-O
que foi que você fez comigo?- Bete demonstra estar apavorada.
-Achou
mesmo que eu não tinha coragem pra atirar, Bete?
Fábio
nota que Vinícius errou o tiro ao ver um buraco na mesa de madeira que está na
sala. Vendo a tia mentir, o rapaz grita.
-Não
acredita nela, Vinícius!
Quando
o modelo olha para Fábio, Bete atira contra o filho de Luciano, acertando-lhe
no abdômen. O rapaz rapidamente cai ao chão, ainda com a arma em punho.
-Lamento
tanto que você não tenha mira, meu querido. Mas fazer o quê?
-Não
toca nele! Deixa ele em paz!
-Olha...
– Bete vira de costas para Vinícius e aponta a arma apenas para Fábio- Nunca
pensei que vocês fossem ser tão amigos. Um disposto a morrer pelo outro, quem
diria? Pelo menos, vão sair de cena com dignidade.
-Você
já acabou com o Diego, com a Victória! O que você quer mais? Não tá vendo que a
tua liberdade tá em jogo, não?
-Eu
nunca fui livre, Fábio. Você e a Alice acabaram com a minha vida. E todos de
quem eu me livrei, do Diego, da Victória... Todos foram um atalho até o dia de
hoje.
-Por
que eles?
-Cara,
não é que esse embuste que eu acabei de me livrar descobriu que a morte do
Diego não teve nada de acidental? O Diego descobriu o meu segredo e queria
contar pra todo mundo, por isso que eu atirei aquele canalha da escada e
simulei o acidente.
-Mas
a Victória não sabia de nada do que você tinha feito, não sabia nem quem era
você.
-Só
que ele, sim! Por isso que eu mandei o Sal e o Lipe darem um jeito nela, pra
calar a boca do Vinícius. Não adiantou nada. A polícia já veio atrás de mim.
Ouve-se
as sirenes da polícia, liderada por Luciano, que ouviu os tiros por meio de uma
escuta implantada em seu filho.
-Você
ainda pode ter tudo que você quiser, a minha mãe vai te dar o dinheiro da parte
dela na herança, entrar num acordo contigo.
-A
Alice me tirou o amor do Fernando. Chegou a minha vez de fazer justiça e tirar
o que ela mais ama- aponta o revólver, desta vez, para a cabeça de Fábio- Perdeu,
Fábio- a traficante cai nos braços do sobrinho após ser alvejada por três
disparos que atingiram as suas costas, feitos por Vinícius, que tentou
arrastar-se no chão.
-Pela
Victória, desgraçada!- declara Vinícius, com dificuldade para falar.
Bete
solta a arma e cai ao chão, desacordada, e Fábio corre para ajudar o modelo,
que está sangrando muito.
-Vinícius,
fala comigo! Pelo amor de Deus, cara, reage! Socorro!- grita, envolvendo o
tronco do amigo em seus braços- O Vinícius tá ferido, alguém me ajuda! Socorro!
-Filho!-
Luciano invade a sala da fábrica abandonada- Filho, o que foi? O que fizeram
contigo?
-A
Bete atirou nele, Luciano; eu não consegui fazer nada!
-Eu
vou ligar pra ambulância!
-Pra
quê, Pai? Não precisa. Já acabou...
-Onde
é que você arranjou essa arma? Você não podia ter feito isso, não foi o que a
gente combinou!
-Roubei...
Do seu quarto. Eu não queria que ela saísse daqui viva. E não saiu. Finalmente
eu fiz alguma coisa que prestasse nessa vida.
-Não
se mexe, eu vou chamar uma ambulância pra te tirar daqui!
-Não
dá mais tempo, Pai.
-A
gente vai te tirar daqui, Vinícius. Confia na gente, mas aguenta firme, por
favor!
-Ela
não existe mais, Fábio. Agora, sim. Você não precisa mais ter medo de seguir
com a tua vida.
Luciano
chora ao constatar que está perdendo o seu filho.
-Escuta
bem: você não pode me deixar! Você é a minha vida, Vinícius! Tem que lutar pra
sobreviver!
-Tô
cansado, Pai. Não tem mais sentido pra mim!
-Não
desiste de você desse jeito, meu filho!
-Me
deixa dizer... Eu te amo. Do meu jeito torto... Mas eu sempre te amei, Pai.
-Eu
também te amo, mais que tudo! Por favor, Vinícius, não me deixa... Não me deixa!
-Me
promete uma coisa, Fábio?
