06/02/2020

CATCH BACK/ EPISÓDIO 6


CENA 1

IVAN: Maria Clara?
MARIA CLARA: Oi, Ivan.
IVAN: O que você tá fazendo aqui?
MARIA CLARA: Infelizmente você foi vítima de duas fake news. A primeira foi quando me mandaram uma mensagem ontem, dizendo que tinham te sequestrado e que...
IVAN: Sequestrado? Que história é essa?
MARIA CLARA: E a segunda foi há alguns anos, quando eu te conheci e achei que você prestasse. Essa é a mentira mais grave.
IVAN: Clara, pode parecer absurdo o que eu vou te dizer, mas o que você tá vendo aqui não é o que você tá pensando.
VLAVIANO: Não é absurdo. Só clichê.
MARIA CLARA: Mas eu confesso que te entendo, Ivan. Imagina só: passar dez anos da sua vida atrás de uma mulher que não te quer. Em algum momento você tinha de jogar a toalha. Só não precisava me humilhar.
IVAN: Quando foi que eu te humilhei?
MARIA CLARA: Quando inventou essa história suja de sequestro, de que os bandidos queriam negociar o teu resgate comigo. Tudo isso pra quê? Pra que eu visse você se esfregando nessa jornalista de meia tigela?
PALOMA: Não precisa me ofender. Eu sei que a situação não é das melhores. Pra mim também não é fácil passar uma noite com o homem da minha vida e perceber que ele não se lembra de nada.
MARIA CLARA: Tem razão, você não tem culpa. Ele tem.
IVAN: Quer me explicar do que é que eu tô sendo acusado por você?
MARIA CLARA: De me atrair até aqui! Tudo pra que eu presenciasse esse espetáculo patético de vocês, essa cruza de cruz-credo com cor de burro quando foge!
PALOMA: Olha, eu como jornalista devo atentar que a expressão certa é “corro de burro quando foge”.
VLAVIANO: Ela tem razão. Significa que o burro, quando foge, se torna um animal tão violento que as pessoas fogem do seu ataque.
MARIA CLARA: Sabe o que vocês dois deveriam fazer com essa linguística desnecessária? Não me façam responder!
IVAN: Maria Clara, eu posso te contar tudo o que aconteceu desde que estava no...
MARIA CLARA: Se tem uma coisa que eu não quero é ter qualquer contato verbal com você. Agora sai dessa cama e bota uma roupa, porque eu não sou obrigada a te ver fazendo esse papel ridículo de macho degustador com mil e uma desculpas na ponta da língua!
PALOMA: Vem cá, o que é que tá acontecendo com você, hein? Como é que você se presta a fazer esse tipo de mulher traída, se você e ele nunca tiveram nada?
MARIA CLARA: Nem eu, nem você, não é, queridinha? Porque sexo não tem nada a ver com o que estamos discutindo aqui.
PALOMA: Engraçada você...
MARIA CLARA: O que tem de graça, palhaça?
PALOMA: Sua interpretação magnífica de despeitada. Cobra o Ivan por algo que vocês não tiveram e anda com outro homem a tiracolo. Aliás, quem é esse rapaz?
VLAVIANO: Bom, já que vocês pretendem discutir, eu vou lá embaixo comprar um dindim, porque o clima aqui dentro tá mais quente que lá fora.
NARRADOR: “DINDIM”: gíria manauara para o picolé vendido em saco. Em Parintins, também no Amazonas, o produto é conhecido como “flau”. E em outras regiões do país, ele é conhecido como “sacolé”;
MARIA CLARA: Eu não tô cobrando o Ivan por ele ter dormido com você. E sim porque ele me cercou dizendo que gostava de mim, pra depois ir pra cama com outra mulher.
IVAN: Você não pode colocar em dúvida o que eu sinto por você, não tem esse direito.
MARIA CLARA: Não tenho direito de quê? De questionar? Ou de constatar que você é um sem-vergonha?
PALOMA: Olha como fala com ele!
MARIA CLARA: Vai defender o amante?
PALOMA: E se eu quiser? Vai me impedir?
IVAN: Clara, eu não tenho caso nenhum com a Paloma.
MARIA CLARA: Não precisa ter. O que eu vejo hoje já é o bastante. O que eu nunca imaginei foi que você estivesse tão decepcionado comigo a ponto de inventar um sequestro pra que eu te flagrasse com ela.
IVAN: Eu não inventei sequestro nenhum, Maria Clara. Você precisa me dar um voto de confiança.
