Bernardo se esquiva da resposta... Vê aquele
menino mirrado, negro, que se apresenta pelo apelido e entende de quem se
trata.
-O que você tá fazendo aqui?
-Não sei. Pra falar a verdade, eu não
sei nem onde estamos. A única coisa que eu me lembro é que... Fui falar com meu
filho, e veio um carro sem que eu me desse conta... – olha para o alto- Acho
que vai chover. Ficou tudo tão escuro, de repente.
-Tá com medo?
-De quê?
-Desse escuro.
Bernardo sente a escuridão se acentuar
sobre ele.
-Sim.
-Por que não pede a Papai do céu?
-Pedir o quê?
-Pra levar esse escuro embora.
-Ele não vai me escutar.
-Me ensinaram que toda vez Ele escuta,
meu pai e meu avô.
-Uma vez eu pedi.
Queria que Ele salvasse minha filha. Ela estava à beira da morte, e eu tinha prometido que se Ele a curasse, eu
nunca mais ia me meter na vida dela.
-O senhor acreditou?
-Claro que acreditei.
Eu só tinha essa esperança de que Ele fosse mesmo fazer alguma coisa, mas Ele
não fez nada.
-Não. O senhor
acreditou no que o senhor disse que ia fazer?- a pergunta de Kim emudece
Bernardo- Vê só: se pedir sem acreditar, não funciona.
-Eu não acredito em
milagre. Já passei por tanta coisa difícil na minha vida que pra mim é
impossível.
-Existe, sim.
-Como é que você
sabe?
-A minha mãe eu não
tenho. Mas eu tenho minha família: meu avô e meu pai. E tem uma coisa que eu
peço toda vez.
-O que é?
-Que Papai do céu
cuide do meu pai. Ele diz que queria cuidar de mim com minha mãe, mas ela tá no
céu.
-Senhor, salve o meu
irmão de toda malignidade, da sombra da morte. Desperta esse coração, para que
possamos engrandecer o Teu nome- ouve-se a voz de Miguel.
-Tá ouvindo?
-Essa voz é do meu
irmão. Mas de onde vem?
-Senhor, cuida do meu
pai. Tu sabes o que ele tem feito com toda a nossa família, mas não permita que
ele se vá sem conhecer o Teu amor, pra que aprenda a amar também...
-Yanna- constata
Bernardo.
-Meu Deus, se quiser
me castigar, venha, mas não leve meu pai. Não deixe ele ir embora com ódio de mim,
com ressentimento de todos nós. Abre os olhos dele.
-Raffael...
-Senhor, cuida do meu
avô, o pai da minha mãe. Faz ele feliz.
-Até o filho da
Carolina... - com vergonha, finge não saber de quem se trata.
-É, eu sempre peço
por ele. Meu pai me contou que ele deve chorar muito porque a minha mãe foi
morar no céu.
-Mas... Por que eu
estou ouvindo tudo isso? De onde que vem?
-Acho que eles querem
ver o senhor voltar pra casa.
Subitamente, Bernardo
acorda na sala de triagem de uma policlínica, ouvindo os choros de Miguel,
Yanna e Raffael. O enfermeiro que o acompanha se assusta ao ver seus olhos abrindo.
Logo, corre para chamar os parentes do empresário, sem ao menos saber o que
falar. Miguel estranha a reação do rapaz.
-O que foi?
-Ele acabou de abrir
os olhos.
-O meu pai?- Yanna
corre para ver se Bernardo realmente está vivo e fica maravilhada. Sem se
importar com os seus ferimentos, abraça o pai- Graças a Deus! Graças a Deus que
você tá vivo, Pai!
-O que é que está
acontecendo?
-Pai... Você tá vivo-
Raffael se emociona, também abraçando o pai na hora, ainda que ele não tenha
noção do que esteja acontecido.
-Como Tu és
maravilhoso, Senhor! Obrigado, meu Deus! Obrigado por trazê-lo de volta à
vida!- Miguel se ajoelha para agradecer.
