uma estatal! Trace qualquer estratégia!

TOM: Tudo bem, eu sei que eu errei em ter aquela conversa com o Santos. Assim que eu for convocado formalmente, eu prestarei meu depoimento...

PIERRE: É pouco. Desculpa, Tom, mas o que você fez não é algo que pode ser consertado de maneira tão simples. Precisamos decidir de que forma você parecerá convincente aos relatores do processo, porque certamente a sua conversa será suficiente para instaurar uma comissão parlamentar de inquérito.

TOM: Mas a Isa não fez nada que seja condenável perante a legislação...

ISA: A questão não é o que eu fiz, mas o que eu posso saber sendo sua esposa. Se a interpretação da lei é a de que eu fui conivente com a sua gracinha ou mesmo que elaborei esse estratagema pra garantir a sua maldita vaga de estágio, eu estou perdida.

PIERRE: Já pensou no quanto que as ações da bolsa de valores da capital vão despencar, fora a alta do dólar? Porque nenhum investidor sério vai procurar ser vinculado a uma república comandada por alguém que comete corrupção passiva! Acorda, Tom! Você tem uma banheira no quarto te esperando pra ser dividida com a Isa e escolheu afogar a própria esposa num oceano de lama por causa de uma vaga de estágio idiota?

TOM: Porque não é o seu diploma que nunca chega, imbecil!

ISA: E enquanto minha absolvição nessa CPI que o Mandelli inventou não vier, quem nunca vai chegar é você perto do nosso quarto (fecha a porta com força)!

 

Cena 5

Isa está trancada no quarto com lágrimas nos olhos, e em seu rosto pode-se ver a maquiagem borrada. A presidente de Paramar está sentada sobre a cama e Shin está ao seu lado interpretando “Bésame mucho”.

SHIN: “Quiero tenerte muy cerca, mirarme en tus ojos, verte junto a mí. Piensa que tal vez mañana yo estaré lejos, muy lejos de ti…”

Logo na sequência, o cachorro cantor dá prosseguimento à canção latina do lado de fora do prédio, com Tom completamente desesperado com a discussão que teve com a esposa. O ex-parceiro de Fabian aproveita a oportunidade para mostrar sua extensão vocal.

SHIN: “Bésame, bésame mucho, como si fuera esa noche la última vez. Bésame, bésame mucho, que tengo miedo perderte, perderte después…”

TOM: Realmente lamentável que não estejamos perto de uma janela para que eu possa te jogar dela.

 

Cena 6

(fundo musical: “Silhouette”)

A série exibe a fachada de um fórum, para o qual se dirigem Pierre, Isa e Tom, que deverão prestar esclarecimentos sobre a conduta do primeiro cavalheiro perante a CPI aberta por Mandelli.

PIERRE: Entendeu tudo que combinamos, Tom?

TOM: Não se preocupe, Pierre. Não vou me esquecer de nada.

ISA: Até porque é só isso que falta a essa altura do campeonato, não é?

PIERRE: Disfarça, Isa. Não queremos que a base oposicionista perceba que o casamento de vocês está estremecido. Trate de transparecer tranquilidade e confiança no que seu cônjuge contará.

TOM: Isso é algum tipo de trava-língua com as consoantes T e C?

MANDELLI: Olha só... Até que chegaram cedo. É bom serem pontuais, pelo menos isso permite que se acostumem com a derrota mais rapidamente.

ISA: Espero que esteja feliz com o circo que armou.

MANDELLI: A montagem da lona não me é interessante, Isa. Mas não posso dizer o mesmo de ver vocês fazendo contorcionismo enquanto estão prestes a entrar na jaula dos leões. Quem diria que agora o seu destino como presidente da república está nas minhas mãos?

ISA: Mas não erga a bandeira da vitória antes do tempo. Ninguém, muito menos você, vai me impedir de terminar esse mandato. Ou eu não me chamo Isa Duncan.

MANDELLI: Do Canto dos Cisnes, porque graças a esse pulha que você chama de marido, a tua carreira política acabou!

TOM: Olha como você fala comigo e com a minha mulher!

PIERRE: (segura o braço de Tom) Evite um novo escândalo, Tom. Fique zen.

TOM: Zen dente é como esse daí vai ficar quando eu brincar de lego com os ossos da cara dele, pra ele nunca mais tratar a minha mulher desse jeito!

ISA: Veja lá como fala, que eu não sou sua mulher. No máximo, sua esposa. Mas isso é por pouco tempo, porque eu não pretendo ficar unida a uma mula que quase me tirou da cadeira presidencial.

TOM: Você está me pedindo o divórcio?

