-Eu
não atendi porque pensei que meus pais tavam aqui. Entra.
-Tá
tudo bem com você, amor?
-Lógico.
Por quê que não ia estar? Pode entrar, amor.
Gabriela
entra desconfiada, e Fábio fecha a porta da frente, já com segundas intenções,
mal conseguindo esconder seu sorriso.
-Drogas?
O Fábio envolvido com drogas?
-Também
fiquei assim como você, Ariane. Sem conseguir acreditar.
-Caio,
isso não pode ser verdade. O Fábio não é do tipo de rapaz que seria capaz de
usar essas coisas.
-Eu
também achei, mas todos nós estávamos enganados. A realidade é que o Fábio
começou a ficar dependente de um vício. E não sabemos o que fazer.
-Por
isso que viemos aqui. Achamos que a Gabriela tinha o direito de saber o que
estava acontecendo, por ser a namorada dele. E também se ela sabe alguma forma
de ajudá-lo- esclarece Alice, sobre a visita noturna.
-Bem
que eu desconfiava que tinha uma coisa muito errada nessa amizade do Fábio com
o Vinícius, que começou assim, de repente- revolta-se Eduardo.
-O
que você sabe sobre esse rapaz, meu filho?
-Vinícius
trabalha como modelo, ficou conhecido por estampar um monte de propaganda
quando era mais novo. Dentro da agência, ele conheceu a Victória, que é outra
moça que estuda na sala da gente e começaram a namorar.
-E
essa tal de Victória, também é envolvida com drogas?
-Não,
Dona Alice. Ela reparou que o cara tava mesmo na pior, fumando mais, faltando à
aula, os próprios trabalhos que a agência marcava... Fiquei sabendo que os dois
terminaram. Vai ver ela não aguentou segurar essa barra. Eu só fico pensando no
pai dele, deve cortar um dobrado por causa do filho- a declaração de Eduardo
constrange Alice e Caio.
-Será
que a Gabriela sabia de alguma coisa, Eduardo?
-Duvido
muito, Mãe. O Fábio andava estranho, mas era por causa da separação dos pais.
Nunca a gente ia achar que ele ia se juntar com o Vinícius pra se drogar.
-Pois
é. Ele jogou na nossa cara que a culpa de tudo era nossa- Alice relembra.
-E
depois dessa briga que vocês tiveram com ele? O que foi que rolou?
-Mais
nada, Eduardo. Nós deixamos o Fábio sozinho em casa.
-Sabe
qual o medo que eu tenho? Que ele ligue pro Vinícius e dê mais dinheiro pra
comprar ao traficante!
-Não,
Caio. Você foi muito incisivo quando disse que poderia interná-lo, e que iria
cancelar a conta do banco.
-Ainda
assim, eu fico com medo do que está acontecendo. E do que pode acontecer
também.
-Por
enquanto, podem ficar tranquilos. Se a Gabriela encontrou o Fábio em casa, está
tudo bem. Ela não vai deixar o Fábio fazer nenhuma besteira, e ele pode até se
abrir com ela, admitir pelo que está passando.
-Mesmo
assim, eu quero ver o Fábio, Mãe.
-O
que é que você vai fazer lá, Eduardo?
-Ele
tem que saber que eu tô do lado dele. Poxa, Mãe, ele é meu melhor amigo, não dá
pra ignorar um problema desses! Eu quero ir agora.
-Talvez
o momento não seja indicado, Eduardo- aconselha Alice- Ele está com a sua irmã.
-Não,
Alice, deixa o Eduardo vir conosco. Melhor que o Fábio saiba que pode contar
com o apoio de todos nós.
-Então,
eu te levo e te espero na porta, filho.
-Você
não vai falar com o meu filho?
-Caio,
não acho que neste momento ele queira me ver. Aliás, eu sou a pessoa menos
indicada pra falar com o Fábio. Na cabeça dele, eu sou a culpada por tudo de
ruim que tem acontecido.
-O
problema não é com você, Ariane- surpreende Alice- É comigo e com o Caio, pelo
menos na cabeça dele. Mas o Fábio tem que entender que não tomamos nenhuma
decisão pra prejudicá-lo. Se você quiser falar com nosso filho, pode ir.
Afinal, você é mãe da namorada dele, não é?
-Tudo
bem, Alice. Acho melhor nós darmos uma trégua nas nossas diferenças, pelo bem
dos nossos filhos. Especialmente do Fábio.
-Então,
vambora?- pergunta Eduardo, sendo seguido pelos presentes. O adolescente vai
com Ariane até a mansão, enquanto Caio e Alice seguem em outro veículo.
Fábio
e Gabriela estão, mais uma vez, no quarto do adolescente, que está sentado
sobre a cama.
-Senta
aqui- e Gabriela opta por escutá-lo.
-Amor,
tá tudo bem mesmo?
-Tá
desconfiada por quê?
-Pelos
teus olhos. Eu sei quando tem alguma coisa de errado contigo.
-Você
me conhece mesmo, né?
-Fala,
amor. O que foi que houve?
-Teve
uma treta com meus pais hoje mais cedo.
-Sei...
Por causa da separação?
-É...
– mente- É, foi por causa disso mesmo.
-Procura
pensar mais nisso, não. Não te faz bem. O melhor agora é aproveitar esse tempo
que a gente tem juntinho.
-Sério?
-Eu
falei pra minha mãe que vinha te ver. Daí, eu pensei que eu podia passar na
locadora e alugar um DVD pra gente. Ou então, a gente podia passar lá amanhã,
que é sábado e aluga uns dois ou três, pra devolver só lá pra segunda. Que tal?
