Cena 2 (segunda
fileira do auditório, à esquerda de quem entra / arbustos próximos ao bicicletário)
Emma já
está posicionada em sua marcação, a segunda fileira do auditório, desde o
início da apresentação. Otto entra pela porta principal para cumprimentar a
esposa e, antes de dizer qualquer palavra, contempla a dona de casa olhando uma
fotografia do filho falecido do casal.
OTTO: Estou indo para a universidade...
Com um
olhar triste, Emma balança a cabeça afirmativamente.
OTTO: Não vai me dizer nada?
EMMA: (mostra a foto para o marido) Ele ficaria tão feliz vendo você lá.
OTTO: Eu sei. Mas não vai acontecer nada
comigo. O programa contra os surdos foi suspenso pelo governo.
EMMA: Isso é o que ele diz. Mas não duvido
que, vendo alguém que não saiba usar a linguagem oral, ele persiga a pessoa.
OTTO: Fica calma. Descobri que a minha turma
tem muitos alunos surdos. Com certeza eles estarão atentos pra não cometer
nenhum deslize.
EMMA: O problema é esse: a nossa identidade
ser considerada um deslize. E a nossa família uma praga que precisa ser
eliminada. Quando vão parar de nos matar?
Otto
abraça Emma, que encosta o rosto em seu ombro.
OTTO: À noite eu volto pra casa, prometo.
Otto
levanta-se e deixa o auditório pela porta da frente.
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