PIERRE: Gente, para com isso! Está enchendo de jornalista aqui! As atenções estão todas voltadas pra vocês, tudo que eu quero evitar...

MANDELLI: Agora eu me vejo obrigado a defender o Poli.

ISA: Típico de vocês. Um canalha defendendo o outro, por que será que eu não me surpreendo com esse súbito apoio?

MANDELLI: Não vai ser essa anta histórica que vai te afastar do poder, serei eu. (aproxima-se de Isa) A faixa presidencial pode até não voltar pra mim, só que com você não vai ficar.

ISA: Infeliz...

MANDELLI: Teria sido tão mais prático se tivesse arquitetado contra mim um atentado, não, Isa? Porque eu não perdi os meus direitos políticos, e posso manipular a situação ao meu bel-prazer, da mesma forma que você e seu maldito partido fizeram lá atrás. A única dúvida que vai ficar ao final desse julgamento é sobre qual dos dois é mais idiota: seu marido ou você.

Isa cospe no rosto de Mandelli.

ISA: Você não vale nada, miserável!

MANDELLI: Eu fico feliz que finalmente tenha percebido, Isa. Porque quando a audiência começar você vai saber quem vai ser o responsável por destruir a sua vida.

(fundo musical: “Ser feliz”)

 

LOCUTOR: No próximo episódio...

MANDELLI: Além da comprometedora conversa que Poli teve com Santos, há uma nova denúncia contra a gestão da presidente, sobretudo com relação ao ministério educacional.

ISA: Pierre, do que é que esse noiado está falando?

MANDELLI: Foi recolhido recentemente material didático nas escolas públicas de Paramar que comprometem bastante o modelo de pluralidade de opiniões tão propagado por Isa Duncan. Livros de Português cujos textos claramente possuem doutrinação marxista!

ISA: Tudo pra esses machos é marxismo ou comunismo, credo!

SHIN: Quer dizer que Tom Poli tentou te subornar em troca de uma vaga de estágio na Guitarra, aproveitando-se do fato de estar casado com a presidente da república?

SANTOS: Um áudio vazado para todo o país e você ainda está em dúvida?

MANDELLI: O advogado de defesa de Camilo Santos tem a liberdade de fazer perguntas para os acusados.

ISA: Não sou culpada de nada! Não me ponha no mesmo balaio criminoso que você, Mandelli!

 

Créditos finais

(fundo musical: “Foi Deus quem fez você” – “só para amar/ só para amar”)

Roteiro

Gabriel Arenas

Colaboração

Nenhuma, não entendo nada sobre política

Direção

Felipe Lipstein

Elenco de apoio

Ninguém quis vir

Cenografia

Paint

Direção de fotografia

Sem filtros, pra deixar o programa trash

Figurino

Roupas compradas nas lojas Cattan e A Futurista

Edição final

Teve a inicial?

Produção de arte

Pouco empenhada pra oferecer uma série de qualidade

Caracterização

Paint também

Produção de elenco

Casting em Vila Tamandaré e na Avenida Caxangá

Produção musical

Shin interpretou quase tudo

Produção

Pouco inspirada

Design de personagens

Contornos do Paint (já falei dele, não foi?)

Dublagem

Audacity

Efeitos especiais

A rapidez do enredo

Efeitos visuais

Quais?

Narração

Sem coerência

Pesquisa

Era pra ter

Sonoplastia

Barulhos bucais pra fingir que Fabian toca algo que não seja o terror

Citações musicais no episódio de hoje:

“Outra vez”

(compositora: Isolda)

“The only exception”

(compositores: Hayley Willams e Josh Farro)

“Bésame mucho”

(compositora: Consuelo Velásquez)

Músicas executadas no episódio de hoje:

“Creeping up”

(compositores e intérpretes: Sam Sklair e Otto Sieben)

“When I think of you”

(compositores: Brian Simpson e Everette Harp/ intérprete: Everette Harp)

“The way you look tonight”

(compositor : Konstantin Klashtorni/ intérprete: Kool & Klean)

 “Secret affair”

(compositores: Brian Culbertson e Stephen Lu/ intérpretes: Brian Culbertson e Chris Botti)

“Sweet sensation”

(compositor: Barry J. Eastmond / intérprete: Najee)

“Silhouette”

(compositor e intérprete: Kenny G)

 “Ser feliz”

(compositores: Michael Sullivan e Paulo Massadas/ intérprete: Robby)

“Foi Deus quem fez você”

(compositor: Luiz Ramalho/ intérprete: Bell Marques)

 

Esta é uma obra de ficção.

Qualquer semelhança com fatos, nomes ou pessoas reais terá sido mero azar.

 

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