-Você não vai fazer
isso comigo, Danilo! Eu me sacrifiquei por você, eu abri mão da minha liberdade
por sua causa, cometi crimes por sua culpa...
-Mas você acabou com
a minha vida também, agora há pouco. Eu contei tudo que eu fiz, vou ter que
voltar pra aquela cela... E foi você que me jogou lá!
-Meu amor, eu já
disse que eu vou ter ajudar a escapar! Por favor, Danilo, acredita em mim!
-Chega! Eu não
aguento mais você, sua voz, seu cheiro... Tenho nojo de você! Nunca mais você
vai tentar me destruir! Sua vida acabou, Karen... Acabou!- o rapaz atira, mas a
arma não dispara- O que é isso?- Karen começa a rir.
-E pensar que você
foi ameaçado com isso aí... Tá descarregada, seu imbecil!- corre até a estante,
de onde retira outro revólver- Vai ter que aprender mais um pouco se quiser me
eliminar- aponta para Danilo.
-Abaixa essa arma
agora!
-Senão o quê? Se
não você me matar com balas de festim? Admite, Danilo! O seu fim chegou!
-Não, Karen. O fim
chegou pra você!- Danilo agarra a arma, tentando tirar das mãos de Karen. A
jovem resiste ao não soltar o objeto. Ambos acabam atirando contra o teto do
hotel.
-O senhor ouviu? Foi
um tiro! Ela atirou no meu filho!
-Vamos invadir o
hotel agora, rápido!- Salviano sinaliza para os subordinados.
Patrícia entra em
desespero ao ver a luta que há entre Danilo e Karen, na varanda.
-Você vai pagar,
Karen! Vai ter que pagar!- pressiona a moça contra a grade da varanda.
-Quem vai pagar é
você, Danilo! Com a vida!- ambos se desequilibram e acabam despencando da varanda,
indo ao chão, para desespero de Patrícia e dos curiosos que se aglomeravam.
Karen fica abaixo
do corpo de Danilo. Salviano ouve a gritaria e vai ver o que está acontecendo.
-Danilo! Fala
comigo, meu filho! Acorda, Danilo!- clama, aos prantos.
Salviano mede a pulsação
de ambos.
-A moça foi a
óbito.
-E o meu filho,
Delegado? O Danilo está vivo?
/////
Lívia é alimentada
por Fabiano, mastigando vagarosamente. Nesse momento, Heloísa entra no quarto.
-Pode me deixar sozinha
com minha filha?
-Claro. Com
licença- Fabiano percebe o tom ríspido da empregada.
-Acho que chegou a hora
da gente ter uma conversa definitiva, Lívia.
-O que a senhora
quer falar?
-Eu já sei de tudo
o que aconteceu. Tudo o que você contou pro Dr. Rafael... E pro Juliano. Por
que você quis tirar esse filho?
-Porque eu sabia
que se eu aparecesse grávida, esperando um filho de um cara que nunca fosse
assumir o bebê... Você ia me tirar de casa, dizendo que não tinha condição de
sustentar mais uma boca, que... Eu sei o quanto a senhora sofreu pra me criar,
pra que eu tivesse tudo o que a senhora não teve... Como é que eu ia aparecer
com uma criança pra cuidar? Outra boca pra dar de comer?
-E pensar que eu
cheguei a dizer que se o bebê vivesse e você não, eu ia mandar ele pra adoção.
Porque eu só queria você do meu lado, com todos os defeitos e com essa alegria
de viver. E esse filho... Ia me lembrar que foi por causa dele que eu quase
perdi a pessoa que eu mais amo no mundo.
-Se a senhora
soubesse o quanto eu tô arrependida de tudo que eu fiz... De ter escondido a
verdade, de ter escutado a Karen, de ter ficado tanto tempo sem olhar pra cara
do Juliano... Eu devo muito a ele e ao irmão dele...
-Tem uma coisa que
eu te devo também, filha.
-Mãe, por favor...
-Por favor, me
deixa pedir desculpa. Desculpa por tudo que eu pensei, pelo que eu disse, pelo
que eu pensei em fazer... Por te escutado aquela menina. Minha filha, me
perdoe... Por favor.
Lívia, emocionada,
segura uma das mãos de Heloísa.
-Só se você me
prometer que me perdoa e que vai amar muito esse bebê.
As duas trocam um
abraço, felizes com a reconciliação.
/////
Patrícia espera
nervosa por notícias sobre o estado de saúde de Danilo. Rafael chega da rua e a
encontra no corredor.
-O que está fazendo
aqui?
