07/10/2016

WERNECK CAKE/ CAPÍTULO 7: INFORMAÇÕES NÃO SIGILOSAS

-Você só pode estar enganada. O Peter... Meu Deus, eu desconfiava disso desde o dia da festa, mas agora... Agora eu tenho certeza de que ele não presta!
-Calma, Leilah.
-Pra quê? Pra ele fazer o que quiser com essa fulana? Não vai mesmo!
-Eu confesso que também fiquei chocada quando ouvi essa conversa.
-O que mais você ouviu, Priscila? Fala, não me esconde nada.
-Não, já contei tudo que tinha escutado. Sabe o que mais me impressiona? É que eles usam a clínica pra fazer isso. Sabe? Se eles tivessem ido pra outro lugar, mas não. Essa baixaria rola na sala dela.
-É isso, Priscila. Mais alguém sabe deles dois?
-Não. Só eu que escutei essa história. A Carolina, que é a recepcionista de lá, nem deve desconfiar. Soube que na noite que ele saiu da festa, Peter foi atropelado. Juliane e ela levaram o rapaz pra clínica, mas soube que depois ela foi embora.
-Priscila, eu quero o telefone da clínica.
-Pra quê?
-Eu quero falar com essa tal de Carolina e pedir o número de telefone do dono da clínica.
-O que vai fazer, Leilah?
-Eu vou fazer uma ligação de um número desconhecido e fazer uma denúncia. Quando ele me atender, vou contar que uma das funcionárias dele, a tal de Juliane, está assediando um dos pacientes.
-Desculpa, mas eu não vou poder te ajudar. Isso pode dar problema pra mim. Depois eu me lasco e... Eu preciso desse emprego...
-Não, Pri, fica tranquila. A denúncia é anônima. E pra todos os efeitos, eu descobri o número dele com a menina da recepção.
-Tudo bem. Eu vou dar o número. Confiava muito na Juliane, mas isso já passou dos limites.
Por uma dessas coincidências da vida- como Peter ser perseguido por carros em alta velocidade exatamente em frente à clínica, nós incluímos outra: o garçom, como uma roupa amarela, é Santiago, que arrumou um trampo pra pagar a meia-bolsa da escola. Claro que ele não foi visto, nem vocês sabiam que o cara trabalhava.


*****



      Às onze da noite, Carolina está em seu balcão, calma e serena como sempre, até que o telefone toca.
-Clínica Health-Plus Brazil, boa noite- não pensamos em nome melhor!
-Boa noite. Aqui é da Associação de Clínicas Particulares de Pernambuco. Eu gostaria de falar com o proprietário, o doutor Sérgio Simões- nós também não pesquisamos se isso existe. Se existir, é ficção o que nós contamos aqui, entenderam?
-O doutor não está na clínica. Ele teve que resolver um problema e por isso, saiu mais cedo daqui. A senhorita quer deixar algum recado?
-Não teria como... Como você me arranjar o número do celular dele? É que surgiu a informação de que vai ter um congresso, alguma coisa assim. Tem? Espera, eu vou anotar- Leilah corre para pegar papel e caneta- Ok. Muito obrigada. Meu nome? O meu é Sophia. Eu entro em contato com ele, o mais rápido possível. Obrigada.
Agora, ela grava o número do médico no celular. E depois promete pra si mesma.
-Vamos ver ser a biscate continua com ele depois que for denunciada...
Enquanto isso, na clínica, Juliane sai da sala, com a sua bolsa.
-Ligação agora, Carolina?
-É. Evento. Uma moça pedindo o número do doutor Sérgio. Disse que é congresso, nem ela sabia explicar direito.
-Sei... Bom, até amanhã, Carol.
-Tchau, Juliane.