-Tudo
que você quiser, pode pedir.
-Cuida
dele pra mim. Não deixa meu pai sozinho.
-Tá,
eu te prometo. Mas não fala desse jeito, que você vai se... – Fábio perde o
amigo naquele momento.
-Filho!
Filho! Não me deixa, filho! Reage, Vinícius! Reage, meu filho!- Luciano abraça
o corpo ensanguentado do modelo, ferido mortalmente por Bete. Fábio entra em
desespero, mas abraça o policial, abatido com a morte do filho. Aos poucos, enquanto
os outros policiais chamam reforços, ele deixa que Fábio abrace o amigo e vai
ao corpo de Bete, medindo a pulsação da meliante.
-E
ela, Luciano? Tá morta?
-Nunca
mais ela vai infernizar ninguém, Fábio. A vida dessa miserável acabou.
Aflitos
pelo fato de que Fábio ainda não chegou à mansão, Alice e Caio recebem
Gabriela, Eduardo e Ariane, quando a mãe do rapaz recebe um telefonema da
polícia.
-Sim,
mas ele está bem? Pra qual delegacia estão levando ele?
-Delegacia?
O que é que o Fábio tá fazendo lá?- Eduardo fica assustado com a notícia.
-Eu
disse que tava sentindo alguma coisa de errado, só podia ser com o Fábio!-
Gabriela relembra o pressentimento que teve em sua casa.
-Sei,
eu sei onde fica. Já estou indo pra lá. Obrigada por ligar.
-O
que é que a polícia queria falar com você, Alice?- Ariane questiona.
-Me
deram a noticia de que houve uma troca de tiros entre o Vinícius e a Bete.
-O
Fábio tava lá, Dona Alice?
-Estava.
-Ai,
meu Deus...
-Mas
fica tranquila, por favor. O Fábio está bem. Só que ele está indo pra delegacia
prestar depoimento. O Luciano está com ele.
-E
a Bete e o Vinícius? O que houve com eles, Dona Alice?
-Houve
uma troca de tiros, Eduardo. O Fábio foi o único que sobreviveu.
-Olha,
eu não devia dizer isso, mas... Eu fico até aliviado de saber que essa garota
saiu do nosso caminho- Caio é sincero com os demais.
-Coitado
do Luciano. Tanto que ele lutou pra tirar o filho do vício e ver o Vinícius
acabar desse jeito?
O
Instituto Médico Legal, acionado por Luciano, chega à fábrica abandonada para
recolher os corpos, já cobertos por lençóis brancos e colocados sobre macas.
Mas o policial se recusa a largar o filho. Fábio intercede para não prolongar o
sofrimento.
-Deixa
ele ir, Luciano. O perito tá te esperando pra levar o corpo.
-Eu
não consigo, Fábio. Eu não perdi o meu filho, ele foi tirado de mim. Tanto que
eu fiz pra tirar ele do vício, e agora que ele estava se recuperando...
-Luciano,
a gente precisa ser forte. O Vinícius foi embora sabendo o quanto você amava
ele. No fundo, ele sempre soube.
-Como
é que eu vou conseguir viver sem o meu filho, Fábio?
-Não
tem receita pra amenizar a dor, cara. Mas a gente vai seguir firme e junto. Eu
prometi.
-Obrigado
por ter sido um amigo fiel a ele até o último momento.
-Assim
como ele foi comigo, Luciano. Se hoje eu sou uma pessoa diferente do que eu fui
um dia, é por causa dele.
-Luciano-
o perito chama pelo policial- A equipe precisa levar os corpos pro instituto.
Luciano
balança a cabeça positivamente e segue ao lado da maca, levada até o carro do
IML. A maca em que Bete está é recolhida em seguida, mas antes Fábio olha para
o corpo da tia, cuja mão esquerda não está envolvida no lençol. E ele presencia
a traficante mexendo duas vezes os dedos. O adolescente, entretanto, fica
calado e segue para a delegacia, onde prestará esclarecimentos sobre a troca de
disparos.
Seis meses depois...
Em
uma parceria com Alice e Caio, Luciano cria uma organização não governamental
que leva o nome de seu filho, Vinícius Pradines. O local servirá para o
tratamento de jovens contra o vício em entorpecentes. Na ocasião da
inauguração, Ariane comparece e inicia uma conversa com Lúcia.
-E
como vai a Casual Models?
-A
gente tenta se reerguer, não é? Depois de duas mortes tão violentas, os
anunciantes ficaram com receio de vincular algum rosto da agência aos produtos
que vendem. Felizmente, essa impressão ruim vem se dissipando.