...
Lucas olha para o
filho desacordado e fala:
-Me leva no lugar
dele, meu Deus. Mas não faz isso comigo, não tira ele de mim.
-Lucas, o que foi?-
Osmar acorda assustado- O Kim piorou?
O monitor cardíaco
registra a volta dos batimentos do menino.
-Kim?- Lucas chega
perto do leito- Kim, meu filho, você tá me escutando?
A criança abre os
olhos.
-Tava sentindo sua
falta, Pai.
-Oh, meu Deus... –
Lucas derrama suas lágrimas sem medo.
-Mas não faz nem duas
horas que ele foi pra casa, Kim. Seu pai não demorou tanto assim, não...
-Demorou, sim. Achei
que ele não ia mais voltar.
-Você também demorou
pra acordar, meu filho. Pra mim, pareceu a eternidade.
-Se eu te falar um
negócio, não vai ficar de mal de mim?
-Não. O que é?
-Tá muito engraçado
você careca, igualzinho a mim.
Lucas ainda se
arrisca a soltar o riso, vendo a felicidade do filho em vê-lo vivo. Não se
contém e o abraça, mesmo estando o garoto deitado.
-Aconteceu o quê com
você, Lucas?
-Só a confirmação, Pai.
-Confirmação de quê?
-De que os milagres
acontecem.
ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...
Bernardo desce com
uma mala do seu quarto, e Miguel abre a porta, olhando o irmão com uma feição
inconformada.
-Tem certeza de que é
isso que você quer, Bernardo?
-Alguma opção que
você possa me sugerir?
-O que você está
fazendo é radical demais. É como se estivesse condenando seus filhos.
-Meus filhos são
adultos, Miguel. E isso já ocorreu há bastante tempo, eu é que não quis ver.
-Deixar tudo pra
trás, o trabalho, a família, recomeçar em outro lugar... Tudo isso é arriscado,
Bernardo.
-Não será nenhuma
surpresa pra eles. Já conversei e admiti que preciso dar um tempo pra mim e
pros dois.
-Sinceramente, eu não
entendo. Você é tão obstinado pelos seus objetivos, e de repente resolve deixar
tudo pra trás.
-Miguel, há anos que
eu insisto em ser de uma forma que acaba me machucando. Raffael e Yanna não vão
sofrer pela minha ausência. Só assim eles vão saber que podem realizar seus
sonhos. Do que adianta impor a minha vontade? Carolina não iria voltar só
porque eu orei pra ver a sua cura.
-Pois é. Te faltou
acreditar naquilo que pediu a Deus.
-Engraçado... Você já
é a segunda pessoa que me diz isso.
-Quem te falou antes?
-Esquece, não
importa.
-Bernardo, não está fugindo
com medo deque a Yanna te denuncie pelo roubo dos onze mil CDs, não é?
-A questão foi
esclarecida pela Sílvia, não é? Yanna sabe que fui eu quem arquitetou o
assalto. Mas a intenção dela era de lançar o disco de qualquer forma. Essa
obstinação certamente ela herdou de mim.
-E quanto ao Kim? Você
vai continuar ignorando seu neto?
-Tudo continua do
jeito que está, Miguel. A única alteração vai ser a minha retirada. Esse menino
passou cinco anos sem ter nenhum tipo de contato comigo, não criamos nenhuma
espécie de vínculo. Por que fazer isso agora?
-Ele está com
linfoma, você sabe disso.
-Claro que sei. Por
isso eu quero que Raffael e Yanna prestem assistência, caso ele precise de
alguma coisa.
-Não existem
substitutos quando se trata de afeto.
-Meus filhos não
estão me substituindo. Estão assumindo um papel que queriam assumir e não
tiveram oportunidade, porque eu os impedi. Nunca vou dizer que jamais vou chegar
perto daquela criança, mas hoje eu não me sinto preparado pra nada disso.
-Nem mesmo pra pedir
perdão a Lucas, pelo seu preconceito?
