-Lívia, tem certeza
do que está me dizendo?
-Era ele, Doutor...
Tô com medo... Medo de ele voltar...
-Por que ele ia
querer tirar sua vida? O que é que ele esconde, Lívia?
-O meu filho...
Ele... Vem de um abuso, Doutor... O Danilo... Quis acabar comigo... Pra eu não
dizer a ninguém... Que ele é o culpado.
-Lívia... O Danilo
que você está acusando... É o namorado da Karen?
-Como é que... Que
o senhor sabe?- a pergunta faz Rafael levar a mão direita aos lábios,
completamente perplexo. Fabiano entra no quarto.
-Já falei com o
delegado, Doutor. Em meia hora, vem um policial pra fazer a segurança... O
senhor tá bem?
-Fabiano, traz um
copo d’água pra mim, que eu estou passando mal.
-O que o senhor
tem, Doutor?
-Asco. Ânsia de
vômito. Por favor, vai pegar uma água pra mim.
-Só um minuto- Fabiano
sai correndo do quarto.
-O senhor...
Conhece Danilo? Já viu ele no hospital?
-Mais vezes do que
você imagina, Lívia.
/////
Alguns minutos
depois, Heloísa já está ciente de tudo o que Lívia contou pra Juliano durante a
experiência de quase-morte.
-Quanto mais eu
penso, menos eu consigo me perdoar. Por tudo que eu pensei da minha filha, por
tudo que eu disse...
-A senhora vai me
desculpar, Dona Heloísa, mas não dá pra acreditar nessa papagaiada de Lívia
contando segredos do passado enquanto estava em coma.
-Delegado, eu
conheço Toni e o irmão, desde criança; eu sei que ele não ia mentir.
-Agora vai querer
me convencer de que um evangélico acredita que o espírito de sua filha, que nem
morreu, anda se comunicando por aí?
-Estranho pode até ser.
Mas não é impossível- Toni e Ricardo vêm do fim do corredor.
-Terminou de fazer
o retrato? Deixa eu dar uma olhada- ao ouvir Salviano, Ricardo mostra o
desenho, que espanta a mãe da jovem.
-Esse rapaz... eu sei
quem ele é.
-Sabe?- Toni se
surpreende com a declaração.
-Ele é namorado de
Karen. O nome dele é Danilo.
-Tem certeza, Dona Heloísa.
-Tenho, eu vi ele aqui
no hospital. Ele estava junto com ela.
-Mas por que ele
queria matar Lívia? Karen mandou ele fazer isso?
-Não, Toni- Rafael
sai do quarto- Danilo queria matar a Lívia porque ele abusou sexualmente dela.
-Como é que o
senhor sabe disso?
-Lívia acabou de me
contar.
-Minha filha,
Doutor. Como é que está minha filha?
-Agora ela está
bem. Estava muito agitada depois que ele veio aqui.
-Já que não podemos
tomar o depoimento de Lívia, o senhor vai ter que nos acompanhar até a
delegacia, Doutor- Rafael chora.
-O que aconteceu?-
questiona Ricardo.
-Esse rapaz... É
meu filho, Delegado.
/////
Patrícia está com
um longo vestido azul-marinho, impaciente pela chegada de Karen à mansão. Rafael
chega atordoado.
-Cadê o Danilo?
-Rafael, o que
aconteceu?
-Cadê o Danilo,
Patrícia?
-Lá em cima,
esperando a Karen pro jantar de noivado. Você não vai se arrumar?
-Não vai ter jantar
nenhum!- sobe às escadas.
-Rafael, o que está
havendo? Volta aqui, Rafael!
/////
No seu quarto,
Danilo telefona pra Karen.
-O que houve que
você não me telefonou o dia todo?
-O sinal tá
péssimo... E tive que ajudar minha mãe, a organizar o jantar.
-Se livrou da
Lívia?
-Não, e a culpa é
sua! Sua por ter deixado aquele imbecil vivo!
-O Toni te viu?
-Viu... Quer dizer,
nem sei se era ele... Mas só sei que ele me viu lá dentro e partiu pra cima de
mim.
-Quer dizer que
aquela desgraçada ainda tá viva?
Rafael entra no
quarto, assustando Danilo.
-Pai?- Danilo não
desliga o telefone.
-Como é que você
teve coragem, Danilo? Coragem de fazer aquilo com a Lívia?
-Do que o senhor tá
falando?
-Para de mentir,
seu canalha! Deixa de ser dissimulado, que eu já sei de toda a verdade. Eu sei
que você quis eliminar aquela moça, pra ela não contar que você abusou dela!
-Pai... Mentiram
pro senhor. Como é que o senhor acha que eu sou capaz de...
-Fique quieto! Não
é pra mim que você tem que dar explicação alguma- Salviano entra no quarto, a
contragosto de Patrícia, que tenta impedi-lo.
-O que é isso? Você
tá jogando seu filho na cadeia, é isso? Você vai me deixar ir pra cadeia, Pai?
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