MARIA CLARA: Você há de convir que é difícil.
PALOMA: Se você acredita no Ivan ou não, isso não tem a menor importância.
IVAN: Pra mim tem, Paloma.
PALOMA: Olha aqui, Ivan, eu não vou deixar essa mulher falar com você desse jeito.
MARIA CLARA: E desde quando ele precisa da sua defesa?
PALOMA: Desde que eu me apaixonei por ele.
MARIA CLARA: (ri debochadamente) E quando foi que você constatou isso?
PALOMA: Muito antes de você, pode ter certeza.
MARIA CLARA: Tá iludida por causa da noite que passou com ele? No seu lugar, eu não me contentaria com tão pouco.
VLAVIANO: Maria Clara, é melhor você sair antes que isso descambe pra baixaria.
PALOMA: Isso, rapaz. Leva ela mesmo. Pra ver se ela entende que, no meu lugar, ela não vai estar nunca. Porque eu nunca vou poder ser comparada a uma criminosa.
MARIA CLARA: Viu só? Ela acha que ter levado o Ivan pra cama é mérito dela... Coitada. Se rebaixar pra defender um homem que não te ama.
PALOMA: Pelo visto, nem a você.
IVAN: Paloma, para!
MARIA CLARA: O que me impressiona é você acreditar na própria narrativa. Sim, porque por mais que ele tenha te feito feliz ontem, vai saber no que ele deve ter pensado enquanto estava com você.
PALOMA: Cala essa boca, garota...
MARIA CLARA: Me conta, Paloma: qual é a sensação de ter prazer, proporcionado por um homem que fala o meu nome por não conseguir sentir nada por você?
PALOMA: Cala a boca (Paloma esbofeteia Maria Clara, que cai nos braços de Vlaviano)!
(fundo musical: “Sentença (Voltech, Ethernal Soul and Deep Motion remix)”- “essa é a sentença”)
IVAN: (segura a jornalista) Paloma, o que foi que você fez?
PALOMA: Me larga! Primeiro você ficou comigo pra depois afirmar que não se lembra de nada! Agora essa mulher acha que tem o direito de me ofender desse jeito? Eu não mereço isso! Vou embora daqui!
MARIA CLARA: Pronto, falou a ofendida! Eu sou enganada, levo um tabefe na cara e a vítima é ela?
PALOMA: (recolhe as roupas) Por mim, você pode pensar o que bem entender. O que vem de você não me interessa!
IVAN: Espera, Paloma! Paloma, volta aqui, a gente tem que conversar!
MARIA CLARA: Isso. Vai atrás dela. Vocês se merecem mesmo.
IVAN: Tá pensando que é quem pra falar comigo assim?
VLAVIANO: Essa pergunta não era o que estávamos esperando ouvir.
MARIA CLARA: Ivan?
IVAN: Você coloca o meu amor em xeque, agride fisicamente a Paloma... Agora me menospreza?
MARIA CLARA: Para com isso, Ivan! Se você estivesse no meu lugar, pensaria e falaria o mesmo!
IVAN: Engano seu! Nunca teria dúvida do seu caráter porque conheço você mais do que a mim.
VLAVIANO: Devo admitir: sou pouco afeito a excessos de sentimentalismo, mas estou começando a torcer por esse cara.
IVAN: Sabe o que eu acho? Que, no fundo, você sabe que não aconteceu nada entre mim e a Paloma, mas prefere acreditar e justificar a distância que você quer nos impor.
MARIA CLARA: Não tenta virar o jogo a seu favor, Ivan; isso não vai funcionar.
IVAN: Estou virando a seu favor. Como sempre, não é, Maria Clara? Agora dá pra você e seu amiguinho deixarem meu quarto, por gentileza?
VLAVIANO: Eu não sou amigo dela, não. A gente se conheceu hoje.
IVAN: Sinceramente, isso pouco me importa.
MARIA CLARA: Eu nunca poderia esperar isso de você.
IVAN: Nem eu de você. Quer dizer, eu posso mesmo aguardar tudo de quem não gosta de mim. Saiam daqui.
De volta ao corredor do hotel em que Ivan se hospeda, Maria Clara permanece abalada.
VLAVIANO: Eu sinto muito pelo que aconteceu, de verdade. Mas a gente precisa conversar.
MARIA CLARA: Faz o seguinte: marca uma hora lá na empresa com a minha secretária, a Nicole. Não tenho cabeça pra mais nada hoje.
VLAVIANO: É importante, Maria Clara.
MARIA CLARA: Não mais do que a minha vontade! Com licença!
VLAVIANO: Maria Clara, volta aqui! Impressionante! Foge de mim feito o caipiroto da cruz! Deve ser sentimento de culpa. Só pode.

