11/05/2019

SETE LENDAS UNIVERSITÁRIAS/ CENA 7: O PÁSSARO COMPROMETEDOR


BENEDETTO (NARRADOR): Poderia enganar você, querido diário, mas creio que não é necessário. Devo deixar claro: a formatura, apesar de uma agonia parecida com a reta final de uma novela, era simbólica. Ainda me faltava dar conta de duzentas e dez horas de carga horária complementar, o que me impediu de pegar o diploma desejado. E, para obtê-lo, eu tive que participar de eventos; seja como ouvinte, seja como parte da comissão organizadora. Não podia ouvir falar que tinha um evento de graça que me sentia um arroz de festa e me atrevia à inscrição, mas não sem antes mandar um e-mail para os organizadores e perguntar, como se o meu olhar inocente pudesse ser visto pela tela do computador:
BENEDETTO: Tem certificado?
BENEDETTO (NARRADOR): Passei três semestres tentando integralizar essa graduação de outro mundo. E não faltaram situações embaraçosas... Como o dia em que eu apareci na Rede Globo de costas. Sim, não escrevi errado. Eu trabalhei como mesário nas eleições da reitoria. E o pior é que esta era a segunda vez que o mesmo noticiário me filmava. A primeira foi em 2008, quando fui à sede da Covest olhar o listão do primeiro vestibular que fiz na vida. Não passei, mas valeu o registro do desespero.
(fundo musical: ”Tema de Fred”)
Benedetto é visto com uma camisa laranja, utilizando uma expressão de apavoramento.
BENEDETTO (NARRADOR): Os acontecimentos incomuns tinham de ocorrer, do contrário a faculdade se chamaria “dinheiro” de tão divertida que seria. Aliás, são tantos que é praticamente impossível de serem contados em ordem cronológica. Lembro-me de que eu era aluno do segundo período quando houve uma temporada agressiva de chuvas em todo o estado, sobretudo na capital. Nós embarcávamos nos transportes que nos conduziam à universidade e, no primeiro pingo que caía, já ficávamos receosos de não conseguirmos voltar para casa. O título de Veneza brasileira dado a Recife ganhou uma ressignificação: não era por conta das pontes e rios, e sim porque eu voltaria para casa de gôndola! Acha que é hipérbole de minha parte? Imagina você chegar numa quarta-feira tensíssima e nublada e todo mundo da sua sala resolve te indagar?
MAYARA: Você tá sabendo que a Barragem de Tapacurá vai estourar?
BENEDETTO: Não acredito que você acredita nessa história sem pé nem cabeça.
MAYARA: Se tá no Facebook, é verdade.
BENEDETTO (NARRADOR): Para você ver que as fake news existem desde 2011. Até comunidade no falecido Orkut sobre esse desastre foi criada. Aparentemente, meu professor de Fundamentos Educacionais não estava tão preocupado com a situação, já que os alunos se entreolhavam com medo do início do próximo temporal e ele não parava de falar.
RUBÉN: Você consegue perceber que, quando “oscaba” querem interferir na educação, “oscaba” se metem e acabou. Inclusive, muita gente foi contra quando “oscaba” tentaram alterar alguns parágrafos importantes da Lei de Diretrizes e Bases, mas ninguém conseguiu impedir o plano “doscaba”. Eu sei que alguns “doscaba” que estão aqui estão com medo da chuva que vai começar daqui a pouco, mas “oscaba” só vão sair depois que a gente discutir o documentário “Pro dia nascer feliz”, que a gente viu na aula passada.
BENEDETTO (NARRADOR): O boato se espalhou de maneira tão rápida que eu me vi obrigado a elevar tudo que havia no meu guarda-roupa, inclusive os quatro livros que a professora me emprestou pro trabalho de Análise e Produção de Material Didático. Pois bem: a barragem continuou do mesmo jeito, e se passaram dois meses. Na véspera da entrega do trabalho, Elisabeta nos enviou um e-mail para uma importante recordação:
ELISABETA: “Assim que vocês entregarem o trabalho da disciplina, devolvam por gentileza os livros que analisaram para a confecção de vossos artigos”.
BENEDETTO (NARRADOR): Depois de dois meses, você acha que eu lembrava onde foi que eu coloquei esses livros que tentei proteger da chuva? Claro que não. O mais óbvio é que eles estivessem no meu guarda-roupa. O material do trabalho parecia mais uma previsão pessimista da Agência Pernambucana de Áreas e Clima: bastou eu abrir a porta para que começasse a chover.