-O único culpado pelo
desespero da Carolina, que culminou na sua morte, sou eu. Uma vez, eu disse que
era o único que tinha o direito de sofrer pela morte da minha filha. Agora eu
cheguei à conclusão de que estava certo. Porque quem contribuiu pra esse
desfecho trágico fui eu.
-A Carolina morreu te
amando, Bernardo. Tanto que confiou a você e ao Lucas a responsabilidade de
cuidar do Kim.
-Mas eu não fui
capaz. Olha só o que eu fiz com os meus filhos, Miguel. Eles não me respeitam,
me temem. Vou condenar essa criança à minha tirania também? Bom, o que eu quero
falar com você antes de viajar é o seguinte- entrega-lhe as chaves da mansão-
Toma conta da minha casa, e dos meus filhos.
-Por quanto tempo
você pretende ficar?
-Até me despir dessa
escuridão que me assombra. Isso pode levar uma vida toda.
-Você vai sair assim,
sem nem dizer ao menos pra onde vai?
-Pra quê essa
afetividade toda, Miguel? Despedidas, abraços e lágrimas em excesso? Sejamos
práticos. Tudo isso é uma prévia longa da minha agonia em ficar longe deles,
mas é necessário. Fique tranquilo, porque eu vou dar notícias.
-E como você encara
essa aproximação dos meninos com a Sílvia?
-Sílvia soube
construir um novo lugar. Aquela mulher frívola que largou os três filhos
desapareceu e foi substituída por uma mulher que não sabe fazer outra do que
conquistar os filhos dia após dia. Você não vê, Miguel? Até o Raffael, que é o
mais teimoso dos três, perdoou a mãe desde que ela voltou pro Brasil, embora
nunca tenha me dito e até tenha destratado a mesma em público.
-Sua ex-mulher conseguiu
o seu perdão?
-Quem sabe? Mas eu
não me sinto em condição de me relacionar com ninguém, nem com meus filhos, nem
com meu neto, nem com o ex-namorado da minha filha, minha ex-mulher... O que
esperar de um homem que não se entende?
-Realmente, não quer
que eu vá com você?
-Faça o que você
sempre fez enquanto eu estive aqui: ore. Às vezes, funciona.
Miguel dá um abraço
emocionado.
-Que o abraço que
nenhum homem pode dar na sua alma, Deus venha a dar. Ainda que no tempo Dele.
-Que assim seja.
Enfim, me deseje uma boa viagem.
-Sempre. Me liga
quando chegar ao seu destino.
-Caso eu saiba qual
é... – puxa a mala e se retira da mansão.
...
Um táxi traz Bernardo
até o aeroporto. Com a mala, ele passa pelo saguão do local, mas vai até a
varanda, cuja janela dá pra observar a pista de decolagem. Começa a chover
forte. Só há um pai, segurando o filho nos braços, no local além do empresário.
Os dois homens recuam.
-É muito grande esse
avião, Pai- Bernardo reconhece a voz da criança.
-Viu só? Sempre disse
que ia te trazer e acabei trazendo- Lucas comenta, virando-se em seguida para
encarar o olhar surpreso de Bernardo- O senhor?
-Pensei que vocês
estavam no hospital. Me falaram que seu filho estava doente.
-Pois é. Linfoma.
-E como ele está agora?
-Passou pela primeira
sessão da quimioterapia. Foi aí que o Joaquim aprendeu o que era milagre. A
médica examinou depois que terminou a primeira parte do tratamento e disse que
ele acabou. Aumentou a expectativa de vida. Claro, ele vai ficar a vida toda se
cuidando, mas... O pesadelo passou. A gente acabou de sair da Oncomed, mas não
foi pra casa. Joaquim insistiu em conhecer o aeroporto.
-É Kim!
-Tá bom, Senhor Kim,
não se fala mais nisso- Lucas ironiza o comentário do filho.
-Fico feliz. De
coração. Você fez o que eu disse.