(ABERTURA)

CENA 2

NARRADOR: Há quinze anos...
O telespectador é levado para o mundo ao qual Vlad verdadeiramente pertence. No ano de 2005, ele estuda no Colégio Providencial, em franca atividade. Um adolescente mais velho, moreno e com mais espinhas que o perseguidor de Vlaviano, troca olhares com a ruiva Letícia, que aparenta ter raiva de quem lhe visualiza. Intempestivamente, ela chega perto de Vlad, que está escrevendo um trabalho no pátio.
LETÍCIA: E aí, curumim? Quer namorar comigo?
VLAD: Oi?
LETÍCIA: Tô falando sério. Quer ou não?
VLAD: O que é que você viu em mim?
LETÍCIA: Você tem cara de ser galã de filme internacional (pensa) Que mentira, uma tartaruga ninja dessas...
VLAD: Tá bom, eu aceito.
LETÍCIA: Ótimo; então, tchau.
VLAD: Tchau, amor. Gente, eu não acredito que isso aconteceu comigo vivo... Eu desencalhei!
JEAN: (pensa) Ela acha que vai me fazer ciúme andando com esse tampinha. Vai achando...
(fundo musical: “À francesa (Extended club mix)”- parte instrumetal)
Observando de longe, Amanda vê o garoto sendo enganado.
AMANDA: (pensa) Letícia não tinha que ter mentindo pra ele. Mas eu vou mandar a real.

CENA 3

Nick está na Pharmanveres quando o seu celular toca sobre a mesa.
(fundo musical: “Tempo perdido (Anicio, Danne & Vipp Code remix)”: “somos tão jovens/ tão jovens/ tão jovens”)
NICK: Alô? Fala, meu anjo.
PALOMA: Só liguei pra dizer que deu tudo certo.
NICK: Do rocha? E como foi isso?
NARRADOR: “DO ROCHA?”: “você confirma?”.
PALOMA: Liga pra agência de viagens e reserva uma passagem pra França. Vou buscar minha Palma de Ouro. O meu desempenho, como diria Gloria Pires, foi simplesmente... Fabuloso. Mas eu tenho que te cumprimentar. Não conseguiria sem você.
NICK: Vou te dizer uma coisa: eu queria ser um carapanã pra ver a cara da Maria Clara naquele momento.
MARIA CLARA: Que momento, Nicole?
(fundo musical: “Adrenalizou (Gabe Pereira remix)”: “não sei como vou controlar”)
Nick se assusta com Maria Clara em frente à sua mesa.
MARIA CLARA: Com quem você tá conversando sobre mim em pleno expediente?

Estamos apresentando “Catch back”.
(fundo musical: “Linha de fogo (DJ Corello soul inside remix)”- “dance, dance, dance mania”)

NARRADOR: A carreira do pior ator pernambucano em um documentário pra lá de esquecível.
THIAGO: Ah, sim. Eu assisti à cena do olhar que tive que fazer e entendi que definitivamente eu não tenho talento para participações icônicas na filmografia brasileira.
APRESENTADOR: Tenta o exterior.
THIAGO: Tô falando sério. Quando olhei pra cara que eu fiz, me senti como a música da Banda Magníficos e fiz o possível pra não olhar pra mim mesmo.
NARRADOR: Neste domingo, duas da tarde, “Como nascem os ator (doados)” entra em cartaz no “Me deu gastura máxima”.