(fundo musical: “A chuva me lembrou você”- “ah, se essa chuva trouxesse você”)
Benedetto contempla a chuva caindo com a porta do guarda-roupa aberta e diante do jovem italiano.
BENEDETTO (NARRADOR): Enrolei-te como um carretel, não foi? Vamos à carga. No último mês que tive que fazê-la, recebi um convite para fazer parte da monitoria de um evento tão grande que até estrangeiras vieram falar comigo como se soubessem que meu bilinguismo não existe. Ganhei uma bolsa, que uso até hoje para comprar comida e não ser indagado pelas vizinhas sobre o que trago. Aliás, os eventos gratuitos nos fazem colecionar tantas bolsas e canetas que, se eu vendesse tudo a uma papelaria no centro da cidade, teria um lucro de oitenta por cento ao ano durante uma década. E um treinamento, comandado por ninguém menos do que Chaves, um dos professores do início da faculdade. Não é comum encontrarmos por aí alguém que tenha memória de elefante. A dele era de uma verdadeira manada: na primeira aula ele conseguiu decorar o nome de todos nós e saber as motivações que nos levaram a fazer o vestibular. E conseguiu reparar que um tal de Thiago parecia um carioca ao pronunciar o próprio nome, dada a mania de dar função sonora a um H que é mudo. Chaves possuía uma voz inconfundível, típica de locutores de rádio, o que deixava a tensão causada por suas avaliações muito mais interessantes e, por que não dizer, fantasmagóricas? Não era raro que eu fosse dormir pensando na prova desse homem e acordasse no meio da madrugada com o meu subconsciente reproduzindo as ameaças imponentes que me atacavam subliminarmente. Urinado, para ser sincero.
CHAVES: (é ouvida a voz quando Benedetto está dormindo, apavorado) Eu vou acabar com a sua vida.
BENEDETTO (NARRADOR): Foram dois dias bem interessantes, a começar pelo fato de ter chegado à universidade às seis e quarenta da manhã. Foi o segundo dia que cheguei tão cedo assim, só perdeu para o dia da apresentação do TCC. E bastou eu chegar ao segundo andar que fui avisado de que seria um dos responsáveis pela infraestrutura do evento. Veja bem: eu não consigo dar conta do meu quarto, responderia por infraestrutura? Obviamente, não passou do segundo dia a situação na qual eu ouvi que a coisa estava um caos. E também fiquei me perguntando como apareci diante das lentes de dois fotógrafos que cobriam o congresso e eu não apareci em praticamente nenhuma foto na internet. Mas essa “sorte”, devo confessar, possuo. As fotos da formatura, estou para ver até hoje. Acredito que, se estivéssemos no tempo dos negativos, as imagens seriam reveladas no prazo de uma hora e eu seria suprimido de todas. Pior é quando querem tirar uma fotografia comigo. Ao invés de uma, fazem três registros. E quando sou marcado nas redes sociais, sinto-me na obrigação de orar, porque é certo que só será publicado aquele momento em que me assemelho a uma capivara despenteada. Dentre os acontecimentos sobrenaturais, eu poderia mencionar o fato de ter derrubado ao chão vinte chaves de uma vez, mas não quero sofrer por tão pouco. Aquele era só o início da semana, porque a terça teria mais fatos inexplicáveis. Eis que fui notificado por Kelly, uma das diretoras do congresso.
KELLY: Benedetto, quando der meio-dia, você vai ficar com a chave do auditório pra permitir que os técnicos instalem o equipamento de vídeo. Assim que o filme terminar, haverá uma palestra do doutor em tecnologia vindo dos Estados Unidos. Você é quem vai anunciá-lo para o público.
BENEDETTO (NARRADOR): O filme que deveria ser exibido no auditório era um longa-metragem sobre o criador do Facebook. A cada minuto, o auditório era visitado por mais pessoas, na esperança de encontrar o tal doutor. Rafael, um dos monitores, assistia ao longa empolgado com o tema tratado, enquanto eu estava realmente impaciente porque tinha a impressão de que daria uma notícia desagradável.
