-Certo. Já que você está aqui, eu quero saber,
Peter. Que tipo de relação mantém com a dona Juliane?
-Tudo bem. Eu acho que a dona Juliane está começando a gostar de mim.
-Dona é mulher de zona!- atacou-se Juliane- Você enlouqueceu?
-Calma, não é porque tu gosta de mim que a gente tem alguma coisa.
-E não têm?- falam juntos Santiago e Sérgio.
-Teve alguma vez que eu disse isso, por acaso?
-Não precisa. Um homem sabe.
-Verdade. Mas desde quando você decidiu entrar nessa categoria?
-Desde quando tu entende de homem?
-Não uso meu sex appeal à toa, Peter!
-Chega!- interfere Sérgio- Isso já está começando a ficar constrangedor. Eu vou ser direto.
-Traduzindo: Juliane pegou Peter ou não?- interpreta Santiago.
-Não!- brada a fisioterapeuta.
-Mas poderia, Juliane. Oportunidade não faltou.
-Doutor Sérgio, eu juro pro senhor que não aconteceu nada. Nem dentro, e muito menos fora da clínica.
-Tem como me provar o que está dizendo? Porque há menos de cinco minutos estava me seduzindo com um batom.
-Se o senhor se sente seduzido com um batom Avon falsiê, não é culpa minha.
-Doutor Sérgio, eu posso garantir que não aconteceu nada naquela noite. E nem em noite nenhuma. Mas eu quero saber quem foi que fez essa falsa denúncia.
-Não se identificou, disse que havia conseguido meu número através da nossa recepção.
-Foi a minha ex-namorada. Ela descobriu o número do senhor e ligou pra prejudicar a Juliane.
-E que motivos ela teria pra isso?
-Ela tem ciúmes de nós. Ela descobriu que eu achava a Juliane muito bonita, gata, coisa e tal, e pá... Desde então, ela tenta me infernizar. E consegue.
-Nesse caso, digam então por que vocês quase foram flagrados se beijando, depois desse rapaz ter dito que dona Juliane deu pra ele a melhor noite da sua vida.
Silêncio mortal.
-Foi a Priscila que falou isso pro senhor?
-Não, foi a moça que falou ao telefone.
-Porque a Priscila falou com Leilah antes- confirma Peter.
-Como sabe disso?
-Porque elas conversaram na lanchonete onde eu trabalho- completa Santiago.
-Ótimo emprego, bom pra ter informações que os autores querem expor- ironiza Juliane.
-A senhorita vai negar que não teve coragem de beijar esse menino?
-Vou mesmo- diz Juliane, segura de si- Sabe por quê? Porque não beijei. Não posso ser responsabilizada por ciúmes de uma adolescente desequilibrada.
-Enfim, quer realmente que eu acredite que nada houve na noite em que esse rapaz foi atropelado?
Todo mundo se cala.
-Doutor, esse tipo de pergunta está me constrangendo.
-Mas é necessária.
-Não, não houve nada.
-Mas vai omitir que os dois quase se envolveram fisicamente, mesmo que tenha sido por intermédio de um beijo?
-Não- responde Peter, com demora.
-Infelizmente, dona Juliane, a senhorita será suspensa por tempo indeterminado da nossa clínica. Depois, eu verei o que vou fazer a respeito.
-É uma forma de dizer que estou sendo demitida?
-Talvez. Nunca esperei esse tipo de comportamento aqui dentro. Eu vou lhe dar um prazo de quinze dias, por causa dos pacientes que têm consultas marcadas. Só que depois, eu peço que a senhorita não pise mais aqui. Quanto a você, Peter, eu falarei com sua ortopedista, para que ela o encaminhe a outro especialista em fisioterapia. E aconselho que não entre sem ser anunciado, pois poderia ter acionado os seguranças.
-Sei bem. Já ouvi esse texto.
-Com licença- sai da sala.
Juliane fica atordoada, mas Peter tenta consolá-la.
-Você não precisa ficar assim.
-O que você está fazendo aqui?
-Santiago me contou, e eu tentei chegar cedo pra prevenir você.
-Não, eu quero saber o que você tá fazendo aqui ainda!
-Juliane...
-Sai daqui. Eu não quero ter que olhar pra você nunca mais. Se eu pudesse, eu te matava. Te esganava, sabia?
-Eu não posso ser culpado disso que aconteceu...
-Mas é! Eu me deixei envolver até um certo momento, mas foi o suficiente pra que você ferrasse com a minha vida!
-Calma aí, se eu quisesse isso, eu nem tinha aparecido aqui.