    *****   



    A porta do metrô está se fechando. Peter tem que fazer aquele irritante percurso para chegar à clínica. Quando você pensa que nada vai acontecer, entra Santiago correndo pra falar com o protagonista.
-Finalmente te vi, disseram que tu tinha saído cedo pra fisio.
-Foi. Que houve? Até onde eu sei, você vai pra casa de ônibus. Por que não fosse lá no colégio hoje?
-Perdi a hora, trabalhando até tarde ontem.
-Tu?
-Tá, ninguém sabia disso, nem os roteiristas.
-Fala, pô!
-Você tem que avisar pra Juliane que a Leilah tá querendo ferrar com ela.
-Bebeu no serviço, meu irmão?
-Sério, Peter! Eu ouvi um papo estranho dela com uma moça, que trabalha na clínica. Parece que descobriram que vocês dois têm um caso, e que passaram a noite da festa juntos.
-Filha da mãe aquela Priscila!
-Só que tem mais! A Juliane vai ser denunciada por dar em cima de você.
-Mas ela não deu!
-Não deu hoje, vai saber naquele dia...
-Santiago! Bota na tua cabeça. Não rolou nada com Juliane.
-Deixa de ser besta, rapaz. Se não rolou nada, a mulher ia ser denunciada pro dono da clínica pra quê?
-Caramba... A gente tem que avisar à Juliane pra ela desmentir tudo com o chefe dela.
-Tô contigo e não abro. Mas será que ela vai acreditar nisso? E outra: se você for pra lá, vai aumentar as suspeitas do homem. Ninguém pode te ver lá.
-Mas como é que a Leilah vai conseguir falar com ele?
-Eu entendi que ela ia ligar pra clínica e perguntar na recepção. Porque qualquer coisa, ninguém ia dar um carão naquela outra.
-Mato a Priscila. Juro que eu mato!
Do nada, o metrô para.
-OK! Quem foi o filho da mãe que inventou o freio de emergência?- grita Peter!



*****



    Depois de uma passagem de tempo- não vamos narrar a quantidade de tempo perdido por conta do abafado do metrô.  Eles chegaram à clínica.
-Oi, Carolina.
-Peter, a Priscila está atendendo outro paciente, você chegou atrasado demais.
-Olha, eu preciso falar com a Juliane, ela tá aí?
-Tá, mas acabou de entrar na sala dela o doutor Sérgio.
-Quem é esse?- pergunta Santiago.
-O dono da clínica.
-Agora, pronto!- desespera-se Peter.
-E você recebeu alguma ligação que pedia o número desse bacana aí?
-Foi. Um congresso.
-Sei. Olha, já que você dá telefones... Dá pra descolar o teu?
-Santiago, não inventa!
-Mas ela é gatinha, Peter!
-Vambora!
-Peraí, vocês não podem entrar.
-Er... Er... – ficou sem argumentos- Mas a gente pode escutar atrás da porta!- vai pra sala de Juliane.
-Peter, se você não se acalmar, eu vou acionar a segurança!
-Putz, outra?- lembra de sutil toque dado pela fisioterapeuta- A Juliane pode ter sido denunciada.
-Como assim?
-Se a denúncia chegar pro chefe dela, ela vai ser demitida. Eu tenho que entrar.
Os rapazes saem de encontro à Juliane e ao doutor Sérgio. Mas param atrás da porta para escutar o bate-papo... “Agradável”.
-O que aconteceu para o senhor vir até a minha sala?- fala Juliane, enquanto passa um batom bem vagabundo, que cai bem (como tudo nessa mulher...)
-É uma conversa que não deu pra ser adiada, dona Juliane.
-É bom?
-O que é bom? Nossa conversa?
-Não...- aproxima-se dele- Falei de como ficou o batom.
-Dona Juliane- levanta-se e dá uns pigarros, tentando disfarçar que gostou da cena (nós também)- eu vou ser direto. Qual a sua relação com o paciente Peter Werneck Salles?
-Ora, doutor. Essa pergunta o senhor acabou de responder. Que tipo de relação eu teria com meu paciente?


-Amorosa!- a mulher gelou- Eu recebi uma denúncia de que a senhorita não só seduziu esse rapaz como também passou uma noite com ele na clínica.

-Doutor Sérgio, eu não acredito nesse interrogatório. Quem foi que disse isso?
-Não importa. O que eu quero é saber o que há entre vocês. Houve uma noite na qual vocês ficaram aqui, até de manhã.
-Sim, prestei socorro por ele ter sido atropelado.
-Em frente à clínica?
-Pergunte pra Carolina.
-Que foi embora em seguida. O que aconteceu, de fato, dona Juliane?
-É melhor você contar o que houve nesse dia, Juliane- invade Peter, junto com Santiago.
-Pelo visto, este é Peter. E então, dona Juliane, o que do seu suposto assédio eu ainda não sei?
-Boa sorte, irmão. O capítulo acabou e você vai precisar- sabiamente deseja Santiago pro colega.

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