Voltamos a apresentar “Catch back”.
(fundo musical: “Linha de fogo (DJ Corello soul inside remix)”- “dance, dance, dance mania”)

MARIA CLARA: Fala, Nicole. Com quem é que você tá falando ao celular?
NICK: Com... Com ninguém importante, Clara. O que é que você tá fazendo aqui? Eu pensei que você não viesse hoje.
MARIA CLARA: Pensou, foi? Por quê? Por acaso eu deixei algum recado contigo dizendo que não iria comparecer à Pharmanveres hoje?
NICK: Não, é que... Tô achando você tão abatida...
MARIA CLARA: Deixa de me engabelar e fala: tá conversando sobre mim com quem?
NICK: Já te disse, Clara; não é ninguém importante.
MARIA CLARA: Ah, não? Vamos verificar (toma o celular da mão de Nick).
PALOMA: Nicole, você ainda tá aí?
MARIA CLARA: Não tá mais, não, sua ordinária. Pelo menos pra você!
PALOMA: Maria Clara?
MARIA CLARA: Escuta aqui: tenta convencer o seu amante pra colocar um pouco de juízo na sua cabeça. Pelo menos assim você para de cercar a minha empresa e os funcionários dela, urubu aspirante à CNN (encerra a ligação)! O que é que essa desequilibrada queria?
NICK: Clara, fica calma...
MARIA CLARA: Ela queria o quê, Nicole? Fala!
NICK: Você mesma disse... Me cercar... Ela me ligou pra saber se você tinha alguma declaração nova pra dar... Sobre o caso das cobaias.
MARIA CLARA: Posso saber por que tu tens o contato de Paloma no teu celular?
NICK: Foi ela que ligou pra mim.
MARIA CLARA: Isso não importa. O que você vai me dizer agora mesmo é desde quando se relaciona com essa mulher.
NICK: Ah, Clara, sei lá! Esse povo é jornalista, tem fonte, contato, checa informação... Principalmente quando o assunto é uma polêmica. Sente o cheiro de carniça de longe.
MARIA CLARA: Peguei parte da conversa que vocês duas tiveram.
NICK: Ah, foi? E... O que exatamente você ouviu?
MARIA CLARA: Tinha alguma coisa importante entre vocês que eu tivesse que escutar?
NICK: Maria Clara, calma! O que é houve com você? Que agressividade é essa?
MARIA CLARA: Se você faz questão de saber, eu cheguei na parte em que você dizia querer ser um carapanã pra ver a minha cara naquele momento. Que momento, Nicole?
NICK: Nesse! Claro, nesse momento! É que, quando eu atendi, a Paloma me perguntou se você já tinha chegado à empresa, e como eu não sabia, falei que queria ser um mosquito pra saber.
MARIA CLARA: Sim, mas você disse “naquele momento”, e não “nesse”.
NICK: Você entendeu errado.
MARIA CLARA: Eu ouvi bem.
NICK: Não sei o que foi que te aconteceu, mas enganada eu garanto que você tá. Falei “nesse momento”.
MARIA CLARA: Foi? Mas você acabou de me dizer que ela perguntou do meu paradeiro quando você atendeu. Então, quando ela quis saber se eu tinha algum pronunciamento pra fazer, se a conversa telefônica se restringiu a onde eu estava?
NICK: A Paloma tinha... Tinha me telefonado uns minutos antes. Eu que pedi pra ela ligar, porque talvez desse tempo de você chegar. Achei que esse assunto deveria ser conversado entre ela e você. Vai que ela distorce as minhas palavras, ou acha que você tá me colocando pra fugir do contato com ela...
MARIA CLARA: Ah, é tudo que eu quero: me livrar dessa infeliz! Até a voz de sonsa pelo telefone me irrita!
NICK: Nunca te vi desse jeito, Clara. O que foi que fizeram contra você? Me fala.
MARIA CLARA: Olha aqui: você tá proibida de dar qualquer informação que seja pra essa cretina. Fala com qualquer outro jornalista, mas com ela não! E presta atenção se ela não ligar pra cá e inventar outro nome, porque é bem capaz dessa mulher (começa a chorar)...
NICK: Maria Clara, conversa comigo. O que é que te fizeram?
MARIA CLARA: Tô me sentindo impotente, Nick. Eu nem posso dizer que acabou porque... Eu só sei que acabou. Pra sempre.
(fundo musical: “Meu bem (Gabe Pereira remix)”- “meu bem, a vida passa/ e como passa/ não espera por ninguém”)
Maria Clara abraça Nick, que discretamente comemora a derrocada sentimental da patroa.
NICK: (pensa) Acho que quem vai acabar buscando a Palma de Ouro sou eu, como melhor atriz coadjuvante. Ê, caroço...
NARRADOR: “Ê, CAROÇO”: quando alguém se safa por pouco de uma situação complicada.