-Era melhor. Me poupava dessa vergonha toda! Confirmando tudo que a idiota da sua ex disse por telefone. E agora? A brisa é que vai me sustentar? Vou trabalhar aonde? Ninguém vai contratar alguém que supostamente dá em cima dos pacientes!
-Não é possível que você vai achar que tudo foi feito pra te prejudicar.
Juliane vai até a porta e a abre.
-Mas deu pra entender assim. Fora daqui os dois.
-Vamos, Peter. Ela tá nervosa, não vai adiantar.
-Bem lembrado. Esse meu nervosismo vai me servir pra fazer uma coisa muito importante!- sai de sua sala. Os meninos vão atrás. Ao chegar à recepção, ela pergunta:
-Carolina, a Priscila já tá atendendo alguém?
-Sim, entrou uma senhora há uns dez minutos... Juliane! Juliane!- os gritos são pra impedir a fisioterapeuta, sem sucesso. E na sala da ortopedista...
-Então, eu vou receitar repouso absoluto durante três dias. E depois de uma semana, a senhora está autorizada a tirar o gesso.
-Com licença, querida! Deixa eu invadir, OK?
-Dra. Juliane, eu estou no meio de uma consulta...- disfarçando a situação inusitada.
-Calma, é que me ocorreu que teve uma coisa que precisava te dar. Não deu pra esperar, Priscila. A senhora desculpe eu entrar dessa forma, mas não vou demorar.
-Pode falar, Juliane. O que é?
Nós sentimos o estalo daqui, minha gente! De muita mulher dizer “Boa!”, como se isso fosse uma novela. O rosto de Priscila ficou marcado com o tabefe!
-Que é isso?- assustou-se a paciente.
-Quando você vir cenas e escutar coisas comprometedoras na minha sala, meu bem, não se guie só pela metade, não- prestes a ir embora,ela volta e adverte- E reza, reza, minha filha, pra todos os santos que você conhece, pra eles não me arranjarem um soco inglês, senão eu estréio ele contigo!- vira pra idosa, sorridente- Mais uma vez, desculpe o transtorno, meu anjo. Bom encaminhamento ao próximo ortopedista. Porque essa tá tão doída que não vai examinar mais ninguém.
E lá vai ela, poderosa, segura de si, desfilando sua sensualidade como se não houvesse afastamento capaz de tirar o sex appeal que faz questão de usar. Já Priscila confere se o tratamento da Odonto System não foi prejudicado.
*****
Sabe qual é o lado ruim de uma mulher estudar à tarde? É que o ex-namorado dela, que estuda em outro turno, aproveita o tempo livre para fazê-la passar vergonha. É o caso de Leilah, que tem seu braço agarrado por Peter na saída da escola.
-Vem cá, qual é o seu problema?
-Me solta!
-Pensou que eu não ia descobrir, não, hein? Sorte a minha que o Santiago arranjou um trabalho!
-Muito suspeito aquele menino trabalhando, mas o que você quer de mim?
-Eu só quero dizer que você conseguiu, Leilah. Sua intenção não era prejudicar Juliane, com sua amiguinha? Conseguiu!
-Não, ainda não!- solta-se- Descansada eu só vou ficar quando souber que aquela fulana tá longe de você de vez.
-Ah, esse é o caso? Pois fique despreocupada. Ela não quer me ver nem pintado de ouro, graças à denúncia que tu fez.
-Ótimo. Uma a menos.
É aí que Peter começa a apelar.
-Conseguiu me separar dela, sim. Só que eu já posso me dar por satisfeito.
-É? E com o quê?
-Com Juliane ter passado aquela noite comigo- a outra fica roxa de raiva- Você pensou que ia me derrubar se esfregando com aquele menino? Eu fiz melhor. Peguei Juliane pra te provocar, e no final, eu gostei. Desencanei de você, minha filha. E pode ter certeza: Juliane não me quer mais, mas eu pego a primeira biscate que eu vir na rua. E quando eu tiver beijando qualquer uma, sabe do que eu vou me lembrar? Da raiva que eu tô vendo tu sentir agora!
-É isso aí, rapaz! Bota pra ferrar nela!- grita um coro masculino de estudantes figurantes!
-Não é pra ser baixo, minha filha? Só tô sendo aluno na escola que você já é professora!
Aplausos tomam conta da calçada do colégio.
-Eu acabo com você. Eu mato você!- parte pra cima de Peter, em vão, já que um monte de gente segura a fera- Eu mato a vadia da Juliane e você também! Eu mato! Me larga! Solta!- e segue gritando.
Enquanto isso, Peter vai pra casa, bem calminho. Meu irmão, você vai ver o que a gente está escrevendo pra você no penúltimo e último capítulos dessa dezena de capítulos. Que começam... Agora!