RAFAEL: Impressionante como ele teve essa ideia que deu origem ao Facebook, não é?
BENEDETTO: Sim... Sabe, essa história parece muito com a biografia do Mark Zuckerberg.
RAFAEL: Porque é a biografia do Mark Zuckerberg, Benedetto.
BENEDETTO: Que é, é? Não estou prestando atenção no filme. Eu só quero saber onde está esse doutor.
RAFAEL: Acho que ele não vem mais. Uma hora dessas e ele ainda não apareceu?
BENEDETTO: O que é que nós faremos, então?
RAFAEL: A batata vai continuar assando, mas nas suas mãos. Já que Kelly pediu pra você anunciar a chegada do doutor, você vai ter que dizer pra galera que ele não vem.
BENEDETTO (NARRADOR): Inventaram uma atração para ocupar o espaço, mas ela entraria depois de trinta minutos do fim do filme. Esperei que as luzes se acendessem e peguei o microfone para justificar uma ausência que jamais foi justificada. Só que minha vontade, em vez de fazer um discurso, era cantar como estava meu estado de espírito.
(fundo musical: “Abandonada”- “abandonada por você”)
Benedetto segura o microfone assim que as luzes são acesas e demonstra profunda tristeza com a situação.
BENEDETTO (NARRADOR): Também não mencionarei a matilha que perseguiu a mim e a uma amiga quando deixamos o prédio, numa terça-feira estranha porque era feriado e quase ninguém esperava o ônibus. Aliás, nem ônibus vinha. Parecia que o mundo estava comemorando a data em Olinda. O vendedor de doces da barraca ao lado quebrava a monotonia sinistra colocando em alto volume uma música romântica na escuridão.
(fundo musical: “Wishing on a star”- “I’m wishing on a star/ to follow where you are”)
BENEDETTO (NARRADOR): Mas o evento acabou de maneira felicíssima. Chaves não escondia seu contentamento em ver tudo dando certo. A recepção da mídia e dos convidados foi a melhor possível. Não consigo me lembrar de um dia em que Chaves distribuiu tantos sorrisos. Talvez só na vez em que ele disse que deveríamos ter cuidado no momento da ejaculação da linguagem.
LOCUTOR: Atenção: a palavra mencionada pelo personagem Benedetto Argilla tem o mesmo sentido, no contexto linguístico, de “pronúncia”. Sugerimos aos espectadores que contatem a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana para solicitar uma faxina em suas mentes sujas. Continuando...
LETREIRO EM ITALIANO: Attenzione: la parola menzionata dal personaggio Benedetto Argilla ha lo stesso significato, nel contesto linguistico, di "pronuncia". Suggeriamo che gli spettatori contattino l'Impresa di Manutenzione e Pulizia Urbana per richiedere una pulizia nelle loro menti sporche. Proseguendo...
BENEDETTO (NARRADOR): Houve um trabalho que ele nos passou quase ao fim de sua disciplina. Queria que nós analisássemos alguma música em grupo mas, em vez de entregarmos o projeto por escrito, deveríamos expor a nossa conclusão sobre a canção à sala inteira, e sermos confrontados pelo professor caso ele julgasse necessário. Lembro que minha dupla escolheu uma canção criada na época do regime militar. Só não consigo recordar qual...
LOCUTOR: A) “Pai, afasta de mim esse cálice/ Pai, afasta de mim esse cálice/ Pai, afasta de mim esse cálice/ De vinho tinto de sangue”. B) “Por isso, eu quero que a fortuna que me brinda/ Com a doçura e o idílio dessa paz/ Perdure sempre aquecendo o nosso ninho/ E que me queiras cada dia mais e mais”. C) “Eu vou bater pra tu pra tu bater pra tua patota”.
LETREIRO EM ITALIANO: A) "Padre, toglimi questo calice / Padre, togli da me questo calice / Padre, toglimi questo calice / Di vino rosso di sangue". B) "Per questo, voglio la fortuna che mi dà / Con la dolcezza e l'idillio di questa pace / Perdura che scalda sempre il nostro nido / E che mi vuoi ogni giorno sempre di più." C) "Ho intenzione di batterti per battere il tuo cazzo."
BENEDETTO (NARRADOR): Trazendo mais insegurança do que a presença do meu avaliador: a turma, que estava numa conversa paralela. Vi-me obrigado a tomar uma atitude drástica.
BENEDETTO: Vocês querem parar enquanto eu termino de praticar a ejaculação da linguagem aqui?