-Me afastar da sua
família?
-Não. Provar pra todo
mundo que você ama a minha filha. Essa é a maior prova de amor que ela poderia
receber.
-Faria mais se ela
estivesse viva. Me coloquei contra todas as previsões de que um filho, tido aos
dezesseis anos, criado por um cara negro e pobre, ia me trazer sofrimento-
Bernardo entende isso como uma indireta.
-E você venceu. É
digno de admiração. Bom, eu tenho que ir, não posso perder o meu voo- vira-se
ao puxar a mala.
-A benção, Vô- a
frase de Kim deixa Lucas e Bernardo sem reação imediata.
-Deus te abençoe,
Joaquim... Kim- segue para a fila.
-Filho... Como você
sabia que esse homem também era o seu avô?
-Toda noite, eu peço
a Papai do Céu pra cuidar dele também. E um dia, ele apareceu no sonho. Tava
com muito medo porque tava sozinho. Mas ele nunca vai ficar sozinho.
-Como é que você
sabe?
-Todo dia, tem uma
pessoa que ora por ele: eu.
-É por isso que eu
amo tanto você, sabia?
-Também te amo, Pai.
O abraço mais longo
dos últimos dias é trocado por Kim e Lucas.
...
Uma livraria é o
palco do lançamento de "Minha Liberdade Pra Te Adorar", o primeiro
disco de Yanna, que assina sem o sobrenome Mutarelli. Nela, marcam presença
Raffael, Sílvia, Miguel e Cadu, que é o primeiro a cumprimentar a amiga pelo
CD.
-A gente conseguiu,
minha amiga!
-Graças a Deus.
Obrigada por tudo, Cadu. Obrigada por nunca ter me deixado desistir.
-Nunca me faça dar um
puxão de orelha, hein?- o produtor abraça a amiga, aos risos.
Miguel e Sílvia
conversam sobre a carreira da moça.
-Até que enfim ela
deu o pontapé que precisava pra carreira. A voz da Yanna ainda vai chegar a muitos
ouvidos.
-Me sinto tão
privilegiada de ver essa alegria no rosto da minha filha, Miguel. Acho que ela
nunca foi tão feliz.
-Sílvia, ela está
aprendendo a ser feliz, essa que é a verdade. Inclusive, saiu uma resenha ontem
no jornal. Ganhou uma avaliação de cinco estrelas.
-Nossa! Quer dizer
que, se depender da crítica...
-A crítica aprovou,
mas o principal aval veio antes, de cima!- Miguel aponta para o alto.
-Miguel, me diz uma
coisa: o Bernardo deu notícias?
-Deu, sim, Mãe-
Raffael se intromete na conversa- Está em um hotel em Lisboa.
-E ele está bem?
-Caminhando. Sem
previsão de volta. Falei com ele hoje, e ele mandou um beijo pra Yanna, pelo
lançamento do disco...
Alice chega à
livraria e atrai a atenção de Raffael.
-Tudo bem, meu
sobrinho?
-Tio, me dá licença.
-Claro, pode passar.
-Aquela moça é a que
causou o desentendimento entre o Raffael e o Bernardo.
-Não, Sílvia. O
desentendimento entre o meu sobrinho e o meu irmão foi culpa do meu irmão. E
ele já entendeu isso.
-Não imaginava que
você viesse.
-Pensei que a tua
irmã tinha avisado que me mandou o convite. Até relutei em aceitar, mas ela disse
que eu precisava vir até aqui.
-Até adivinho o que
ela disse: as canções vão dar um abraço na sua alma.
-Pois é. Usou essas
palavras, quando foi me chamar no hospital.
-Olha, eu... Eu
queria te pedir desculpas por tudo que eu disse, pela forma como eu te tratei.
-A sua reação foi o
último resquício do que a Alice Dubeux podia fazer de ruim pros outros e pra si
mesma. A revelação dessa verdade, que me consumia, foi o que eu precisava pra
enterrar de vez esse passado.