-Ainda
mais agora, que o Vinícius é visto como um mártir pela opinião pública depois
que salvou a vida do Fábio.
-Você
sabe que até um escritor foi me procurar na agência, querendo escrever uma
biografia da história do Vinícius e da Victória?
-Nossa!
-O
que eu estranhei é o Fábio não estar aqui. O tratamento dele não terminou?
-O
Fábio sai do centro de apoio amanhã, e vai direto pra casa de verão da família
dele, lá na Praia do Paiva.
-E
é óbvio que a Gabriela deve ir junto.
-O
Caio e a Alice convidaram o Eduardo também, pra eles passarem uns dias longe de
tudo.
-Falando
nisso, o que foi feito do divórcio? Eles se separaram mesmo?
-Desistiram-
Ariane olha para os pais de seu genro.
-Por
causa do Fábio?
-O
Caio redescobriu o pai que ele é e passou a admirar mais a Alice pela garra que
ela teve durante o problema do filho deles.
-Vem
cá, me diz uma coisa: existe um arrependimento por ter se afastado do Caio há
tantos anos?
-Vendo
a família que ele construiu e o homem no qual ele se transformou, eu não tenho,
Lúcia. E, pelos nossos filhos, precisa haver um respeito entre nós. Olha só pra
eles, Lúcia. Depois de tudo que aconteceu, eles tiveram forças pra fazer essa
parceria com o Luciano e ajudar esses jovens.
-Fiquei
sabendo que muitos dos que viviam usando drogas no colégio onde os meninos
estudavam estão nesse projeto novo.
-O
Luciano os convenceu a se darem uma chance. Alguns deles andavam sempre com o
Vinícius. Quando o projeto do Espaço Vinícius Pradines surgiu, ele lembrou que
o filho sempre falava de uma turma que também consumia entorpecentes. César,
Leandro, Jorge... – Ariane olha para os referidos, sendo acolhidos pelo casal- Esses
vão ter a chance que o Vinícius nunca quis ter.
Sobre
um amontoado de rochas da Praia do Paiva, Fábio amanhece olhando para o céu e
agradecendo pela nova chance de vida que teve. Com seu carro, passa Luciano,
que reconhece o rapaz e vai ao seu encontro.
-Até
que enfim você saiu do centro. Pronto pra recomeçar a vida, garoto?
-Sempre.
O que você tá fazendo por essas bandas a uma hora dessas?
-De
vez em quando, sempre que não tenho que acordar cedo ou um plantão pra fazer,
sigo com meu carro e rodo a cidade.
-Você
sempre fez isso?
-Não-
admite, após pausa- Comecei a fazer de uns tempos pra cá.
-Luciano...
Eu imagino que você não goste de falar sobre tudo o que houve, mas a gente não
se vê desde que aquilo rolou com o Vinícius. Nem pro velório dele eu pude ir.
-O
centro de apoio achou melhor que você não fosse. O que você viveu foi muito
pesado, Fábio. Não era bom mesmo que você fosse. Uma das poucas pessoas que
foram ver o meu filho pela última vez foram seus pais e a Lúcia, a dona da
agência. Depois disso eu levei... Levei meu filho pro crematório.
-E
a Bete? Onde ela foi enterrada?
-A
sua mãe não quis se encarregar de nada. Por isso eu resolvi cremá-la no mesmo
dia. É claro que ninguém foi. Quem queria se comprometer com uma traficante como ela?
-Sei.
O que você fez com as cinzas?
-Joguei
os restos mortais do meu filho no mar uma semana depois...
-Não,
o que você fez com as cinzas da Bete.
-Fábio,
por que seu interesse no que foi feito daquela garota agora?
-Luciano,
o Vinícius me fez prometer que eu ficaria do seu lado, e você hoje me inspira
tanta confiança que é como se fosse meu próprio pai. Por isso, eu quero ser
sincero contigo e tô esperando que você seja do mesmo jeito comigo.
-Claro,
Fábio. Me diz, então: o que você quer saber?
-Eu
não sei se eu tava muito nervoso, mas... Tem uma cena que não sai da minha
cabeça.
-Qual?-
Luciano começa a suspeitar do que seja.
-Quando
o Vinícius tinha acabado de morrer, você se levantou do chão e foi ver se a
Bete tava viva. E me disse que não. Só que...
-Termina,
Fábio, por favor.
