(Fundo musical:
“Gata todo dia”- “a vida arranha e se eu faço rock, eu faço manha/ meu bem, me
dê sua atenção”)
Thaís e Caroline
fazem um ensaio e posam para a capa de algumas revistas. Depois disso, vão para
a praia à noite e iniciam um diálogo.
THAÍS: O que é que
você achou do ensaio, Carol?
CAROLINE: Fiz tanta
pose que já tava vendo a hora de me atacar uma tendinite! Mas até que foi bom.
Quem sabe eu gosto dessa carreira que aquele doido me apresentou?
THAÍS: Já reparou,
não foi?
CAROLINE: No quê,
Thaís?
THAÍS: Que ele é
afim de você.
CAROLINE: Problema
dele. Sabe aquele ser humano metódico, certinho, que não vive sem escapar de
uma só regra?
THAÍS: Sei. Tipo o
Darcy de “Orgulho e preconceito”.
CAROLINE: Você leu
esse também, amiga?
THAÍS: Claro, sou
doida por esse livro. Mas voltando ao assunto: ele não vai desistir de você tão
fácil assim.
CAROLINE: Perda de
tempo. Luiz Carlos é um cara muito padrãozinho. Só pelo nome a gente tem ideia.
Agora me fala de você.
THAÍS: Ah, eu acho
que não tenho tanta coisa interessante pra contar feito você.
CAROLINE: Que tanta
coisa interessante que eu tenho pra dizer? Só que eu sou boa de cama!
THAÍS: Sério? Isso
você nunca me contou!
CAROLINE: Pensei
que tivesse percebido durante esse tempo que moramos juntas.
THAÍS: Como, se
você nunca levou ninguém pro nosso apartamento?
CAROLINE: Não
precisa, Thaís: basta eu ver uma cama pronta e eu durmo. Pra caramba!
MARY: OK, mas o que
eu preciso saber é quando as coisas saíram do controle.
CAROLINE: Controle
é uma coisa que eu não perco, Doutora.
MARY: Dá pra ver.
Você enrolada numa camisa de força é a prova viva do quanto você é centrada.
CAROLINE: Mas a
culpa foi dela. Nada teria acontecido se ela não tivesse colocado os olhos e
todo o resto no que era meu.
MARY: Agora você
está admitindo que tinha, sim, motivos pra eliminá-la.
CAROLINE: Tinha e
tenho.
MARY: Você pretendia
fazer o mesmo com o Luiz Carlos, não é?
CAROLINE: Eu? Por que
acha isso?
MARY: Porque, mesmo
que negue, ele foi fundamental pra sua ascensão. Mas quando ele não fosse mais
necessário, poderia dar um jeito de se livrar dele.
CAROLINE: Não com o
mesmo desejo de me livrar de você, tipo o que eu sinto agora.
MARY: Sabe do que
eu desconfio? De que você é uma perfeita sociopata, capaz de cometer as maiores
atrocidades.
CAROLINE: Ou uma
psicopata.
MARY: Tá jogando
comigo?
CAROLINE: Talvez.
MARY: Se está
tentando me manipular, desista.
CAROLINE: A gente
manipula quem é importante pra gente em um certo momento da vida. Com todo o
respeito, eu tô pouco me lixando pra você.
MARY: Continua.
Mostra a sua face, Caroline.
CAROLINE: Quando a
gente tava na praia, ela me perguntou uma coisa...
THAÍS: Mas vem cá:
não rola nenhuma chance com ele, nada?
CAROLINE: Luiz
Carlos é ótimo, mas ele quer uma coisa que eu não posso dar.
THAÍS: O quê?
CAROLINE: Minha
liberdade. Dela eu não abro mão, Thaís. E eu nunca vou deixar ninguém tomar
aquilo que é meu. Porque se tentar...
THAÍS: “Se tentar”...
O quê?
CAROLINE: Eu cobro.
Do jeito que for, mas eu cobro.
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