CENA 4

(fundo musical: “Luz que me traz paz (Astronauts & Deep Motion remix)”- “eu vou cantar pra ela que eu sempre a quero mais/ eu vou dizer pra ela que ela é a luz que me traz paz”)
No Colégio Providencial, Vlad está sentado no muro da quadra, vendo os adolescentes jogarem bola, e demonstra satisfação com o pedido feito por Letícia. Uma moça se aproxima do garoto amazonense.
AMANDA: Dá licença. Eu posso falar com você?
VLAD: Pode, mas depois.
AMANDA: Depois de quê?
VLAD: Tô anestesiado com tudo que me aconteceu. Acho que não ficava tão grogue desde a cirurgia de fimose.
AMANDA: Mas ainda não completaram nem vinte e quatro horas e tu já estás doido por ela?
VLAD: Não é todo dia que alguém te pede em namoro. Pensei que teria que virar padre, apesar de nem pertencer à religião. Desculpa, eu falo, falo e nem deixo você dizer nada. A gente se conhece?
AMANDA: Daqui, do Providencial mesmo.
VLAD: É verdade.
AMANDA: Mas a gente nunca foi apresentado. Meu nome é Amanda Mel B.
VLAD: Te batizaram com o nome de uma das Spice Girls antes da banda aparecer?
AMANDA: Não, é que você sabe que adolescente adora inventar nome. Ainda mais com essa moda de Orkut. Mas eu queria falar sério contigo.
VLAD: Mesmo? Do quê?
AMANDA: Fiquei sabendo que você tá namorando a Letícia.
VLAD: Você conhece ela também?
AMANDA: É minha amiga. E a gente estuda na mesma série.
VLAD: Ah, então, eu posso considerar minha amiga a partir de agora. Você viu ela por aí?
AMANDA: Vi, ela tá perto da portaria conversando com umas meninas da sala.
VLAD: Então, eu vou lá falar com ela. Dá licença...
AMANDA: Espera. É... Teu nome, qual é mesmo?
VLAD: Me chama de Vlad.
AMANDA: Vê só, Vlad. Eu tenho que te contar uma coisa que vai deixar teu coração cheio de corubas, mas é melhor do que te deixar ser feito de idiota.
NARRADOR: “CORUBAS”: feridas.
VLAD: Caramba, tá começando a me assustar. O que foi?
AMANDA: A Letícia, ela... Ela tá te usando.
VLAD: Peraí, Amanda. Que história é essa?
AMANDA: Ela namora outro carinha, o Jean. Ele é do terceiro ano.
(fundo musical: “Se a gente pode sonhar (Zerky remix)”- “porque existe uma força em cada um de nós/ e ninguém vai me dizer do que eu sou capaz/ eles nunca vão nos entender/ jamais”)
VLAD: Jean? Só pode ser mentira o que você tá me dizendo.
AMANDA: Pior que não, Vlad. Eles brigaram na semana passada e já têm uns dias que eles não se falam. Daí ela resolveu te pedir em namoro.
VLAD: Só pra provocar esse menino?
AMANDA: Jean tava vendo vocês dois de papo. Ela sacou e por isso te fez o pedido de namoro.
VLAD: Isso é mentira, né?
AMANDA: Eu sei que te falei que a Letícia é minha amiga, mas não acho legal ela te enganar. Por isso eu vou contar tudo que eu sei dos dois.