BENEDETTO (NARRADOR): Chaves, inegavelmente, fazia parte da lista de docentes que temia. Quem a encabeçava era Angélica, que despertava na turma reações perigosas, como cogitar a hipótese de arranhar o carro da mulher com a chave de casa. Nos raros momentos em que ela era carinhosa sem ser irônica, todo o seu amor parecia concentrado em Rubi, sua gata de estimação. Para conquistar a confiança de sua dona, Rubi deveria assemelhar-se à Rubi mexicana: tão bela quanto perigosa. Só fico a imaginar quem encontraria próximo ao automóvel caso eu decidisse depredá-lo com a chave, a exemplo do que os colegas de curso queriam fazer no penúltimo mês de semestre.
(fundo musical: “A pérola e o rubi”- “se tem o ardor de um rubi”)
Benedetto segura uma chave enquanto a gata de Angélica o espera, fitando-lhe de forma séria, ao lado do carro da professora.
BENEDETTO (NARRADOR): Só que a semana do congresso foi a última que frequentei a universidade, para acabar com a carga extra exigida. Estive inscrito num simpósio sobre literatura fantástica, e o mesmo evento oferecia uma oficina que ensinava os presentes a fazer desenhos grotescos. Ou seja, eram dois certificados. Logo no primeiro dia, o artista plástico mostrou as várias gravuras que fez colando-as no auditório. No segundo dos três dias, distribuiu um daqueles blocos de bilhete e lápis de cera para que nós desenhássemos algo que considerássemos grotesco e que povoasse nossa imaginação naquele instante. Só que eu me recusei a ter uma ideia enquanto aquela ata de frequência não chegasse até mim. O resultado foi eu ter reproduzido o mapinguari, figura folclórica que conheci ao assistir ao programa “Catalendas” em minha infância. Segundo o que foi mostrado no educativo, ele tinha no rosto um único olho e a boca ficava na barriga. Um monstro medonho. Mas não mais do que o meu Sig@ dividindo por dois todas as minhas horas de certificado como ouvinte. Meu querido diário, escrevo para você como uma forma de desabafo, e devo confessar que uso palavras que não te assustem. Hoje eu vou abrir uma exceção porque reparei num fato surreal: as obras do artista plástico expunham uma predileção desenfreada pela representação do pinto.
LOCUTOR: Senhores espectadores, recomendamos que não saiam de suas poltronas sem antes voltar a poluir suas mentes. O sentido do termo referente à ave é impróprio, porém necessário para não utilizarmos linguagem chula. A edição deste filme foi realizada de maneira a não intimidar o público com baixo nível ou a inexistência do mesmo. Perdoem-nos pela interrupção e continuem apreciando a obra audiovisual “Sete lendas universitárias”.
LETREIRO EM ITALIANO: Spettatori, ti raccomandiamo di non lasciare le tue poltrone senza aver prima inquinato la tua mente. Il significato del termine che si riferisce all'uccello è improprio, ma è necessario non usare un linguaggio volgare. Il montaggio di questo film è stato fatto in modo da non intimidire il pubblico con un basso livello o l'inesistenza della stessa. Perdonaci per l'interruzione e continua ad apprezzare l'opera audiovisiva "Sette leggende universitarie".
BENEDETTO (NARRADOR): Não importava se a cartolina reproduzia o mundo medieval, se o material utilizado para a confecção da imagem era glitter, se havia referências literárias que lhe inspirassem a criar... Em praticamente todos os desenhos ele desenhou um pombo-correio, cuja mensagem acoplada à pata do pássaro perguntava em qual tipo de canoa furada eu inventei de meter-me. O artista, no terceiro e último dia, começou a palestra avisando que sortearia suas gravuras para alguns dos alunos, e o critério de escolha era ver quem havia assinado a bendita ata. Só que naquela ocasião as pessoas viram o documento circular pela sala mais cedo e, como consequência, deixaram o recinto antes do fim da apresentação. Faltando dez minutos para o encerramento, ele começou a selecionar quem ganharia os seus desenhos. Olhei para o meu celular, que estava com pouca carga de bateria, e tomei uma atitude.