-Quando
o IML chegou pra levar embora os dois, a mão da Bete ficou descoberta. E eu vi.
-Viu
o quê?
-Ela
se mexendo. A Bete não tava morta como você pensava. Ou como... Como você
queria que eu pensasse.
-Quer
que eu seja franco, como eu sempre fui à vida inteira? Pois muito bem: a Bete
morreu, sim. Morreu porque tinha que morrer. E pra mim, a vida daquela
desgraçada acabou quando ela disparou contra o meu filho.
-Luciano,
o que... – Fábio procura fôlego para desvendar o que houve com a tia após o
tiroteio- O que você fez com ela?
-A
Bete decidiu que o meu filho tinha que morrer. E eu decidi pela vida dela
quando vi o meu filho morto. Por isso, eu não podia deixar aquela infeliz com
vida.
-Mas
ninguém sacou nada, que ela ainda respirava?
-Infelizmente,
gente que se deixa corromper tem em qualquer lugar, até na polícia. E pra
impedir que a Bete destruísse mais alguém, eu tive que me tornar uma dessas
pessoas. Quando eu liguei pro IML, impedi os outros policiais de chegarem perto
dela. E pedi que o perito a levasse pra lá, mesmo sem que ela estivesse morta. Pelos
ferimentos, a única certeza que eu tinha era de que o estado de saúde da Bete
era grave.
-Quer
dizer que você deixou ela definhar ao invés de prestar socorro?
-Não
exatamente.
Luciano
passa a lembrar da ocasião em que um técnico em necropsia conseguiu retirar os
projéteis do corpo da traficante. O processo foi acompanhado pelo policial.
-Pronto.
Já fiz o que era possível nesses casos.
-Tem
chances de sobreviver?
-Sim,
Luciano, ela vai escapar. Só não entendo por que mandaram essa moça pro IML em
vez de atendê-la no hospital.
-Lobato,
presta atenção: essa desgraçada acabou de assassinar o meu filho. Eu não posso
deixar que ela fique viva.
-O
que você quer? Que eu mate a moça?
-Isso,
não. Eu quero que ela sofra, mas não pelas mãos de um estranho, e sim pelas
minhas.
-Luciano,
eu sei da sua luta pelo Vinícius. Eu também perdi um filho pras drogas, entendo
como você se sente agora.
-Impotente.
Mas eu não perdi meu Vinícius pra nenhum vício. Foi pra ela.
-Não
me peça nada que eu não possa fazer. Eu não sou assassino.
-Posso
esperar que ela se recupere e vá pra cadeia. A Bete, com certeza, vai ser
condenada, mas não vai conseguir trazer o meu filho de volta pra mim. Esse
crime não é a justiça que vai solucionar. Sou eu.
-O
que eu posso fazer por você?
-Declara
que ela está morta. Do resto eu cuido.
-Eu
não posso fazer isso.
-Pode.
Eu não posso permitir que ela destrua mais ninguém. Declara a morte da
Elizabete e deixa que eu me viro.
-Só
isso que você fez? Deixou que ela morresse sem socorro?
-Seria
muito cruel com ela se isso acontecesse, Fábio. Só que eu me senti o pior homem
do mundo por não ter protegido o meu filho, e tinha que ser da mesma forma com
ela.
-Como
conseguiu? Onde que você arranjou tanta frieza?
-A
Bete me deu. E eu não me arrependo de nada.
-Quer
dizer que ela sofreu de dor sem remédio, tratamento, nada?
-A
agonia que ela viveu foi curta, mais do que a minha até agora.
Luciano,
então, volta ao dia em que cremou o corpo de Vinícius. Quando todos foram embora,
o policial ficou sozinho no crematório e foi até uma das gavetas, a que
guardava o corpo da moça, ainda com vida.
-Bete?
Bete, você está me ouvindo? Acorda, Bete- a moça abriu os olhos- Bem-vinda ao
seu último dia de vida. Eu sei que você quer muito pedir ajuda, e pela primeira
vez na sua vida miserável, sente medo de alguém. Só que não vai dar. Antes de
te trazer pra cá, eu injetei em você um bloqueador neuromuscular, sabe o que é?
É uma droga que te impede de se mexer, de falar, de fazer qualquer coisa. Só
estamos nós dois aqui. Quer dizer... Daqui a pouco, só eu. Porque chegou a hora
de sentir na pele tudo que os outros sofreram por você. Vai pro inferno,
maldita!- Luciano fecha a gaveta, desesperando Bete, que ficou ainda pior
quando viu Diego, imóvel, deitado ao seu lado.