-Vira
minha mulher?
-O
que você falou?
-O
que é que você tá fazendo aqui, desgraçado?- Bete pergunta, diante da visão que
tem de Diego.
-Tá
pensando o quê, meu amor? Que eu ia mesmo embora sem você?
-Não
chega perto de mim! Você não existe mais, Diego! Tá morto!- corre para a porta
do sobrado.
-Eu
sei. Sei bem. Foi você quem me matou. Mas sabe o que é, Bete? Eu preferi não ir
de vez, entende?- a alucinação parece aproximar-se.
-O
que você quer de mim, infeliz? Me deixar louca?
-Piorar
o seu estado, porque louca você já é.
-Desaparece!
Some daqui, Diego! Vai embora daqui, senão eu vou gritar... –sente o seu
pescoço ser apertado pelo namorado.
-Vai
fazer o quê, Bete? Me matar de novo? Me jogar de novo naquela ribanceira,
dentro daquele carro? Fala!
Vinícius
chega ao sobrado para comprar mais drogas à Bete. Subindo às escadas, ouve o
escândalo causado pela traficante, cada vez mais fora de si.
-Eu
não queria, Diego... Eu não queria te matar te jogando daquela escada...
–admite, às lágrimas, chocando Vinícius- Eu não queria te colocar dentro
daquele carro, mas eu não podia correr o risco de me descobrirem. Por isso eu
te joguei naquele carro. Você não era ninguém, era só mais um drogado sem eira
nem beira!
-Aposto
que você pensou que quando eu morresse ninguém ia sentir a minha falta, não é?
-Você
não podia me entregar, e disse na minha cara que ia contar tudo pra polícia,
denunciar o Nonato. Você quis me ferrar, Diego. Mereceu que eu te matasse!
-Pena
que você não tem noção do estrago que eu vou fazer na tua vida.
-Você
não pode fazer pior do que antes, quando tentou acabar comigo.
-Posso,
sim. E escreve o que eu tô dizendo- Diego larga o pescoço da bandida- Eu não
vou descansar até te ver pior do que eu terminei. Só uma questão de tempo,
Bete, mas o teu fim vai ser pior do que o meu. Assassina!
-Sai
daqui! Some daqui- Bete segura o braço de Diego, que caminha rindo pelo
sobrado- Desaparece de uma vez!- abre a porta- Some!- grita, até deparar-se com
Vinícius, parado e sem acreditar no que ouviu- Vinny?
-Me
diz que você não fez isso, Bete.
-Deixa
eu te explicar... O que foi que você ouviu?
-Tudo.
Já sei que não teve acidente nenhum. O Diego morreu por sua culpa!
-Te
pedi pra ser minha mulher. Hoje.
-Por
que, de um tempo pra cá, você tem insistido tanto? Já te disse que eu não tô
preparada.
-Eu
não tô te pedindo nada demais. A gente é namorado, eu tô me sentindo sozinho, a
casa tá liberada. Qual é o problema?
-Fábio,
eu não quero. Não assim e não agora.
Fábio
levanta-se da cama e, agressivo, começa a falar as “verdades” que sabe.
-Não
quer comigo... Só comigo.
-O
problema não é com você, Fábio. Custa esperar que eu me sinta pronta?
-Será
que você fez essa mesma pergunta pro outro?
-Que
outro?
-Não
me faz de idiota. Você sabe bem do que eu tô falando.
-Não,
não sei. Me explica que eu não tô entendendo.
-Tá
entendendo muito bem!- Fábio altera o tom de voz.
-Dá
pra você falar baixo comigo?
-Por
quê? Foi falando baixo que ele conseguiu transar com você?
-Ele
quem, Fábio?
-O
cara com quem você me traiu!
-De
onde você tirou essa estupidez que eu traí você? Que absurdo é esse?
-Do
laudo que o médico deu! Ele me contou que, por causa do acidente, você perdeu o
bebê que esperava.
-O
que você tá dizendo não faz sentido, Fábio! Por que o médico ia inventar uma
mentira dessas de mim?
-Porque
não é mentira porcaria nenhuma! Deixa de ser hipócrita!
-Fábio,
eu não sei o que tá acontecendo, nem porque você se voltou contra mim, mas me
escuta- segura o rosto do namorado- Eu nunca traí você, eu nunca tive nada com
outro cara!
-Quer
que eu acredite? Então dorme comigo.
-Fábio,
não é possível que você acredite numa mentira dessas...
-Eu
esqueço, finjo que nada aconteceu. Mas eu preciso de você, Gabriela. Fica
comigo, por favor- Fábio beija a namorada à força, que tenta se desvencilhar do
rapaz.
-Me
larga, Fábio! Me solta!
-Deixa
eu tocar em você, sentir teu corpo! Deixa eu tentar te fazer feliz, Gabriela;
deixa!
-Fábio,
você não tá me ouvindo? Eu disse pra você me largar! Para!- Gabriela é
surpreendida quando Fábio rasga a blusa cinza que ela está usando e a joga na
cama.
-O
que é, hein? Frescura com outro cara você não tinha, vai ter comigo por quê? Tá
achando que eu sou menos homem que ele?- Fábio passa a morder o pescoço de
Gabriela enquanto acaricia um dos seios da moça.
-Para,
Fábio! Para! Me solta! Socorro!
-Cala
a boca! Para de se fazer de difícil, que eu sei que você gosta!
Gabriela
chuta as partes íntimas do namorado e tenta correr ao sair da cama, mas ele a
alcança. Desesperada, ela segura o abajur do quarto e o golpeia na cabeça.
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