20/04/2015

LEVE-ME DAQUI/ CAPÍTULO 18: LOVE ME

-Desgraçada! Você planejou isso tudo só pra me ferrar, pra acabar comigo...
-Não! Eu fiz pra que você não arranjasse mais nenhuma desculpa pra me deixar. Porque eu sei que você não passa de um covarde, que sem mais nem menos ia me abandonar de novo.
-Mas você é muito cínica mesmo! Ainda tem a cara de pau de admitir.
-Eu não sou hipócrita, ao contrário do que você pensa! Que coisa estranha, né, Danilo? A minha melhor amiga consegue ser mais leal a mim que o meu próprio noivo!
-Como foi que você conseguiu o DVD com essas imagens?
-Considerando que você fez aquilo com Lívia na noite da festa, eu imaginei que você não ia ter coragem de levá-la pra casa da Isabela, nem ela ia voltar depois de me ver indo pra casa. Foi aí que eu me lembrei de que o meu carro tava estacionado na mesma rua que o seu. Se você tivesse voltado pra mansão, alguém já teria insinuado alguma coisa e eu teria desconfiado. Mas não. Aproveitou que a rua tava deserta, que já era tarde, e agarrou Lívia, chegando a bater nela. É a sua cara, seu covarde. Mas eu te dei um voto de confiança. Expulsei Lívia daqui, como se fosse um cachorro sarnento. Coitada, deu até pena.
-Pena? Você deixou a Lívia numa cama de hospital, em coma! Que direito você tem de dizer que sente pena? O seu crime é muito pior que o meu. Ela pode morrer por sua culpa!
-Crime? Mas não tem provas. Ninguém tem prova nenhuma, Danilo. Ao contrário do seu delito. Só que no fundo, eu sabia que ela não ia mentir pra mim. Então, eu... Resolvi conferir essa estória. Paguei uma grana preta pro chefe de segurança do edifício, ele até usou a grana pra se mandar da cidade. Dei a data, disse a hora que tudo tinha acontecido... E eu assisti a tudo, calada, vendo você se esfregando com ela dentro do carro, tarde da noite, com a porta aberta. Paguei mais um pouco, e consegui o DVD. A única cópia que tinha. Você não vai poder me denunciar, porque não tem como comprovar que eu dei o abortivo pra Lívia.
-Então, por que tá me contando tudo isso? Vai dizer que não sente medo?
-Sinto agora, porque a Lívia contou pro irmão de Toni que eu sei quem é o pai do filho dela. Você me colocou nessa situação, e agora vai ter que me tirar.
-Eu não fico aqui nem mais um minuto...
-Ótimo. Vai mesmo. Assim você tem mais tempo pra pensar no que vai fazer. Eu não posso chantageá-los porque estarei assumindo minha culpa. Por isso, meu amor, você é que vai achar uma solução pra isso. Não se esqueça de que tudo isso aconteceu por sua culpa.
-Infeliz... Isso não vai ficar assim.
-Contra mim, você não pode fazer nada. Tá na minha mão, Danilo.
-Pior coisa que eu fiz na minha vida: ter ficado com você.
-Pensa no que fazer, viu, meu anjo? Só não se esqueça de que se eu cair, você vai me fazer companhia no fundo do poço- Karen abre a porta- Agora, vá pra casa e pense, desfrutando da boa vida que o Dr. Rafael Duarte Tosak te dá. Aposto que, com esse argumento, você vai ter uma boa ideia rápido.
Danilo, revoltado com a atitude da noiva, sai batendo a porta com violência. Karen, por sua vez, encosta-se à parede e chora bastante.

/////

Toni conversa com Cícero sobre a atitude que tomou ao conversar com Karen em seu prédio.
-Você não podia ter feito isso, Toni. A gente não saber o que se passa na cabeça de Juliano é uma coisa, agora você comprar essa mentira...
-Painho, eu fui só pra Juliano ficar mais calmo. E eu vi que ele não tava mentindo, que aquela mulher tem mesmo alguma coisa a ver com o que houve com Lívia.
-Deixa eu ver se eu entendi: você tá tentando me convencer de que seu irmão tá ouvindo o espírito de uma moça, que nem morta está, e ela pediu pra ele contar pra Heloísa que ela não engravidou por acaso, que foi vítima de um estuprador que ninguém sabe quem é?
-Karen sabe. Juliano me disse e ela negou, mas eu vi que ela sabe. Essa mulher mentiu pra Dona Heloísa, mas a gente não sabe por quê.
-Olha aqui, eu tinha pedido pra você colocar na cabeça do seu irmão que isso não existe. Agora você, um crente, acreditar nesse tipo de coisa?
-Eu também não sei explicar. Mas o fato é que Juliano tem razão. Não sei quando que Lívia falou isso pra ele, ou se Lívia realmente falou, mas é verdade. Ou o senhor acha que ela ia tentar um aborto se não fosse por esse motivo?
-O que a gente sabe da vida dessa moça, Toni? Sempre foi pobre, de condição humilde, dependia do trabalho da mãe, mas não olhava na cara de ninguém, se achava superior. Como eu posso acreditar nessa estória estapafúrdia, ainda mais envolvendo o seu irmão, que ela fazia questão de pisar?
-A única coisa que eu peço ao senhor é pra dar um voto de confiança pra gente.
-Vocês estão proibidos de mexer com essa moça, de tocar nesse assunto novamente.
-Mas, Painho, essa tal de Karen...
-Eu já falei, Toni. Não toquem mais nesse assunto. A partir de agora, esse assunto está encerrado. Morreu! E eu vou dizer pro seu irmão parar com isso agora, tá me ouvindo?- Cícero sai da sala e vai ao quarto dos rapazes conversar com Juliano.

/////

Karen entra no banheiro da academia e decide tomar um banho. Debaixo do chuveiro, ela escuta os passos de alguém, mas não dá importância. Os passos cessam.
Acabado o banho, a estudante de jornalismo se enrola numa toalha e se olha no espelho. Dentro de uma cabine, sai Danilo, ainda receoso por ter que trocar palavras com a noiva.
-Tá fazendo o quê aqui?
-Você pediu pra que eu pensasse no que fazer.
-E então? Conseguiu ter alguma ideia pra gente se livrar do mala?
-Tive, sim.
-O que é que você fazer? Vai mandar alguém dar um susto nele? Mandar alguém subornar o Toni? Ameaçar a família?
-Não, isso seria dar demais na vista. Sem contar que a poeira pode abaixar por um tempo, e depois a gente voltar a lidar com esse tipinho. A solução tem que ser direta, definitiva.
-Danilo, fala logo como é que você vai tirar o Toni do caminho.
-Eu não vou fazer nada, Karen. Você é que vai.
-Como assim?
-Muito simples. Você vai matar o Toni.

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