-Não
te prometi, meu amor? Seu fim vai ser pior do que o meu.
E
Luciano incinerou o corpo da traficante, que não pôde defender-se da vingança.
-Por
que você me olha desse jeito? Acha que eu sou um criminoso, um assassino como
ela? Vai me denunciar?
-O
pior é que eu consigo entender você. Consigo porque eu me coloco no lugar dos
meus pais. E se fossem eles? E se eles vivessem a mesma dor que a sua?
-Eu
não quero mais ser entendido, nem me fazer entender, Fábio. Mas eu quis e fiz
justiça. Pode ficar certo: até o último dia, não vou ter o menor arrependimento
do que eu fiz.
-Luciano,
eu quero te pedir uma coisa.
-Fala.
-Não
desiste de você, não, tá?- coloca a mão sobre o ombro do amigo.
-Já
desistiram por mim há seis meses, Fábio. Agora é seguir em frente, com mais
dúvidas do que respostas.
-Tô
atrapalhando?- Eduardo chega quando o policial conversa com o adolescente.
-Não,
cara, imagina- Fábio disfarça o choque com a revelação.
-Eu
vou ter que ir agora pra casa, descansar um pouco.
-Por
que o senhor não vem passar uns dias aqui com a gente, Seu Luciano?- Eduardo
sugere.
-Melhor
eu ficar comigo e com as minhas lembranças. Obrigado por me ouvir, eu precisava
muito desse desabafo.
-Sabe
que pode contar comigo sempre- Fábio abraça o policial.
-Tchau,
Eduardo.
-Tchau-
Eduardo espera Luciano afastar-se para tecer um comentário- Tá tudo bem mesmo?
-Por
quê, cara? Não parece?
-Não,
é que... O clima ficou bem estranho de repente.
-Impressão
sua. Eu tô estranhando mesmo é você a essa hora em pé.
-Tinha
que te mostrar uma coisa- o filho de Ariane tira do bolso uma câmera digital.
-Que
massa, Edu! Quando foi que você comprou?
-Ganhei
da minha irmã em junho, quando fiz aniversário. Mas ainda não estreei, não.
Tava esperando você, meu amigo.
-Pra
quê? Pra fazer uma palhaçada e jogar no YouTube?
-É
uma surpresa.
-O
que você tá aprontando, Edu?
-Confia
em mim- Eduardo ativa a função de filmagem- Faz o seguinte: vai andando naquela
direção.
-Olha
lá o que você vai fazer, hein?
-Relaxa,
Fábio. Pode ir em frente.
Fábio
segue a orientação do melhor amigo e vê Gabriela caminhando em sua direção.
-Você
também pulou da cama tão cedo? O que foi que houve?
-Calma,
que isso não é um pedido de casamento ainda- esclarece Gabriela, aos risos- Não
tá notando nada de diferente em mim, não?
-Pra
ser bem sincero, não.
-Olha
pro rosto dela, Fábio.
-Caramba,
esse band-aid é... Jura?
-Fábio,
você agora é namorado da futura engenheira civil do Recife!
-Mentira,
né? Eu não acredito! Que bom, Gabriela!- Fábio rodopia com a moça sobre os seus
braços e a cumprimenta com um beijo apaixonado- Você não sabe o quanto eu tô
feliz por você!
-Eu
sei, Fábio. Essa conquista é sua também, você foi a pessoa que mais me deu
incentivo pra esse sonho.
-Agora
esse é só o primeiro de muitos sonhos que a gente vai realizar juntos um do
outro.
-Não
disse que era bom filmar a reação dele, Gabi?- Eduardo comenta a respeito da
cena- Ele ficou mais feliz que você!
-Parece
que eu não tô vivendo esse momento, sabe? É muita felicidade ter você de volta.
-Pra
nunca mais sair de perto- Fábio dá um novo beijo na namorada.
-Sabe
do que eu me lembrei agora? Do último capítulo de “Malhação”, aquele que passou
em outubro. Lembra do que o casal principal falou?
-Lembro,
Edu. É até uma frase que tá na minha agenda, e é do Fernando Sabino: “no fim,
tudo dá certo; se não deu certo”...
-“É
porque não chegou ao fim”- completa Fábio, diante da imensa felicidade pela
conquista da namorada. Eduardo começa a filmar os três juntos correndo pelas
areias da Praia do Paiva naquela manhã que poderia não terminar nunca mais.
Fim
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