-Tudo bem. Eu acho que a dona Juliane está começando a gostar de mim.
-Dona é mulher de zona!- atacou-se Juliane- Você enlouqueceu?
-Calma, não é porque tu gosta de mim que a gente tem alguma coisa.
-E não têm?- falam juntos Santiago e Sérgio.
-Teve alguma vez que eu disse isso, por acaso?
-Não precisa. Um homem sabe.
-Verdade. Mas desde quando você decidiu entrar nessa categoria?
-Desde quando tu entende de homem?
-Não uso meu sex appeal à toa, Peter!
-Chega!- interfere Sérgio- Isso já está começando a ficar constrangedor. Eu vou ser direto.
-Traduzindo: Juliane pegou Peter ou não?- interpreta Santiago.
-Não!- brada a fisioterapeuta.
-Mas poderia, Juliane. Oportunidade não faltou.
-Doutor Sérgio, eu juro pro senhor que não aconteceu nada. Nem dentro, e muito menos fora da clínica.
-Tem como me provar o que está dizendo? Porque há menos de cinco minutos estava me seduzindo com um batom.
-Se o senhor se sente seduzido com um batom Avon falsiê, não é culpa minha.
-Doutor Sérgio, eu posso garantir que não aconteceu nada naquela noite. E nem em noite nenhuma. Mas eu quero saber quem foi que fez essa falsa denúncia.
-Não se identificou, disse que havia conseguido meu número através da nossa recepção.
-Foi a minha ex-namorada. Ela descobriu o número do senhor e ligou pra prejudicar a Juliane.
-E que motivos ela teria pra isso?
-Ela tem ciúmes de nós. Ela descobriu que eu achava a Juliane muito bonita, gata, coisa e tal, e pá... Desde então, ela tenta me infernizar. E consegue.
-Nesse caso, digam então por que vocês quase foram flagrados se beijando, depois desse rapaz ter dito que dona Juliane deu pra ele a melhor noite da sua vida.
Silêncio mortal.
-Foi a Priscila que falou isso pro senhor?
-Não, foi a moça que falou ao telefone.
-Porque a Priscila falou com Leilah antes- confirma Peter.
-Como sabe disso?
-Porque elas conversaram na lanchonete onde eu trabalho- completa Santiago.
-Ótimo emprego, bom pra ter informações que os autores querem expor- ironiza Juliane.
-A senhorita vai negar que não teve coragem de beijar esse menino?
-Vou mesmo- diz Juliane, segura de si- Sabe por quê? Porque não beijei. Não posso ser responsabilizada por ciúmes de uma adolescente desequilibrada.
-Enfim, quer realmente que eu acredite que nada houve na noite em que esse rapaz foi atropelado?
Todo mundo se cala.
-Doutor, esse tipo de pergunta está me constrangendo.
-Mas é necessária.
-Não, não houve nada.
-Mas vai omitir que os dois quase se envolveram fisicamente, mesmo que tenha sido por intermédio de um beijo?
-Não- responde Peter, com demora.
-Infelizmente, dona Juliane, a senhorita será suspensa por tempo indeterminado da nossa clínica. Depois, eu verei o que vou fazer a respeito.
-É uma forma de dizer que estou sendo demitida?
-Talvez. Nunca esperei esse tipo de comportamento aqui dentro. Eu vou lhe dar um prazo de quinze dias, por causa dos pacientes que têm consultas marcadas. Só que depois, eu peço que a senhorita não pise mais aqui. Quanto a você, Peter, eu falarei com sua ortopedista, para que ela o encaminhe a outro especialista em fisioterapia. E aconselho que não entre sem ser anunciado, pois poderia ter acionado os seguranças.
-Sei bem. Já ouvi esse texto.
-Com licença- sai da sala.
Juliane fica atordoada, mas Peter tenta consolá-la.
-Você não precisa ficar assim.
-O que você está fazendo aqui?
-Santiago me contou, e eu tentei chegar cedo pra prevenir você.
-Não, eu quero saber o que você tá fazendo aqui ainda!
-Juliane...
-Sai daqui. Eu não quero ter que olhar pra você nunca mais. Se eu pudesse, eu te matava. Te esganava, sabia?
-Eu não posso ser culpado disso que aconteceu...
-Mas é! Eu me deixei envolver até um certo momento, mas foi o suficiente pra que você ferrasse com a minha vida!
-Calma aí, se eu quisesse isso, eu nem tinha aparecido aqui.