BENEDETTO: Gastarei meus 6%, mas só volto àquela sala quando o sorteio estiver terminado.
BENEDETTO (NARRADOR): Assim que abri a porta para sair, ele começou:
ARTISTA: Delis?
BENEDETTO (NARRADOR): Delis era uma amiga que conheci na época do curso pré-vestibular, e que estudava em outra universidade, mas que havia vindo prestigiar o minicurso sobre desenho grotesco. Ela, inclusive, era uma das pessoas que foram à palestra e saíram rapidamente. Ao contrário de grande parte, que foi para não mais voltar, ela resolveu dar uma volta. Fiquei ligando que nem um desmiolado e ninguém me atendia. Chegou ao ponto em que só restava 1% de bateria, e a cada vez que acionava um botão do telefone móvel, duas pessoas deixavam a sala. Resolvi voltar para o local e só houve tempo para fechar a porta: os que ficaram até o fim me olhavam assustados.
ARTISTA: Você é Benedetto Argilla?
BENEDETTO: Sim, sou eu.
ARTISTA: Até que enfim! Já chamei seu nome tantas vezes!
BENEDETTO: O que houve?
ARTISTA: Você acabou de ganhar uma gravura exclusiva minha!
(fundo musical: “Esquece e vem”)
BENEDETTO (NARRADOR): Ganhar o desenho não foi nada. O problema era que o evento tinha uma página que se atualizava a cada hora com as imagens. E eu tive que posar, sorridente, com a gravura aberta. Minha vontade era de pegar o meu carro e correr em alta velocidade, até que o combustível acabasse e eu já estivesse longe demais para que alguém me questionasse sobre aquele pássaro comprometedor. A vontade passou quando lembrei que não tinha carro.
(fundo musical: “Passarinho”- “não caias do meu céu, passarinho/ suavemente me descobre aos pouquinhos”)
Benedetto, à revelia própria, é fotografado com o desenho anatômico grotesco.
BENEDETTO (NARRADOR): Esta foi embora, mas o desejo de dar fim àquilo não. Não poderia pegar um coletivo lotado com aquela cartolina infeliz na mão. Com qual naturalidade eu pediria que o motorista do ônibus estacionasse segurando aquela ave em pé?
(fundo musical: “O Museu do Fu-Manchu”- “motorista, se eu fosse como tu/ levava a gente logo pro Museu do Fu-Manchu”)
Tentando equilibrar-se, Benedetto imagina a si mesmo dentro do ônibus, segurando com a mão esquerda uma das janelas e o desenho na mão direita.
BENEDETTO (NARRADOR): Subitamente, Delis reapareceu e eu vi a chance de ouro de não passar outro constrangimento.
BENEDETTO: Ragazza, você chegou em boa hora!
DELIS: Eu?
BENEDETTO: O professor te chamou tanto pra te presentear com este desenho do sistema reprodutor em ação e você não apareceu. Foste premiada. Leves este pinto, que é teu.
BENEDETTO (NARRADOR): Depois disso, eu voltei à universidade para entregar meus certificados e resolver pendências relativas à formatura, que aconteceu quatro meses depois. Esperei ainda mais para que o diploma fosse confeccionado. Já as pessoas que frequentaram o campus naquele dia devem fazer até hoje algum tipo de terapia, uma vez que elas pretendem esquecer a cena na qual ele e eu andamos de mãos dadas. Era evidente que eu já não mais sabia que ele era um documento.
(fundo musical: “Vida louca”- “eu não quero assim/ você longe de mim/ seu olhar sem sorrir/ quero um caso de amor, vida louca”)
Passeando sorridente com o diploma, Benedetto não consegue esconder a felicidade de tê-lo. Em dado momento, o imigrante italiano inclina a cabeça e a encosta ao papel sob o pôr do sol.
BENEDETTO (NARRADOR): Eu sei que te sou incômodo, mas não sinto remorso porque te comprei para tal fim. Falando nisso, não devo ter outras experiências sobrenaturais vividas na universidade e, portanto, creio que chegou a hora de me despedir. Volto assim que tiver novas histórias pra contar. Até a próxima.
Benedetto se levanta da cadeira da escrivaninha em que estava e deixa o quarto. Só que o escritor do diário deixa a última página aberta e, misteriosamente, as palavras que escreveu depois do flashback envolvendo o diploma e que foram escritas com a caneta vermelha desaparecem do papel.
(fundo musical: “Iniciação”).