-Cara, eu não sei se
eu tô sendo ridículo com o que eu vou dizer, mas...
-Espera, Fael. Acho
que já sei o que é. Tentar de novo, não é isso?
-A Alice conseguiu me
enganar enquanto esteve comigo. O olhar da Amanda não. Tanto é que continua
vivo, pulsante, como se nós dois tivéssemos nos conhecido agora. Eu é que não
enxerguei que o teu passado morreu.
-Fael... Pra eu
voltar pra você, eu vou ter que me desfazer da Alice. Mas eu te peço uma coisa.
-Diz.
-Não se desfaz de
nada que te compõe. Igual a você, eu não vou encontrar em canto nenhum.
-Quer dizer que...
-Prazer, Amanda. Por
enquanto, o que você sabe de mim é que eu sinto uma necessidade enorme de ficar
com você o resto da minha vida.
-O prazer é todo meu.
Meu nome é Raffael e a minha profissão é te fazer feliz a cada segundo- dá as
mãos à moça e a leva para perto do palco, onde já estão Sílvia e Miguel.
No palco, estão Yanna
e Cadu. Uma repórter pergunta:
-O que o público pode
esperar do seu primeiro disco, Yanna?
-Unção, esperança,
fé... Tudo que, no processo de produção, era impossível que eu tivesse, mas
tive. E quanto mais aumentavam as dificuldades, mais eu corria o risco de fazer
Deus ser coadjuvante nessa trajetória. Minha preocupação era a de torná-Lo
protagonista absoluto.
-Você pode dar uma
palinha de alguma faixa?
-Claro. Eu e o Cadu,
meu produtor, compusemos uma versão do nosso texto preferido: o capítulo 91 do livro
de Salmos. Tem como você tocar essa canção pra mim, Cadu?- dá a mão direita ao
amigo.
-Sempre- pega o
violão e senta para tocar, enquanto Yanna se apresenta aos convidados da
coletiva.
-Temos o prazer de
chamar o orador da turma de Direito 2016.1 da Universidade Estadual de
Pernambuco: Lucas da Costa Silveira.
Todos os presentes
aplaudem durante a cerimônia que ocorre simultaneamente ao lançamento do disco,
principalmente Osmar, que vê o filho subir ao palco acompanhado de alguém muito
especial.
-Obrigado por me
deixar viver pra ver isso, meu Senhor.
-Boa noite a todos.
Confesso que quando fui escolhido pra essa tarefa, não imaginaria que tanto
tempo se passaria e nem que tanta coisa acontecesse nesse intervalo. Quando
estava preparando o meu discurso, sabia que teria que falar das dificuldades
que aparecem no nosso caminho, dos inimigos que se levantam a todo momento.
Durante um tempo, eu vivi uma experiência horrível, e não tinha condição de ir
à universidade todo dia. Mas hoje eu tô aqui, pronto pra mostrar aos meus professores,
meus colegas de turma e a todos os que estão aqui que, se for pra vencer, não
vença sozinho. E meus companheiros de turma têm consciência disso. Portanto, o
meu discurso não vai ser só meu. O texto que eu... Ou melhor, que Kim e eu
vamos dizer essa noite, já é um tanto conhecido- começa a recitá-lo- Aquele que
habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
-Eu vou dizer do
Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio e a minha fortaleza.
-Pois Ele te livrará
do laço do passarinheiro e da peste perniciosa.
-Vai cobrir você com
as Suas penas, e debaixo das Suas asas, vai ficar seguro.
-Não temerás terror
noturno, nem seta que voa de dia.
-Nem da peste que se
espalha no escuro... – Kim recorda os dias difíceis que passou na Oncomed, e
volta a sorrir quando Lucas o segura firmemente- Nem da mortandade que assola
ao meio-dia.
-Mil cairão ao teu
lado e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido- Bernardo continua a
leitura com o livro sagrado na mão, numa solitária mesa de restaurante.
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