-Era melhor. Me poupava dessa vergonha toda! Confirmando tudo que a idiota da sua ex disse por telefone. E agora? A brisa é que vai me sustentar? Vou trabalhar aonde? Ninguém vai contratar alguém que supostamente dá em cima dos pacientes!
-Não é possível que você vai achar que tudo foi feito pra te prejudicar.
Juliane vai até a porta e a abre.
-Mas deu pra entender assim. Fora daqui os dois.
-Vamos, Peter. Ela tá nervosa, não vai adiantar.
-Bem lembrado. Esse meu nervosismo vai me servir pra fazer uma coisa muito importante!- sai de sua sala. Os meninos vão atrás. Ao chegar à recepção, ela pergunta:
-Carolina, a Priscila já tá atendendo alguém?
-Sim, entrou uma senhora há uns dez minutos... Juliane! Juliane!- os gritos são pra impedir a fisioterapeuta, sem sucesso. E na sala da ortopedista...
-Então, eu vou receitar repouso absoluto durante três dias. E depois de uma semana, a senhora está autorizada a tirar o gesso.
-Com licença, querida! Deixa eu invadir, OK?
-Dra. Juliane, eu estou no meio de uma consulta...- disfarçando a situação inusitada.
-Calma, é que me ocorreu que teve uma coisa que precisava te dar. Não deu pra esperar, Priscila. A senhora desculpe eu entrar dessa forma, mas não vou demorar.
-Pode falar, Juliane. O que é?
Nós sentimos o estalo daqui, minha gente! De muita mulher dizer “Boa!”, como se isso fosse uma novela. O rosto de Priscila ficou marcado com o tabefe!
-Que é isso?- assustou-se a paciente.
-Quando você vir cenas e escutar coisas comprometedoras na minha sala, meu bem, não se guie só pela metade, não- prestes a ir embora,ela volta e adverte- E reza, reza, minha filha, pra todos os santos que você conhece, pra eles não me arranjarem um soco inglês, senão eu estréio ele contigo!- vira pra idosa, sorridente- Mais uma vez, desculpe o transtorno, meu anjo. Bom encaminhamento ao próximo ortopedista. Porque essa tá tão doída que não vai examinar mais ninguém.
E lá vai ela, poderosa, segura de si, desfilando sua sensualidade como se não houvesse afastamento capaz de tirar o sex appeal que faz questão de usar. Já Priscila confere se o tratamento da Odonto System não foi prejudicado.
*****
Sabe qual é o lado ruim de uma mulher estudar à tarde? É que o ex-namorado dela, que estuda em outro turno, aproveita o tempo livre para fazê-la passar vergonha. É o caso de Leilah, que tem seu braço agarrado por Peter na saída da escola.
-Vem cá, qual é o seu problema?
-Me solta!
-Pensou que eu não ia descobrir, não, hein? Sorte a minha que o Santiago arranjou um trabalho!
-Muito suspeito aquele menino trabalhando, mas o que você quer de mim?
-Eu só quero dizer que você conseguiu, Leilah. Sua intenção não era prejudicar Juliane, com sua amiguinha? Conseguiu!
-Não, ainda não!- solta-se- Descansada eu só vou ficar quando souber que aquela fulana tá longe de você de vez.
-Ah, esse é o caso? Pois fique despreocupada. Ela não quer me ver nem pintado de ouro, graças à denúncia que tu fez.
-Ótimo. Uma a menos.
É aí que Peter começa a apelar.
-Conseguiu me separar dela, sim. Só que eu já posso me dar por satisfeito.
-É? E com o quê?
-Com Juliane ter passado aquela noite comigo- a outra fica roxa de raiva- Você pensou que ia me derrubar se esfregando com aquele menino? Eu fiz melhor. Peguei Juliane pra te provocar, e no final, eu gostei. Desencanei de você, minha filha. E pode ter certeza: Juliane não me quer mais, mas eu pego a primeira biscate que eu vir na rua. E quando eu tiver beijando qualquer uma, sabe do que eu vou me lembrar? Da raiva que eu tô vendo tu sentir agora!
-É isso aí, rapaz! Bota pra ferrar nela!- grita um coro masculino de estudantes figurantes!
-Não é pra ser baixo, minha filha? Só tô sendo aluno na escola que você já é professora!
Aplausos tomam conta da calçada do colégio.
-Eu acabo com você. Eu mato você!- parte pra cima de Peter, em vão, já que um monte de gente segura a fera- Eu mato a vadia da Juliane e você também! Eu mato! Me larga! Solta!- e segue gritando.
Enquanto isso, Peter vai pra casa, bem calminho. Meu irmão, você vai ver o que a gente está escrevendo pra você no penúltimo e último capítulos dessa dezena de capítulos. Que começam... Agora!
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