CENA 5

(fundo musical: “Farol (Kalozy, Nogue, Vhenace remix)“- “quando a solidão foi te encontrar/ crie asas e comece a voar/ temos um mundo inteiro a descobrir”)
Vlaviano decide voltar a fazer sessões com Douglas. O motivo é a não comunicação com Maria Clara acerca da presença de Vlad em sua vida.
VLAVIANO: Depois de rodar Manaus todinha atrás do cativeiro do tal namorado dela, a gente descobriu que  não teve sequestro nenhum. Mas um barraco foi garantido.
DOUGLAS: No que isso te afeta?
VLAVIANO: No fato de que a mulher não me deixou falar. E o pior: não conseguiu me esclarecer como o Vlad surgiu na minha vida.
DOUGLAS: Tem certeza de que isso é efeito do medicamento que a Maria Clara produziu?
VLAVIANO: Essa seria a explicação mais plausível. Tirando isso, só se aquele curumim surgisse de novo. Mas depois que ele esqueceu a carteira de estudante comigo, nunca mais. Sinceramente, não fico tão pra baixo desde que descobri que fui corno no meu único namoro, ainda menor de idade.
DOUGLAS: Posso interpretar seu desabafo como uma falta que você sente do garoto?
VLAVIANO: Não delira, cara. Eu quero que ele, ou a Maria Calara, me explique o que tá acontecendo comigo. Imagina se eu vou ter saudade de um cidadão irritante como aquele.
DOUGLAS: Se você quer que o Vlad reapareça, só depende de você.
VLAVIANO: Que é isso, Douglas? Virou coach agora? Para, que esse negócio vicia, hein?
DOUGLAS: Vlaviano, eu não gosto de me desfazer da ética. Nem pessoal, tampouco profissional. Mas talvez seja a quebra dessa ética que vai esclarecer o mistério que ronda vocês dois.
VLAVIANO: Aonde tu queres chegar?
DOUGLAS: O que é que te faz rechaçar tanto esse menino? Ele não pode ser tão diferente de você.
VLAVIANO: Porque você não viu o dito cujo! Ele é tão insuportável, com aquela felicidade toda, aquele otimismo invejável... Aquela crença de que as coisas, por piores que estejam, vão se acalmar... De que toda e qualquer infelicidade seja passageira.
DOUGLAS: Foi assim alguma vez na vida?
VLAVIANO: Sei lá, Douglas; esse menino deve ser assim desde sempre...
DOUGLAS: Não é dele que estou falando. É de você, Vlaviano.
VLAVIANO: Eu? Olha, eu... Acho que quando eu tinha a idade dele, que eu escondia meu nome e só deixava que os outros me chamassem de Vlad. Acho que procurei ser o melhor de mim até os primeiros anos da vida adulta.
DOUGLAS: Mesmo diante das dificuldades, você se sentia feliz?
VLAVIANO: Demais. Mas depois as frustrações foram se acumulando. E o sorriso foi se perdendo.
DOUGLAS: E os dentes também.
VLAVIANO: (mostra que é banguelo) Não fala de meu dente!
DOUGLAS: A Maria Clara tem a ver com essa situação, sim. Mas muito menos culpa do que responsabilidade.
VLAVIANO: Então você se acha capaz de dizer qual é a verdadeira identidade do menino?
DOUGLAS: O Vlad é você.
(fundo musical: “Puro êxtase (Sax in the house version)”)
Vlaviano reage incrédulo à conclusão chegada por Douglas, e o seu rosto congelado no momento da revelação encerra o episódio.

(CRÉDITOS FINAIS)

(fundo musical: “Dias melhores (KVSH & Flow remix)- “vivemos esperando/ dias melhores pra sempre”)

(VINHETA DA JOGA FORA NO LIXO PRODUÇÕES)

CHAMADA

(fundo musical: “Dias e noites”- “viver algo novo/ tocar no seu rosto/ viver”)
NARRADOR: Próxima quinta- a alegria de Vlad está com os dias contados.
VLAD: Posso saber o que você andou fazendo ontem de tarde?
LETÍCIA: Fui pra locadora pegar “Crossroads” pra assistir.
VLAD: E chamou o Jean pra rebobinar a fita por quê?
NARRADOR: E Nick sabe que Vlaviano pode salvar a reputação de sua patroa, mas Paloma está disposta a impedir que isso aconteça.
NICK: O que é que a gente faz agora? Ele não pode encontrar a Maria Clara e contar que o remédio funciona.
PALOMA: E não vai. Marca um encontro com ele e risca esse rapaz do mapa.
NARRADOR: Próxima quinta- as surpresas das últimas semanas de “Catch back”.

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