-Rafael, eu preciso
contar uma coisa.
-O quê? Vai me
dizer que Danilo aprontou mais uma?
-Ele está aqui!
-Aqui como?
-Karen o
sequestrou, o levou pra um hotel, fez ele confessar toda a verdade, mas...
-Mas o quê? Fala, Patrícia!
-Eles discutiram,
tentaram se desarmar e... Caíram do terraço do hotel...
-Patrícia, não me
diz que... O meu filho morreu?
-Não, não, ele não
morreu! Quem morreu foi a Karen. Mas a ambulância o trouxe pra cá.
-E como é que ele
está?
-Eu não sei, quem o
atendeu foi o Dr. Ávila. Não sei de mais nada... Mas ele estava mal, Rafael...
Pode ser que aconteça o pior...
Dr. Ávila, o
responsável pela internação do rapaz, chega para falar com os pais.
-Rafael, Dona
Patrícia...
-Como é que está o
meu filho, Doutor?
-Tivemos que fazer uma
cirurgia de emergência. O impacto causado pela queda gerou um edema que
comprimiu a coluna vertebral. Por isso que tive que operá-lo às pressas, Dona
Patrícia. Seu filho já está na sala de recuperação.
-Ávila, o Danilo
vai sobreviver?
-Bom, ainda é cedo
pra dizer. Mas o estado dele é grave, sim. Não somente por conta do problema da
coluna, mas também porque ele perdeu muito sangue. Como o tipo dele é um tanto
raro, não conseguimos estoque suficiente no hospital.
-Quanto a isso, eu
posso doar.
-Ótimo, Rafael. Eu
vou lhe preparar para fazer a transfusão. Mas vocês terão que ser fortes. Terão
que prepará-lo pra contar sobre essa lesão na coluna.
-Doutor, o meu
filho corre o risco de ficar paraplégico? É isso que quer nos dizer?
-Infelizmente, sim,
Dona Patrícia. Danilo pode ficar sem andar.
////
Toni sai do quarto
e vai até a sala, onde esperam por ele seus pais e o irmão.
-Fala, Toni. Eu
estou ansiosa.
-O que você quer
tanto contar, filho?
-É o seguinte: o
Pastor Homero recebeu um convite. Pra evangelizar no Japão.
-E ele vai?- Cícero
fica curioso.
-Vai, sim. Ele acha
que vai ser uma boa oportunidade, porque o número de cristãos lá é bem pequeno,
sabe?
-Quando que ele
vai?
-Na semana que vem.
Só que... Ele me chamou pra tocar nos cultos de lá.
-Tocar no Japão?
-É... E eu confesso
que o convite me balançou muito. Tô pensando em ir, mas eu queria ouvir antes o
que vocês acham.
-Depende... Quanto
tempo vão ficar lá?
-Um semestre
inteiro.
-Seis meses, Toni? Seis
meses longe da sua família, de todo mundo que te ama?
-Mainha, eu sei que
é difícil. Mas pensa em quantas pessoas eu vou ajudar, pra quanta gente eu vou
tocar as minhas músicas, meus remixes... Pensa nisso.
-O que você acha,
Cícero?
-Eu sei que eu vou
morrer de saudade, que vou pedir a Juliano todo dia pra entrar no computador e
te ver, mas... Eu sei do coração enorme que você tem, do tanto que quer ajudar
os outros, como fez com a Lívia. Se está esperando que eu te abençoe, não é
nenhum pai ou mãe que vai fazer isso. É Deus. E desde sempre, eu peço a Ele que
te abençoe.
Juliano dá um longo
abraço em seu irmão, que fica sensibilizado. Ele fica com os olhos fechados e
diz duas vezes.
-Vai ser feliz,
Toni.
Iolanda também
abraça o filho, sinalizando que permitirá a sua viagem com Homero.
SEIS MESES DEPOIS...
Com um uniforme
vermelho, Danilo está no pátio da penitenciária, vendo alguns dos detentos
jogaram futebol, enquanto os outros conversam e fumam. Um carcereiro o chama:
-Visita pra você,
playboy.
-Quem é?
-Não sei, nunca
veio aqui.
-Não quero ver a
cara de ninguém.
-Aqui não é hotel
cinco estrelas, não, cara- o carcereiro conduz a cadeira de rodas e leva Danilo
a uma sala, com iluminação precária. Danilo não enxerga, inicialmente, quem
veio visitá-lo. Mas fica completamente surpreso com a pessoa, que está do outro
lado do vidro. Pega o telefone.
-O que é que você
quer de mim?
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