-Eu? Peter, você acha que eu
preciso criar um problema pra aceitar essa mulher aqui? Olha pro apartamento.
Ele não vai ter espaço pra mais dois aqui.
-Por favor, né, pai? Olha pra cá o senhor. Tá
se vendo que dá pra viver nós quatro aqui!
-Mas você não tinha brigado com ela?
-Eu a Juliane decidimos namorar, mas essa
história do filho me pegou de surpresa. Eu me arretei com ela, mas conversei
com Santiago. E depois pensei melhor. Não sou doido de deixar ela viajar pra
Fortaleza, pra ficar longe de mim. De jeito nenhum.
-Isso tudinho sem falar comigo?
-Foi tudo muito rápido! Não tinha nem como!
Pai, eu só tô pedindo pro senhor ter um pouco de paciência. Ela tá sem emprego,
na pior, não tem pra onde ir, o irmão não cuida do bebê nem com ela pagando em
barra de ouro... Dá um desconto.
-Por quanto tempo?
-Eu não sei, mas eu quero tua ajuda e acho que
tu não vai me deixar na mão agora.
-Nem agora...- diz Arnaldo, transtornado- Nem
nunca- já em modo angelical.
O pai abraça o filho, como se fosse
protegê-lo. Sabemos que o coroa estava tentando se proteger, para não avançar
brutalmente sobre o corpo escultural da futura nora, satisfazendo suas manias
malucas de pegar alguma mulher excessivamente gostosa.
*****
Mas a saga de um quase velhinho
que quer pegar um docinho de fisioterapeuta- além de mau-caráter, é brega por
utilizar esse tipo de termo- ainda não acabou. Imagina você acordar com aquela preguiça,
sair andando pela casa, bate a vontade de urinar e perto de entrar no banheiro,
encontra a musa de seu próprio filho se atrapalhando toda pra conseguir dar um
banho numa criança.
Após limpá-lo (indevidamente,
diga-se de passagem), ela decide deitá-lo na cama que dividiria com Peter- o
rapaz passou a dormir no sofá- e quando acaba de pôr a fralda no bebê, decide
esvaziar a banheira. Logo, decide enchê-la de novo, mas curiosamente, a água
aparenta estar vindo em uma velocidade baixa. Mas Juliane- nossa panicat
particular- não se acanhou: juntou o pouco que vinha e tomou banho de cuia. A
cena pode parecer precária, excessivamente pobre, mas pensem: ela não tinha
jaleco, nem nada. A sensual cena foi presenciada por seu Arnaldo, que quase
entrou no banheiro, mas temeu represálias da moça. Mas a cena, considerada em
3D pra ele, era ótima.
*****
Peter chegou à casa e logo foi
pro quarto ver como estava Bernardo e Juliane.
-Oi, amor. Como é que você tá?
-Bem cansada. O dia todo aqui, cuidando dele.
Olha como ele tá grande, Peter. A impressão que dá é de que eu nunca tinha
visto ele, que eu só tivesse conhecendo agora.
-Faz quanto tempo que você não vê Bernardo?
-Nem sei, sabe? Acho que entendo porque Inácio
me cobra tanto. E olha que ele é mais novo que eu, e mais responsável.
-Ué! Eu também sou. Tô nessa contigo.
-Não, meu amor, você não é responsável. É
ousado, de fazer um taxista esperar por mim a tarde inteira no prédio.
- (risos) Pois é. Vem cá, já que você quer
curtir esses momentos com o bebê, por que não tira fotos dele? Todo mundo faz
isso.
-Oxente, de ontem pra hoje a memória do meu
celular tá cheia, só de imagem de Bernardo.
-Vish! Pega minha câmera, pô. Depois,
descarrega no meu PC.
-E onde ela tá?
-Aqui em cima- aponta para a mesa- O cabo tá
junto. Só que ela descarregou, aí depois você pega o carregador na caixa.
-Hum- disfarça o sorriso.
-Que falsa felicidade é essa?
-Olha, Peter, eu sei que eu tenho que cuidar
dele, mas esse negócio de ficar parada não é pra mim.
-Eu também vou ter que trabalhar. Não quero
ver a gente sendo sustentado só com a ajuda de Painho.
-Eu sei. Mas eu não queria você trabalhando.
Não por minha causa.
-Juliane, a minha causa é sua agora. Eu quero
te ver feliz, e eu sei que se for preciso, você vai lutar. Eu quero ficar do
seu lado. Pra te ver vencer. Pra que tu me veja vencendo também.
O discurso emocionado que faz os
dois se beijarem poderia transformar-se em algo cômico, ou num gancho que
fizesse você acompanhar o próximo capítulo. Pois é, deixamos: a câmera.
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