Passados seis meses, Juliane começa a estudar numa
escola técnica de enfermagem e o seu namorado continua naquela situação,
compactado como num arquivo RAR. E usando essa velha piada referente a ônibus,
explicamos um pouco do passado de nosso herói. Mas aí você pensa: “Não sabemos
que a mãe dele é uma milionária e o pai um encostado? E ambos tarados?”. Calma,
colega, vem mais aí. Aos quatorze anos, Peter lançou uma banda de rock.
Sim, colega, uma banda que inicialmente era cover do
Suicide Silence, depois do Slipknot... Por fim, ficou uma mistura mal batida
dos dois num liquidificador Arno quebrado. Composta por um trio de desocupados,
Peter nem sonhava em torcer o pé e enroscar-se com nossa musa empreguete-do-SUS
Juliane.
Ocorreu que ele foi transferido para um novo
veículo: ʺPE-15/ Afogadosʺ. Sim, se você
estava chocado com o grau de realismo de nosso “American Pie” mal-roteirizado,
agora terá que se eximir da culpa de ter lido esse parágrafo até o fim,
visualizando doses extras de escória. Ao chegar à Estrada dos Remédios- e que
remédios você tem para o tédio que está te consumindo, leitor?- algumas pessoas
começam a pagar a passagem, debruçando-se loucas com sacolas para fazer a feira
de domingo. Entre os que não queriam esperar pela xepa, estava Lívio, o
ex-vocalista de um grupo chamado “Homens-incógnita”. Por uma dessas
coincidências que não sabemos explicar, era a mesma banda do Peter. Que massa,
velho...
Só que não!
-Nosso compositor fazendo bico dentro do busão,
sério isso?
-Lívio, cara. Quanto tempo! Tá bom, um ano, mais ou
menos.
-Tem feito o quê, cara?
-Isso que você tá vendo.
-Tu tá de sacanagem. Cobrador?
-E daí?
-Pô, pra quem compôs o sucesso “A Incógnita de um
Colibri Aventureiro”, tu tá muito no fim da vida, Peter.
-Fim, nada. Encontrei a mulher da minha vida.
-Eu também. Encontro uma por noite.
-Falando sério, Lívio.
-Quem é a gata? É a Leilah ainda?
-Que nada, tás por fora. Tu tem que conhecer, porque
falando ninguém acredita.
-Brincadeira, irmão. Depois daquele barraco na
televisão, todo mundo tá sabendo quem é Peter Werneck. E com todo respeito, tua
mulher é linda pra caramba.
-Tá elogiando demais pra não pagar passagem, é?
-Não, eu tenho que falar uma coisa contigo. Tava
atrás de tu porque eu queria te convidar pra voltar pra banda.
-Mas a gente era um trio. Cadê o Itallo?
-Itallo casou, tomou um jeito na vida. Eu não.
-Sim, mas eu já.
-Eu cantava, mas você era o cabeça do grupo, sabe? O
que tinha talento. E depois eu tentei emplacar carreira como cantor, mas minhas
músicas não emplacavam, porque o Latino me blindava com as versões dele.
-É, tá me convencendo melhor.
O celular de Peter começa a tocar.
-Fala, amor. Sei. Vai ter que ir pra Upa hoje e
chegar mais tarde? Tá bom. Vou te esperar. Beijo, te amo.
-Era a Juliane?
-A própria.
-Então?
-Então o quê, cara?
-Vai topar a ideia do dueto?
Peter fica em dúvida sobre o que fazer. Afinal,
seria a saída do “PE-15”. E considerando isso, a proposta parece ser tentadora!
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