"Sette leggende universitarie"

con Thiago Barros
nel ruolo di “Benedetto Argilla”

sceneggiatura
Gabriel Arenas

direzione
Felipe Lipstein

editing vocale e doppiaggio
Audacity

scenografia, costumi e leggende
Paint

modifica
Windows Story Remix e Animotica Video Maker

effetti 3D
Windows Story Remix

musica
“Segredos da noite”- Paulo Debétio e Julinho Teixeira
“Metálica”- Daniel Figueiredo
“Estertantine”- PH Castanheira
“Tema de Claudius”- Victor Pozas

“Dama Dormida”- Alex Sirvent & Soul Soundtrack
“For the last time, we’ll pray”- Pino Donaggio
“Iniciação”- Ary Sperling
“Gênese”- Paulo Ricardo & RPM
“Amanhã”- Guilherme Arantes

“Santa María (Del Buen Ayre)”- Gotan Project
“O dono do mundo”- Nova Era
“Alguém me disse”- Ana Carolina
“Na captura”- Ary Sperling

“Eterna magia”- Alberto Rosenblit
“Morte Vilar”- Nova Era
“Vlad”- André Sperling
“Asa (DJ Ippocratis (Grego) Bournellis e DJ Cadico remix)”- Djavan
“Betina”- André Sperling

“Solidão”- Banda Calypso
“Nightie night (Eletro Trio 2014)”- Márcio Lomiranda
“Tema de Diná em Nosso Lar”- Iuri Cunha
“Saga”- Nova Era

“Comoção”- André Sperling
“Pare”- Zezé Di Camargo & Luciano
“Querido profesor”- Xuxa Meneghel
“La maison”- Gabin
“Última inspiração”- César Camargo Mariano e Nelson Ayres

“Tema de Fred”- Nova Era
“A chuva me lembrou você”- Adilson Ramos
“Abandonada (Apaixonada)”- Fafá de Belém
“Wishing on a star”- The Cover Girls

“A pérola e o rubi (The rubi and the pearl)”- Cauby Peixoto
“Esquece e vem”- Nico Rezende
“Passarinho (Pajarito)”- Chiquititas Brasil
“O Museu do Fu-Manchu”- Trem da Alegria
“Vida louca”- Wando

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